Balada para D.Quixote

Um olhar de viajante na última carruagem do último combóio de uma Memória intemporal.

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Localização: Covilhã, Portugal

A generalidade daquilo que você (e eu) julgamos saber, pode estar errado, porque, em regra, assenta em «informação» com falta de rigor e imparcialidade, vinda de quem interessa formatar a nossa mente. Pense você mesmo! Eu faço-o!

31.10.06

A mentira da psicanálise (3)

... continuado
A última edição do Tratado de Psiquiatria de Kaplan, reserva á psicanálise somente um pequeno capitulo, e ao mesmo tempo é bem claro naquilo que diz respeito á sua aplicação terapêutica: cara, dispensável, comparada ao efeito placebo, alcance terapêutico cada vez mais restrito, com muitas contra-indicações, infinitamente inferior à terapia cognitiva, comportamental e outras terapias psicológicas...

Apesar das expectativas a psicanálise, não passou de uma tentativa frustada. Logo evoluiu para uma lucrativa superstição, realimentada pelo crescente interesse pecuniário. Metamorfoseou-se numa forma cara e sofisticada de curandeirismo, propondo-se resolver todos os problemas da mente com "palavreado", exigindo que os pacientes exibam suas intimidades, num desnudamento verborrágico inútil da alma. Ela não é hoje senão mais um dos meios que a cupidez humana encontrou para explorar a miséria e o sofrimento alheio.
Sinopse. Texto dr. Silvio Pena

Uma das vítimas da Psicanálise, engenheiro de formação, relata que por sua filha sofrer de autismo, precisou estudar psicanálise de uma forma extremamente crítica para compreender a desestruturacão que esta causou no íntimo de seu lar. O psicanalista que a atendeu convenceu sua esposa de que sua filha "se encapsulara" porque fora rejeitada pelo pai, que queria um filho homem e isto quase separou o casal, causando um enorme constrangimento, ao invés de uni-los em busca de uma solução ou conforto. Refere, que foi aconselhado a estimular a sua filha a brincar com fezes, sob a justificativa de que isto a faz distinguir o ‘eu’ do ‘não eu’, primordial para o amadurecimento dela.

Muito do sucesso da psicanálise se deve a três fatores ponderáveis:
* Alimenta a idéia cristã e coerente com os nossos princípios democráticos de que nascemos todos iguais e nos tornamos diferentes, bons ou maus, por culpa do meio;
* Satisfaz o desejo irreprimível do ser humano, de fugir de suas responsabilidades e transferir as suas culpas para outros, ainda que sejam os seus pais;
* Atende a volúpia, que a maior parte das pessoas tem de falar de si mesma e desabafar seus problemas, como fazem os cristãos no confessionário.Os colégios de padres e a missa aos domingos ainda existem. Mas ao longo das últimas décadas, pessoas supostamente esclarecidas passaram a trocar o confessionário pelo divã do psicanalista. A psicanálise entusiasmou, inicialmente porque prometia uma solução mágica. Criando inacreditáveis oportunidades de intervenção e prevenção, libertava os psiquiatras do fatalismo da crença de que a hereditariedade e a biologia determinam o destino e, portanto, na maioria dos casos, de que há pouco a fazer e menos ainda a se esperar.
Sinopse. Texto dr. Silvio Pena

A mentira da psicanálise (2)



…continuado
É natural portanto, que reajam quando se lhes mostra que tal teoria é desprovida de qualquer fundamento cientifico, afirmando que tais investidas, na verdade são resistências à verdade, ao auto-conhecimento e recalques da mente de seus críticos, pior ainda: As cinzas de Auschwitz ainda bloqueiam a nossa visão intelectual e qualquer um que proclame que o mais importante factor, na determinação da personalidade e do comportamento está nos genes, corre o risco de ser rotulado de neonazista.


Mas afinal de contas o que é psicanálise? Para responder essa pergunta não precisamos filosofar, nem rebuscar um discurso de conteúdo difícil, basta que busquemos o testemunho dos pacientes que foram tratados anteriormente pelo método psicanalítico.


Alguns pontos importante: - O Conselho Federal de Medicina (Brasil) não reconhece a psicanálise como especialidade médica e é terminantemente contra o anúncio do tipo Médico-psicanalista, constituindo-se séria infração ao código de ética médica, quem assim o faça. A psicanálise não é reconhecida como profissão. Não existe no Brasil e em outras partes do mundo nenhum órgão fiscalizador do exercício e do oficio do psicanalista. Assim sendo, qualquer indivíduo pode-se auto intitular psicanalista, pois segundo estes, o analista não pratica Medicina, mas a Psicanálise, e que o “corpo erógeno” ou corpo desejante, especifico do saber psicanalítico, é distinto dos corpos entendidos pela Medicina e Psicologia.


Esse princípio foi defendido pelo Dr. Freud em 1927 em "A questão da análise leiga. " O American Board of Psychiatry and Neurology" orgão oficial da profissão médica nos EUA, que concede certificados de especialistas em todos os campos relativos às doenças mentais certifica que:"Não há certificados no campo da psicanálise. A psicanálise, como especialidade, não é reconhecida por este Board, nem por qualquer outro pertencente ao Advisory Board for Medical Specialties."


Atualmente proliferam-se as escolas de formação em psicanálise, muitas delas, já não exigem curso superior como pré-requisito.Tudo pela socialização da prática psicanalítica! (O que diria o Dr., Freud sobre este facto?) Há pouco tempo somente médicos e psicólogos podiam candidatar-se á formação psicanalítica, mas hoje os tempos mudaram; engenheiros, advogados, filosofos clínicos, assistentes sociais, sociólogos e etc.., ávidos por psicanalisar, aventuram-se pelos caminhos da psicanálise. continua...
Sinopse. Texto: Dr. Sílvio Pena

  • «A moral oscila entre o “medo da polícia” e o gosto de heroísmo» (Bergson 1859-1941)
  • «A verdadeira felicidade não depende de coisas exteriores como o luxo material, o poder político ou mesmo uma boa saúde, mas sim de não estar dependente dessas coisas casuais e efémeras. Por isso a felicidade pode ser alcançada por todos e, uma vez alcançada, não se volta a perder.» (filosofia cínica – Diógenes e outros)
  • «Porque é que havemos de ter medo da morte? Enquanto existimos a morte não está aqui, e logo que ela vem, nós não existimos» (da filosofia epicurista)
  • «As bases do conhecimento humano mudam de geração para geração. Não há verdades eternas, mas uma razão intemporal. A história da razão (ou do pensamento), tal como o curso de um rio, contém todas as ideias que gerações de pessoas pensaram antes de nós e que, por sua vez, determinaram o nosso pensamento e, do mesmo modo, as condições de vida da nossa própria época. (Hegel)

30.10.06

"Democratas" de braçadeira vermelha


A polémica a propósito de uma investigação de Adelino Gomes sobre a destruição de livros de autores considerados reaccionários é sintomática de um dos mais profundos paradoxos do nosso regime. Refiro-me à equivalência entre antisfascimo e democracia.

Ao contrário do que é habitual dizer-se, o facto de se ter combatido Salazar e Marcelo Caetano não transforma ninguém num democrata. Contudo, em Portugal, não só se fez esta equivalência como ainda se identificou anti-salazarismo com antifascismo. O resultado foi, no mínimo, peculiar.

Assim, não só os partidos totalitários que combateram Salazar passaram a ser considerados democráticos como, graças a tal identificação, se acabou até a apresentar como antifascistas aqueles que, nos anos 30 do século XX, orgulhosamente se reivindicavam fascistas e que, por isso mesmo, se recusaram, em 1934, a integrar na União Nacional o Movimento Nacional-Sindicalista.

Pode ter-se sido perseguido, maltratado, torturado pelo Estado Novo... e contudo defender-se um regime tão ou mais ditatorial do que o vigente nesse mesmo Estado Novo. Aliás aquilo que vulgarmente designamos por PREC é o desfazer das cumplicidades antifascistas. Se se quiser recorrer a imagens, digamos que entre PS e PCP - os dois partidos que mais integram o património do antifascismo - a ruptura acontece quando a evidência da ocupação do República se torna para o PS um perigo mais efectivo que a memória dos interrogatórios na António Maria Cardoso.

Outra das perversões da identificação entre antisalazarismo, antifascismo e democracia é a que leva a que se considere fascista ou cúmplice com o fascismo quem põe em causa as atitudes e as decisões tomadas por aqueles que se reivindicam antifascistas. Esta espécie de superioridade moral do antifascista está eloquentemente expressa na imprensa da época que tanto o Diário de Notícias como o PÚBLICO têm transcrito todo este ano.
Sinopse. Texto de Helena Matos (O Público)

Reflexões...

  • "O que nos faz conservar os amigos é a condescendência e não a verdade"
  • "Os negócios podem trazer dinheiro, mas a amizade raramente o faz"
  • "A amizade é um contrato pelo qual nos obrigamos a fazer pequenos favores aos demais, para que os demais nos façam grandes favores"
  • "Quere-me quando menos o mereça, pois será quando mais o necessito"
  • "Uma amizade criada nos negócios é melhor do que negócios criados na amizade"

29.10.06

Quando a Esquerda se Engana (2)



Uma escola neutra ou empenhada?
…continuado
É verdade que alguns destes princípios foram adoptados (e adaptados) pelas esquerdas. Os republicanos, muitos socialistas e os comunistas também pretenderam, se é que ainda não pretendem, cultivar uma escola "empenhada", mas orientada, evidentemente, para a República, a democracia e o socialismo.

Historicamente, tanto a direita como a esquerda condenam e lutam contra a "neutralidade da escola", só que com valores opostos. Todavia, apesar de algumas semelhanças, os valores da esquerda são, tradicionalmente, muito diferentes dos da direita.

Convém enumerar, simplificando, algumas dessas crenças. A educação permitiria lutar contra as desigualdades sociais, tornando mais fácil a mobilidade e a ascensão, mas sobretudo a igualdade. A educação seria uma exigência que precede o desenvolvimento. Noutras palavras, não haveria desenvolvimento sem educação prévia; ou então, mais simplesmente, a educação seria um factor de desenvolvimento. Com a educação, com uma "nova escola", seria possível eliminar os factores de "reprodução social" da ordem vigente e de domínio cultural e político das classes burguesas.

As "novas" políticas de educação, populares e socialmente igualitárias, seriam condição necessária para promover e desenvolver a "inteligência social", para elevar o nível cultural das massas e para contribuir para a libertação das classes trabalhadoras, além de que seriam factor indispensável para desenvolver as forças produtivas.

Para que tudo isto seja possível, necessário se torna que a educação seja a prioridade política absoluta, indiscutível, o que se traduz nas leis, nos orçamentos, nos vencimentos dos professores, nos investimentos públicos e nos recursos em pessoal. Em função desse objectivo, dever-se-ia gerar um "consenso nacional", interpartidário, duradouro, tão vasto quanto possível, a fim de evitar "guinadas" bruscas e mudanças de rumo políticas, tão prejudiciais para a harmonia escolar e educativa. Continua …
Sinopse. Fonte: Texto de António Barreto

Anotado

  • «Na Idade Média tudo girava em torno de Deus; no Renascimento, do homem; no Romantismo, do idealismo; no Fascismo, do Estado; no Marxismo, da economia; na democracia liberal, dos partidos políticos; no Nacional-Socialismo, da raça.»
  • «A propaganda dos vencedores converte-se em história dos vencidos.» (Trevanian)
  • «Há, à escala mundial, um autentico complot para, no limite, conduzir a um mundo uniformizado pelo recurso à integração racial.»
  • «Entre Deus e o homem que quer acreditar não há necessidade de intermediários e de certeza que mais verdadeiramente se pode chegar a Deus pela ética do que pela fé.»
  • «Aspirações do homem actual: casa, carro, vídeo e computador; ideais: comer, dormir e fornicar. Segundo a democracia, este é o homem livre.»

Canal da Memória - Um jornal diferente



Dois tipógrafos, José Eduardo Coelho e Tomaz Quintino Antunes, proprietário da Tipografia Universal da Rua dos Calafates em Lisboa, acabam de se lançar num empreendimento ambicioso: a criação de um jornal diário de âmbito nacional. Tem quatro páginas, custa 10 réis (quatro vezes menos do que a média dos outros jornais) e uma tiragem de 5.000 exemplares. Define-se como um jornal de "todos para todos" e chama-se "Diário de Notícias".

Esta elevada tiragem explica-se por várias razões. Por um lado, o noticiário internacional pode agora chegar ao grande público porque é rapidamente transmitido pelo telégrafo e por agências especializadas; por outro, o comércio em expansão, precisa de espaço para anunciar os seus produtos e vencer a concorrência. O Diário de Notícias é, portanto, filho do comércio e do telégrafo. Pretende-se uma informação livre e não partidarizada. São todas estas novidades que fazem do Diário de Notícias um jornal industrial, um jornal diferente. O calendário indica a data de 29 de Dezembro de 1864.

Fonte: Diário da História de Portugal

A mentira da psicanálise (1)



A psicanálise é o avô de todas as psicoterapias pseudocientificas, secundada apenas pela Cientologia como campeã de afirmações falsas sobre a mente, a saúde e a doença mental. Há cerca de 100 anos, mais precisamente na década de 1890 nascia a Psicanálise, a "ciência dos processos mentais inconscientes", idealizada e desenvolvida por Sigmund Freud, Médico Neurologista. Enraizou-se na nossa sociedade como uma religião, arrebanhando e arrebatando legiões de fiéis seguidores.


Popularizou-se tornando-se uma “visão de mundo", pregando uma doutrina revolucionária, teoricamente simpática, extremamente explicativa logo tornou-se uma "filosofia de vida", propagada como a dona da verdade no domínio conceptual da mente humana, nada passa pelo seu crivo sem antes receber uma interpretação. Invadiu as universidades empolgando os meios intelectuais e os media, "mestrou e doutorou" os sábios.


Satanizou com o incesto as relações familiares, hipersexualizou as crianças (perverso polimorfo), interpretou obras de arte, filmes, literatura, psicanalizou Deus e o mundo, impregnou a psiquiatria com seu parasitismo romântico-explicativo e pouco terapêutico, gozando do prestígio milenar da Medicina, até que fortalecida pudesse então, propagar os seus feitos milagrosos no terreno da terapêutica.


Reivindicou um status de ciência, padecendo de amaurose para o método científico e miopia para a verdade. Os seus discípulos espalharam-se pelo mundo, auto analisaram-se, criaram sociedades, combateram entre si pelo amor do pai, ídolo maior, onisciente, onipresente e onipotente - Sigmund Freud, o ”Dono do mundo".

Construíram suas igrejas acreditando que são os depositários fieis de sua palavra, merecedores de todo o seu amor. Pregam a busca incansável pela verdade do inconsciente, mas são cegos para perceberem que oficializaram a mentira, criaram-na e nela passaram a acreditar veementemente e, hoje reconhecer que a sua estrada não dá a lugar algum é extremamente penoso, difícil; a mentira dá-lhes o sustento, o status, o poder, são na verdade prisioneiros do próprio desejo de ser Deus. continua...

Sinopse. Dr.Dilvio Pena

28.10.06

Sequência Fibonacci


(...) 1-1-2-3-5-8-13-21 a sequência Fibonacci, uma sequência famosa não só por a soma de dois termos adjacentes ser igual ao termo seguinte, mas também por os «quocientes» de dois termos adjacentes terem a surpreendende propriedade de se aproximarem de PHI: 1.618 – a Proporção Divina.

(...) Apresento-lhes o PHI – 1.618. Não confundir com PI. É um número muito importante na arte. A despeito da sua origem místico-matemática, a faceta verdadeiramente extrordinária do número PHI era o seu papel como elemento constituitivo da natureza. Plantas, animais e até seres humanos, todos possuíam propriedades dimensionais que obedeciam com uma espantosa exactidão à razão de PHI para 1.

A ubiquidade do número PHI na natureza excede claramente a coincidência, e por isso os Antigos assumiram que tinha sido ordenado pelo Criador do Universo. Os primeiros cientistas chamavam a um-ponto-seis-um-oito a Proporção Divina na natureza.

- Sabia que se dividir o número de fêmeas pelo número de machos em qualquer colmeia do mundo, chega sempre ao mesmo número?

- Eis um náutilo (concha em espiral). É um molusco cefalópode que bombeia gaz para dentro da concha compartimentada a fim de regular a flutuabilidade. É capaz de calcular a razão entre o diâmetro de cada espiral e o da seguinte? Resposta PHI. A Proporção Divina. Um-ponto-seis-um-oito.

- Um grande plano da cabeça de uma semente de girassol. – As sementes de girassol crescem em espirais opostas. Qual a razão entre o diâmetro de cada rotação e a seguinte? Resposta PHI. A Proporção Divina. Um-ponto-seis-um-oito. (...) começou a passar rapidamente diversos diapositivos … pétalas espiraladas, segmentos de insectos, disposição das folhas no caule de uma planta … em que se revelava, sem excepção, uma surpreendente obdiência à Proporção Divina.

Sinopse. Fonte: Código DaVinci - Dan Brown





Contra...

  • “Hay gobierno ? - Soy contra!" (Anarquista espanhol)
  • "Uma quinta parte da população está sempre contra tudo." (Robert Kennedy)
  • contra o vento que se levanta vôo".
  • "Nunca voto em ninguém. Voto sempre contra alguém". (W.Fields)
  • "A única arma segura contra as más ideias são ideias melhores. (Whitney Griswold)
  • "O conceito de inveja - rancor contra o superior - caiu foras do nosso vocabulário moral... A idéia de que a Civilização Branca Cristã é odiada mais por suas virtudes do que por seus pecados não nos ocorre, porque não é uma idéia agradável..."
  • "As leis não são medidads repressivas contra liberdade, da mesma forma que a gravidade não é um lei repressiva contra o movimento». (Karl Marx)
  • "Em parte alguma é popular a imigração não branca, ainda que quase todos os governos sigam uma política de trazer imigrantes não brancos ao país protegendo-os uma vez aí. Qualquer pode observar o mesmo tipo de corrupção da sociedade por Turcos, Árabes, Negros, Indianos, Vietnamitas, Chineses ou outros não brancos nas grandes cidades da Suécia ou Dinamarca, Inglaterra ou da Europa. A maioria dos brancos estão em toda a parte contra esta realidade, enquanto os seus supostamente democráticos governos e os media a favorecem.

27.10.06

Quando a Esquerda se Engana (1)


Educação: As Grandes Esperanças
Foram anos de crença. E décadas de esperança. Durante muito tempo, a esquerda acreditou nas virtudes da educação do povo. Convenceu-se e convenceu muita gente, gerações atrás de gerações, que a educação era o instrumento essencial para mudar as sociedades, criar o "homem novo" ou, com menos pompa, libertar os oprimidos do capitalismo.
Alfabetização obrigatória e universal, democratização do ensino, escola para todos, formação profissional para toda a gente, acesso aos estudos superiores, democratização da universidade e direito à universidade: estas foram, entre outras, algumas das suas palavras-chave que passaram para o vocabulário das sociedades contemporâneas. Para as suas crenças, a esquerda atraiu, sobretudo por má consciência e sentimento de culpa dos outros, pessoas e grupos sociais ditos do centro e da direita. A ideologia educativa da esquerda transformou-se, há muito, na ideologia dominante.

Os grandes valores da direita para a educação, raramente explícitos e sistematizados, têm hoje pouca saída, apesar de, aqui ou ali, parecerem ressuscitar e surgir de insuspeitas origens. São poucos os que hoje se atrevem a defender os grandes temas da direita para a educação: Deus, pátria e família, à cabeça; hierarquia e obediência; formação moral e religiosa dos jovens; a escola como extensão da família; escola empenhada nos valores "nacionais", morais e religiosos; primado dos estudos clássicos; e educação cultural e científica para as elites sociais, em contraste com a formação profissional para as classes populares.
Nas suas versões mais modernas, a direita simpatiza com uma estratégia de formação de técnicos e de quadros em função e de acordo com as necessidades concretas da economia; defende uma concepção de permanente e feroz competição; e desenvolve políticas tendentes a mercantilizar a ciência e o estudo. Continua…

Sinopse. Fonte: Texto de António Barreto

Representantes, deputados e outras coisas


«Os sistemas representativos que são a base das democracias burguesas, perderam a razão de ser. Hoje a tecnologia e a cibernética permitem que o Estado conheça em poucos minutos a opinião de todos os nacionais. » (José Hermano Saraiva)

«O problema não é aquela deputada ser mulher, o problema é aquela mulher ser deputada...»

Um dos heróis da discussão que no Parlamento Europeu rejeitou o colégio de Comissários, devido ao facto de um deles, o comissário Buttiglione, se ter pronunciado publicamente contra a homossexualidade, foi o mesmo que, na década de 70, quando trabalhava num infantário, descreveu assim algumas das suas experiências: "Às vezes acontecia que algumas crianças abriam a minha braguilha e começavam a acariciar-me. (...) Se insistiam, também as acariciava. (...) As meninas de cinco anos tinham aprendido como excitar-me. É incrível." Quando estas declarações antigas foram desenterradas pelos "média" falou-se de "caça às bruxas", pois o seu autor é, "apenas", o intocável Daniel Cohn-Bendit um dos ícones do Maio 68. Se, por acaso, fosse indicado para comissário do mesmo pelouro alguém do seu estofo moral e pessoal , alguém imagina que se levantaria idêntica tempestade entre os deputados?

26.10.06

Todos os antifascistas são bons !!!...


Em maio de 1975, os jornais relatavam o ocorrido num tribunal do Barreiro. O jornalista que fazia a crónica para um dos jornais de referência, por coincidência, a mesmíssima pessoa que também testemunhara durante o julgamento – um tal Carlos Coutinho, impante no seu revolucionarismo, transcrevia orgulhosamente o seu próprio testemunho no Tribunal do Barreiro, onde estava a ser julgado um militante da organização armada do Partido Comunista Português, a ARA (Associação Revolucionária Armada).

Carlos Coutinho depôs a favor de Fernando dos Santos Gonçalves acusado de, em 1965, ter desviado 13 mil contos (65 mil euros) da delegação bancária onde desempenhara as funções de subgerente: "Essse dinheiro saiu de mãos onde não devia estar e foi para mãos onde devia estar. (...) Choca-me ver sentado no banco dos réus um revolucionário; um revolucionário, depois do 25 de Abril, deve julgar e não ser julgado", concluía Carlos Coutinho.

Citações de Lenine, Brecht e Cunhal fundamentaram a tese da defesa de que "um revolucionário, depois do 25 de Abril, deve julgar e não ser julgado".

O juiz deu como provados os factos, mas considerou-os amnistiados. Em seguida, pediu desculpa ao réu que estivera um mês na prisão a aguardar julgamento. "Em nome do tribunal, quero dizer-lhe que lamento profundamente este mês de prisão que passou." E por fim abraçou-o. Em perfeita sintonia com as teses da superioridade moral do antifascismo.

O Século de 16 de Maio de 1975 compôs o seguinte título: "Militante antifascista finalmente amnistiado" e desenvolveu uma prosa exaltante, quase épica: "Julgador e julgado abraçaram-se, logo esse abraço se multiplicando pela assistência, que não prescindiu de saudar o seu companheiro, militante antifascista, ontem restituído à liberdade, e que o aguarda, novamente, nos bancos agora do povo, onde poderá utilizar o curso de economia política que tirou no exílio (...) para a construção de um Portugal democrático e socialista."

Ângulo inverso: A Bíblia



(...) Tudo o que precisa saber a respeito da Bíblia pode resumir-se ao que disse o grande doutor canónico Martyn Percy: «A Bíblia não foi enviada do céu por fax»


(...) A Bíblia é um produto do homem, não de Deus. Não caiu magicamente das nuvens. O homem criou-a como um registo histórico de tempos tumultuosos, e tem evoluído ao longo de inúmeras traduções, adições e revisões. A História nunca conheceu uma versão definitiva do livro.


(...) Jesus Cristo foi uma figura histórica tremendamente influente, talvez o líder mais enigmático e inspirador que o mundo alguma vez viu (...) Compreensivelmente a Sua vida foi registada por milhares de seguidores em todo o mundo – Foram considerados mais de oitenta evangelhos para o Novo Testamento, e no entanto, apenas uns poucos acabaram por ser escolhidos… entre eles os de Mateus, Marcos, Lucas e João. Quem escolheu os evangelhos a incluir?


Aaah! A ironia fundamental do cristianismo! A Bíblia, tal como hoje a conhecemos, foi coligida por um pagão, o imperador romano Constantino «o grande». Constantino foi pagão toda a vida e só batizado no leito de morte quando já estava demasiado fraco para protestar. No tempo de Constantino, a religião oficial de Roma era o culto do Sol de que Constatino era o sumo sacerdote.
Recortes. Fonte: Código DaVinci - Dan Brown

25.10.06

Maiorias ...

  • «Democracia é aquela forma de governo em que toda a gente recebe aquilo que a maioria merece.» (James Dale Davidson)
  • «O problema do sistema de lucro, tem sido sempre que ele é altamente não lucrativo para a maioria das pessoas.» (Elwyn B. White - Ensaísta norte-americano 1899-1985)
  • «Sempre que te encontrares ao lado da maioria, é tempo para parares e reflectir.»
  • «Maioria Silenciosa: Dez pessoas que falam fazem mais barulho do que dez mil silenciosas.» (Napoleão I)
  • «As mudanças sociais tem, como é costume, uma minoria de ganhadores e uma maioria de perdedores, por relativas que sejam as perdas.» (M.Vilaverde Cabral)

24.10.06

Fecundidade feminina, fome, migrações



  • Ruanda: 300 habitantes por km2. Crescimento demográfico 3,5 %. Taxa de fecundidade das maiores de África: 8,5 filhos por mulher. Menor taxa de superfície arável por habitante: 800 m2.
  • A Europa tem uma nova nação do 3º mundo, formada por mais de 15 milhões de migrantes. Em África a população duplica em cada 24 anos. Na Europa em 380 anos.
  • A população mundial vai aumentar na próxima década, passando dos actuais 6.488 milhões para 7.600 milhões no ano 2020. Nessa altura, mais de metade dos habitantes da Terra viverá nas cidades cada vez maiores. Estes dados constam do relatório sobre a população mundial elaborado pelo Fundo das Nações unidas para as Populações.
  • Uma das perspectivas mais inquietantes é o do crescimento da pobreza, sobretudo nas grandes cidades, onde viverão 01.000 milhões de pobres no ano 2.000. Segundo a Organização Internacional do Trabalho, esta será a principal fonte de problemas no futuro.
  • Em 1960 éramos 3 mil milhões; em 1975, 4 mil milhões; em 1994 - 5,7 mil milhões. Seremos 7,1 mil milhões em 2010 e 10 mil milhões em 2050. As taxas de natalidade vão de 1,3 filhos por mulher na Itália, contra 8,5 no Ruanda.
  • Crescimento: De 1830 a 1930 a população do mundo cresceu de 1 para 2 mil milhões. Em 1960 eramos 3 mil milhões. Em 1975 4 mil milhões. Em 1994, 5,7 mil milhões. O fundo da ONU para a população refere um crescimento previsível para 7,1 mil milhões em 2010, 8,5 mil milhões em 2030, 10 mil milhões em 2050.

Escola e Ensino

«O perfil tipo (dos mais de 500 adolescentes pobres, anualmente mortos a tiro no Rio de Janeiro), é o do jovem negro que deixa a escola cerca dos 9 anos e aos 13 já se droga, apesar de sonhar vir a ser jogador de futebol.»

«Nas Universidades portuguesas não há competição. Os professores de há vinte anos estão sentados no mesmo sítio, muitos a «ensinarem» as mesmas matérias. Na verdade, não há um mercado de trabalho entre os professores universitários. Não rodam entre instituições. Não recrutam os melhores. Não os deixam sequer entrar. Pudera! A maioria recusa sequer ser avaliada, nem pelos trabalhos que publica, quanto mais pelos projectos que empreende. Ninguém está sujeito a pressão de espécie alguma, logo, a excelência não pode residir por ali.»
Sinopse. Fonte: Jornal de Negócios

«Sócrates não frequentou qualquer escola. Lincoln não tinha diploma de ciências políticas e Churchill jamais frequentou uma universidade.»

«Vítimas ou não, os estudantes (nas escolas) têm que ser julgados pelos seus actos, não pelos seus traumas

23.10.06

Esquerda-Direita. Realidades actuais


Perante a globalização dos mercados, as pressões sobre o Estado-Providência, a nova revolução tecnológica, o que pode ainda distinguir a esquerda da direita? Se um lider trabalhista inglês trocasse o seu programa eleitoral com o de um conservador alguém daria por isso? Um pouco por toda a parte, nos países da União Europeia, interrogações como estas fazem os grandes títulos dos jornais e alimentam discussões intensas e apaixonadas. E, no entanto, há muito que a "família socialista" europeia "meteu o socialismo na gaveta", se rendeu às virtualidades do capitalismo, aprendeu a venerar o mercado e a iniciativa individual, fez da democracia a sua principal bandeira política e da justiça social apenas uma vaga cruzada moral.

A esquerda europeia está hoje encurralada entre a impossível defesa do Estado de Bem-Estar que ela própria construiu nos anos do pós-guerra, e a tremenda pressão sobre a segurança social criada pelo fim do crescimento económico sustentado e do pleno emprego, pelo envelhecimento acelerado da população, pela globalização dos mercados e a consequente pressão sobre os elevados custos da mão-de-obra, por uma revolução tecnológica apenas comparável à revolução industrial que a fez nascer há dois séculos e que alterou radicalmente os termos do trabalho. Ao aceitar, primeiro, o Mercado Único e, depois, a União Económica e Monetária, a esquerda europeia rendeu-se há muito à ortodoxia monetarista e ao liberalismo económico.

Poderia, então, a esquerda governar de outro modo?: Aparentemente, não pode. Mas se, daqui a 20 anos, as sociedades liberais do Ocidente não tiverem encontrado respostas alternativas para a sua própria desagregação, entre os que têm tudo e os que não têm nada, os que trabalham cada vez mais e os que não têm a oportunidade de encontrar um emprego, entre os que obtêm uma elevada formação profissional e os que são atirados para a margem pelo insucesso escolar, então será a própria democracia a estar em causa.
Sinopse. Fonte: Teresa de Sousa

Amigos...

  • Um amigo no poder é um amigo perdido.( Samuel Adams)
  • Um amigo é alguém que conhece todos os nossos defeitos e que, apesar disso, continua a gostar de nós
  • Não consegue amigos, aquele que não tem inimigos. (Alfred Tennyson)
  • Os nossos amigos lembram-se que os amigos são para as ocasiões, sempre em ocasiões chatas.(Grafiti)
  • Quem fica famoso, não pode esquecer os amigos. Bem que tenta, mas eles não deixam.

22.10.06

Já experimentou... numa árvore?



O cientismo de certa ‘inteligentzia, sempre datado e dependente das modas intelectuais da epoca, tem vindo a fazer afirmações que oscilam entre o mirabolante e o francamente risivel.
Fazem-nos saber estes senhores, entre outras coisas e com imensas teorizações pelo meio, que não há raças, que todos somos negros e que a única diferença, é que uns são mais negros do que outros; que os portugueses têm originariamente genes negros e não celtas e suevos como era suposto; que a mestiçagem e as uniões exogâmicas são a única maneira de preservar a espécie humana, porque através delas, se garante a necessária diversidade genética, etc. etc.

Este pseudo cientismo, - com nuances que eu diria mesmo racistas, se a palavra não andasse por aí tão prostituída faz-me recordar, em outras épocas, outras manifestações dessa tal “inteligentzia” e de alguns dos seus pequenos licenciados.


- Em 1755, depois do terramoto que destruiu Lisboa, os sábios do país não encontraram meio mais eficaz para prevenir a terra de voltar a tremer do que dar ao povo um auto de fé. A prestigiada Universidade de Coimbra tinha então concluído, que o espectáculo de algumas pessoas queimadas a fogo lento em grande cerimónia, era um método infalível para impedir a terra de tremer. Esta brilhante manifestação da nossa “inteligentzia” da época, pode conferir-se na obra “Cândido” de Voltaire.


- Em 1951 um grupo de antropólogos e biólogos reunidos sob os auspícios da UNESCO emitiu uma “Declaração Sobre as Raças”, que negava a existência de diferenças genéticas hereditárias. Para os signatários, as diferenças nos grupos humanos, explicar-se-iam apenas por acção do meio, da cultura e da historia. Mas em 1964, uma outra reunião de cientistas da especialidade, formulou as então chamadas “Preposições de Moscovo” onde, pelo contrario, a ideia da “existência nos individuos, de uma capacidade genético diferenciada, na formação do desenvolvimento intelectual”, já era admitida.


Entre os dois documentos, não tinha tido lugar qualquer descoberta científica, mas somente uma mudança de atmosfera politica. Em 1951 havia a preocupação de reagir contra o nazismo e o colonialismo. Em 1964, começavam a contar os orgulhos nascentes (nomeadamente o da negritude) que reivindicavam, em vez de negar, certas diferenças raciais.


Este tipo de cientismo é “pau para toda a colher”... Mas, quanto às raças, em que é que ficamos? Então não há raças? Seremos todos daltónicos e ignorantes ao ponto de não distinguirmos o que é apenas pigmentação ou maior concentração de melanina, do que são abissais características evolutivas, físicas e intelectuais, por vezes fazendo supor o ocorrência de milhares de anos de “decalage” evolutiva? Não há raças, o tanas!


Mas para alem disso, um outro factor de identidade étnica e cultural sobressai nesta questão: Onde será que pára esse orgulho da negritude e da diferença tão defendido por pessoas com a estatura dum Leopold Sengor, Nelson Mandela ou Colin Powell? Pior do que um negro que se envergonha de o ser, só mesmo os brancos que fazem o mesmo, mas com uma diferença - estes últimos, mesmo travestidos de intelectuais progressistas, são desprezíveis.


Onde querem realmente chegar essa forças radicais - idênticas a outras que, sob nomes de códigos internacionais de socorro, defendem o ultra feminismo, o homossexualismo, o racismo anti-branco ? Ao caos social? Aos conflitos étnicos?


Com que então todos na mesma cama para preservar a espécie, não é? E já agora, a tal diversidade genética não será ainda melhorada através de cruzamentos sexuais com, por exemplo, outros humanóides como os símios? Quem sabe?... Já me imagino a ver um dia no escaparate de uma livraria, um livro com um título do género: “Já Experimentou Numa Arvore?”

Lei e Legalidade

  • Na Alemanha é tudo proibido excepto aquilo que é permitido; na França é tudo permitido excepto aquilo que é proibido; na Rússia é tudo proibido mesmo aquilo que é permitido; na Itália é tudo permitido especialmente aquilo que é proibido. (Newton Minow)
  • Nada é ilegal se cem homens de negócios o decidem fazer, e isso é válido em qualquer parte do mundo. (Andrew Young)
  • Em Inglaterra, um homem acusado de bigamia pode ser salvo se, por exemplo, o seu advogado conseguir provar que ele tinha três mulheres. (G.Lichtenberg)
  • Nenhuma lei obriga o que a natureza proíbe. Corpus Juris Civilis ( Legislação mandada fazer pelo imperador romano Justiniano I em 533 DC )
  • Em geral leva cem anos para fazer uma lei e depois de ter feito o seu trabalho, leva cem anos a ver-nos livres dela. (Henry W. Beecher)

21.10.06

Darwinismo Social



A sociedade é uma arena em que os homens se encontram para competir. O termos da luta são estabelecidos pelo mercado. Os que ganham são recompensados com a sobrevivência e se sobrevivem de uma forma brilhante com a riqueza. Os que perdem são lançados aos leões. Para os defensores desta teoria, a competição não só selecciona os mais fortes mas também lhes desenvolve as faculdades e assegura a perpetuação. Ao eliminar os fracos, também se assegura que eles não reproduzirão a sua espécie. Assim a luta é socialmente benigna.

(Herbert Spencer 1820-1903).

Brasil-Portugal.Temos todos a mesma idade


...continuado
Mas afinal a História foi sempre feita de paixão e de violência, de sonho e de furor. Quem se lembra de negar o que é, porque a sua origem não é a que desejaria, é como a bela alma hegeliana, incapaz de se inserir no curso da História: um anjo torto.

Porque envergonhar-se da própria origem é a atitude típica do homem do ressentimento, manifestação daquilo a que Freud chama romance familiar, o desejo frustrado de ter pais mais ricos e poderosos. A América foi um sonho dos europeus. Os portugueses sonharam tanto com o Brasil como todos os outros europeus sonharam com a América. Por isso do que deixámos podemos orgulhar-nos, sem ilusões idílicas nem remorsos tardios (ter remorsos, dizia Espinoza, é pecar segunda vez), porque a violência da História foi para nós, como para todos, o quinhão da mesma humanidade.

E Portugal são os portugueses e as portuguesas de hoje, não esse país obscuro e de antanho, convidado de pedra no tempo e na memória, que tantas vezes os brasileiros identificam com Portugal, projectando em nós a imagem do seu próprio passado. Desse passado vimos, mas também contra esse passado nos fizémos no que somos hoje, para o bem e para o mal. Desmentindo o belo poema de Manuel Bandeira, os portugueses não podem ser os avózinhos dos brasileiros, pelas simples razão de que nós, as gerações de hoje, temos afinal a mesma idade.
Sinopse. Fonte: Luis Filipe Castro Mendes

20.10.06

Dólares e efeito-estufa



Grandes preocupações do milénio: o aquecimento global da terra; o avanço da desertificação em África e a caminhada para norte dos povos do Sul; o aumento exponencial do lixo; a acumulação incontrolada de resíduos tóxicos. Isto está dito e redito, mas aquilo que se faz para evitar que estes fenómenos se tornem incontroláveis, é muito pouco.
Os números são sempre os mesmos: menos espécies, menos biodiversidade, menos florestas, menos natureza. Em contrapartida, o consumo cresce, as emissões poluentes sobem, a artificialização do planeta aumenta. No final do século, a conclusão é simples - a vida na Terra está cada vez mais ameaçada.


Não, não é ficção científica - os netos dos actuais cidadãos do planeta poderão ter de estar a substituir o cozido à portuguesa por um comprimido sintético, devido à escassez alimentar, tomar banhos de mar em Coimbra, andar às turras com o mosquito da malária em plena Inglaterra, visitar as Ilhas Marshall de fato de mergulho e suar em bica na Islândia.


O diagnóstico está feito: o cobertor de dióxido de carbono, que envolve o planeta e que permite que o calor dos raios solares não se escape imediatamente para a atmosfera, está a engrossar de tal forma que, em pouco tempo, transformará o planeta num braseiro. Os gelos polares poderão derreter; o aumento da temperatura do oceano favorecerá uma subida do nível do mar; inundações, ciclones e secas multiplicar-se-ão; extensas zonas do planeta transformar-se-ão em desertos; a água potável escasseará; e as doenças terão campo aberto. A esta provável situação de catástrofe, chamam os cientistas "alterações climáticas".


Dos gases com efeito de estufa: dióxido de carbono, metano e óxido nítrico, o gás mais prejudicial é o dióxido de carbono. Com um controlo mais apertado dos aterros sanitários, fertilizantes, criação de gado e culturas de arroz, é possível reduzir os restantes gases, compensando, no cômputo geral, os falhanços no controlo do dióxido de carbono.


Durante muitos anos, a indústria, as companhias automóveis e sobretudo as petrolíferas reunidas em torno da OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo), bloquearam qualquer intenção de cortar com a queima dos combustíveis fósseis e nem queriam ouvir falar em alterações climáticas. Escudavam-se no facto de não existir ainda uma evidência científica de que o dióxido de carbono era o grande culpado pelo efeito de estufa. Mas evidência científica surgiu, e de forma irrefutável em 1995. O argumento caiu por terra.


O que de então para cá aconteceu é conhecido: conferências internacionais para debater o problema no Rio de Janeiro (92), Berlim (95) e por fim Kioto (97). Também é sabido que os Estados Unidos, o maior produtor de poluentes atmosféricos, invocando razões económicas, não subscreveu a redução gradual de gases com efeito estufa, conhecida como Protocolo de Kioto.


Daquela verdadeira grande central de emissão de poluente do planeta, não vieram os contributos desejáveis para ajudar a salvar o nosso pobre e maltratado planeta. Não vieram? Minto! Num verdadeiro passe de mágica, descentraram a discussão para um lado mais conveniente: afinal, o verdadeiro perigo para a humanidade, não vinha das emissões de CO2, vinha … do fumo do cigarro. Hellas !

Ideias recuperadas

  • “Cá te espero” – nome de uma funerária de Arganil
  • “Todos os deputados estão a mais!”
  • “Não sou racista. Basta olhar para a política, para me dar conta da quantidade de imbecis brancos que existem” (Le Pen)
  • A “angelização” é um conceito muito americano e ingénuo, de que eles são bons e tem razão, só pelo facto de serem americanos.
  • “Antigamente os escritores escreviam e o público lia. Hoje o público já escreve também, só que ninguém lê.”
  • “Em política, «centro» é o lugar de coisa nenhuma, onde estão todos.”

19.10.06

Dito e anotado

  • “A mi m’crê ser dotor. Cã interressa’m dotor diquê, a mi ‘ncrê ser tratado põ dotor” (estudante africano)
  • Se em algo consiste a liberdade, é em dizer aquilo que os outros não gostam de ouvir (Orwell)
  • Toma conselhos com vinho e decisões com água.
  • Para chegar em primeiro é preciso em primeiro chegar.
  • Não é suficiente triunfar. É também necessário que os outros falhem.

Desconstruindo Demónios: Pentagrama



Actualmente o termo «pagão» torna-se quase sinónimo de culto do diabo –uma interpretação grosseiramente errada. Na realidade as raízes da palavra remontam ao latim «paganus» que significava habitante dos campos. Os «pagãos» eram literalmente pessoas do campo não doutrinadas que continuavam agarradas às antigas religiões rurais do culto da Natureza. Tão forte era, de facto, o medo que a Igreja tinha dos habitantes das aglomerações rurais, que o outrora inóquo termo «vilão» - o que vive numa aldeia ou vila – acabará por designar uma pessoa má.


O pentagrama é um símbolo pré-cristão relacionado com o culto da Natureza. Os antigos imaginavam o mundo em que viviam dividido em duas metades: masculino e feminino. Os seus deuses e deusas esforçavam-se por manter o equilíbrio de poder. «Yin e Yang». Quando o masculino e o feminino estavam equilibrados, havia harmonia no mundo. Quando se desiquilibravam, havia caos.


O planeta Vénus traça, de oito em oito anos, um pentagrama perfeito no céu eclíptico. Tão espantados tinham os Antigos ficado ao observar o fenómeno, que Vénus e o seu pentagrama se tornaram símbolos de perfeição, beleza e das qualidades cíclicas do amor sexual. Num tributo à magia de Vénus, os Gregos usavam o seu ciclo de oito anos para organizar os Jogos Olímpicos. Actualmente, poucas pessoas sabem que o calendário Quadrienal das Olimpíadas modernas continua a seguir os meio-ciclos de Vénus. E menos sabem que a estrela de cinco pontas esteve muito perto de se tornar o emblema olímpico oficial, tendo sido substituída à última hora pelos cinco anéis entrelaçados, que refletem melhor o espírito de inclusão e harmonia dos Jogos.


A actual interpretação (via Hollywood) demoníaca do pentagrama é historicamente inexacta. O significado original feminino é correcto mas tem sido distorcido ao longo dos milénios, neste caso, através de derramamento de sangue. Os símbolos são muito resistentes, mas o pentagrama foi alterado pela Igreja Católica primitiva. No âmbito das campanhas do Vaticano para erradicar as religiões pagãs e converter as massas ao cristianismo, a Igreja lançou uma campanha de difamação contra os deuses e deusas pagãos, apresentando os respectivos símbolos como ligados ao mal.


É um expediente muito comum em épocas de agitação. O novo poder emergente apodera-se dos símbolos existentes e degrada-os ao longo do tempo numa tentativa de apagar-lhes o significado. Na batalha entre símbolos pagãos e símbolos cristãos, os pagãos foram derrotados: o tridente de Posídon tornou-se a forquilha do diabo, o chapéu pontiagudo da mulher sábia passou a ser o emblema da bruxa, e o pentagrama de Vénus converteu-se no sinal do diabo.

Sinopse. Fonte: Código DaVinci - Dan Brown

Indignação na "naçon" nortenha

A Liga Patriótica do Norte surge como consequência do Ultimato inglês dirigido a Portugal. Todavia, para Antero Quental, que o entusiasmo da mocidade académica portuense fora buscar para a presidir, esta liga tinha a seu cargo a alta missão de traçar o rumo dos destinos do país. Porém, como ele próprio escreveria depois, «quando se acabaram de elaborar os estatutos, que eram um programa muito complexo de Nova Vida, a Liga já não existia, dispersa, sumida, toda fugida para os hábitos da Vida Velha»

A Liga Patriótica do Norte, foi organizada entre um comício no Teatro do Príncipe Real a 26 de Janeiro de 1890 e uma assembleia nos próprios Paços do Conselho da cidade no dia 1 de Fevereiro. Era uma mistura de estudantes das escolas superiores do Porto, todos muito extremistas, de jornalistas republicanos e de políticos locais do Partido Progressista. O seu objectivo parecia ser o de gerar no Porto uma espécie de contra-governo do país. Falhou.

18.10.06

Close-Up: A Agressividade

Não existe um consenso sobre a definição e até mesmo a origem da agressividade, para além de que é um impulso básico no ser humano, mas daí, não vem mal ao mundo; a agressividade é, pelo contrário, um pressuposto da existência de mecanismos de auto-defesa e de auto-estima, e faz parte da condição humana. A humanidade dispõe de vias para canalizar aquele pulsão: a guerra, a cultura e o desporto.

O tipo de estrutura social que temos, não é um sistema obrigatoriamente humano e que talvez remonte aos primórdios da vida sobre a terra. O mais antigo dos nossos antepassados, o australopithecus, já vivia em grupos organizados com base na existência duma “hierarquia”, uma vinculação entre os membros do grupo, uma manifesta “agressividade” contra elementos estranhos e finalmente um espaço definido - o “território”. Nos animais em geral a agressividade tem um papel positivo para sobrevivência da espécie, como o afastamento de competidores e a manutenção do território, e também no homem a agressividade poderia ser orientada para comportamentos socialmente úteis.

Esta noção de “território” e de “agressividade perante estranhos”, é uma herança com milhões de anos de evolução que pode muito bem ser aquilo que alguns chamam talvez com mais propriedade heterofobia e outros mais redutoramente por racismo.

Entre as pessoas que mais estudou a agressividade animal e humana está Konrad Lorenz, prémio Nobel em 1973, que coloca a questão desta forma: “Numa comunidade de animais superiores, a vida organizada não se pode desenrolar sem um princípio de ordem, uma hierarquia social. Nas condições primitivas da selecção natural, a «rejeição do estranho» é uma das outras condições para sobrevivência do grupo: todos os animais e os chimpanzés em especial atacam aquele que entre si acham «diferente» - tal como um macaco atacado de poliomielite e cujo comportamento lhes parece estranho.

No homem a supressão da agressão, levaria muito provavelmente ao desaparecimento do espírito de iniciativa, o espírito de competição, o gosto pelo risco, o sentido da honra. A vontade de realizar e mesmo o dinamismo industrial são, do mesmo modo que a guerra, subprodutos de uma pulsão aguerrida inscrita nas estruturas mais delicadas do organismo. Atacar essa pulsão, equivale a retirar à espécie o seu gosto pela luta, a sua vontade de viver.”

Actualmente, ainda existem dúvidas acerca do impacto da violência veiculada através da televisão e do cinema na sociedade ocidental. Alguns especialistas julgam que esse tipo de exposição poderá aumentar a propensão da audiência a desenvolver algum tipo de agressividade subsequente na vida real. Além disso, as taxas de criminalidade e violência parecem também estar relacionadas com a programação da TV.

Desabafos

  • «Actualmente convivem 3 gerações: a dos 60 anos que está a viver as cicatrizes dos seus sonhos; a dos 40, a quem roubaram os sonhos e a dos 20, que nunca pôde sonhar.»
  • «Os grandes homens só fazem falta para o basquete. Para o resto, não precisamos deles para nada.»
  • «Sobrevivemos à guerra, mas esta paz está a dar cabo de nós.» (Jornalista Angolano)
  • «Nada é tão perigoso como uma ideia, quando se tem uma só.

17.10.06

Pensar Economia (2)

Pagar para emigrar

Uma solução para resolver esta dificuldade consiste em estabelecer preços de imigração, sob a forma de um valor a pagar num certo prazo de tempo (v.g., cinco ou dez anos). Um homem que deseje emigrar para singrar na vida dispõe-se a pagar este preço; pelo contrário, aquele que deseja emigrar meramente para viver sobre os ombros dos cidadãos do país de destino não o vai fazer.

Este sistema permite ao país de destino seleccionar os melhores dentre todos os candidatos a emigrar para ele, uma qualidade que o actual sistema (...) não possui. O sistema de preços de imigração permite também regular eficazmente os fluxos migratórios em função da conjuntura do mercado de emprego. Assim, numa altura de grande desemprego no país de destino, os preços de imigração subiriam, por forma a permitir a entrada apenas aos emigrantes que tivessem um grau razoável de certeza de que conseguiriam encontrar um emprego produtivo no país.

(...) A existência de preços de imigração justifica-se ainda numa base de justiça relativa. Os imigrantes vêm encontrar no país de destino um sistema de saúde, educação e segurança social que custou muito dinheiro aos contribuintes deste país, e para o qual eles nada contribuíram. Os preços de imigração deveriam, por isso, constituir uma receita da segurança social do país de destino, representando a contribuição dos imigrantes para o funcionamento de um sistema que nada lhes custou a pôr de pé.

Finalmente, muitos dos problemas sociais que começaram a aparecer em Portugal relacionados com os imigrantes resultam da actual política, que é incapaz de distinguir entre imigrantes de melhor qualidade e imigrantes de pior qualidade. Estes são os que tendem a agrupar-se em guetos à volta dos grandes centros urbanos - principalmente Lisboa - em condições habitacionais degradadas, sem emprego e vivendo da segurança social, contribuindo para a criminalidade no país e causando sentimentos inevitáveis de xenofobia entre as populações locais.(...)

Sinopse sobre um texto do economista Doutor Pedro Arroja

Destaque

«O factor mais responsável pelo incremento no Ocidente do número de indivíduos “pouco inteligentes”, foi o desenvolvimento das formas modernas de anti-concepção.
Esta começou em 1870 com o invento e comercialização do preservativo e evoluiu nos nossos dias até à pílula e aos mecanismos intra-uterinos.
Logo que estes anti-conceptivos modernos estiveram disponíveis, foi inevitável que passassem a ser usados com maior eficiência pelos “inteligentes”.
O resultado foi que estes passaram a ter menos filhos. Esta tendência começou a notar-se na segunda metade do século XX e mantém-se no presente.»

Conhece Ambrose Bierce?

  • "Casaco é aquilo que a criança usa quando a mãe sente frio."
  • "Eleitor é alguém que goza do privilégio sagrado de votar numa pessoa escolhida por outrem.
  • "Paz: em questões internacionais, um período de trapaça entre dois períodos de luta."
  • "Fronteira: em geografia política, uma linha imaginária entre duas nações, separando os direitos imaginário de uma dos direitos imaginários da outra.
  • "O barulho é o principal produto e o sinal mais autêntico da civilização."
    "Cobarde é uma pessoa em que o instinto de conservação ainda funciona com normalidade.
  • "Conservador, é um estadista enamorado dos males existentes ao contrário do liberal que deseja trocá-los por outros."
  • "Liberdade: uma das poses mais preciosas da imaginação.

Escritor e jornalista, satírico, crítico 1842-1914

Pensar Economia (1)



Imigrantes. Nem todos interessam!

Os pobres sempre tenderam a emigrar para os países comparativamente mais ricos. (...) Os imigrantes podem dar uma contribuição importante à economia de um país. Eles são frequentemente as pessoas mais enérgicas e inconformadas do seu país de origem, e não é por acaso que os dois países mais ricos do mundo - EUA e Canadá - são os países com a maior tradição de imigração no Ocidente.

Porém, a imigração pode também colocar problemas sérios nos países de acolhimento - pressões acrescidas sobre o mercado da habitação e do emprego, problemas de segurança e ordem pública, questões étnicas e raciais, fardos adicionais sobre o sistema de segurança social.

No que respeita à imigração de natureza predominantemente económica (...) existe um interesse evidente em um país dispor de um mecanismo que permita seleccionar, entre todas as pessoas que desejam emigrar para ele, aquelas que podem efectivamente dar uma contribuição ao seu desenvolvimento e ao bem-estar dos seus cidadãos daquelas outras que apenas pretendem aproveitar-se dos sistemas de segurança social e outros benefícios sociais nele existentes, constituindo um fardo adicional para os cidadãos do país de destino.

(...) como é que as autoridades do país de destino vão distinguir aquele (candidato a emigrante) que possui o potencial para progredir e, no prazo de dez ou quinze anos, vir a tornar-se um empresário do sector, criador de riqueza e de empregos, daquele outro que, passados dois anos, está no desemprego, e que vai passar o resto da sua vida meramente a usufruir dos benefícios sociais que o país de destino lhe oferece? Continua …

Sinopse sobre um texto do economista Doutor Pedro Arroja

16.10.06

Já não há revolucionários (e cornos) como dantes!

  • (...)"Você é suficientemente inteligente para não se importar se a sua mulher arranjar um amante um mês depois de casar.”
  • (...) “Um homem tão inteligente como você não deve consentir que lhe batizem os filhos, porque desse modo contribuiria para o progresso e para a propaganda civilizadora, como é dever de todos os homens, tarefa que talvez se cumpra melhor quanto menos preconceitos se respeitarem!"
  • (...) Outro exemplo: Varentza, depois de viver sete anos com o marido, abandonou os dois filhos e, numa carta que dirigiu ao primeiro, declarou clara e terminantemente: “Verifiquei que não posso ser feliz com vocês. Nunca lhes perdoarei por me terem enganado ocultando-me a existência de outro regime social baseado nas comunas. De tudo isso tomei conhecimento há pouco, graças a um homem generoso a quem me entreguei e com o qual fundei uma comuna. É demasiado tarde e quero ser feliz.”
  • (...) Mesmo assim (ela, a rapariga) compreendeu perfeitamente certos pormenores … Por exemplo, compreendeu sem dificuldade que beijar a mão … isto é, que o homem ao beijar a mão à mulher a ofende, por lhe fazer sentir a desigualdade existente entre ambos.
  • (...) ocupemo-nos agora das infidelidades: A palavra “cornos”, posta em circulação por Puschkine, essa palavra baixa e grosseira, não figurará nos dicionários do futuro. Que aberração! Não há nada mais absurdo! Pelo contrário, no casamento livre não haverá nada disso! Os cornos são apenas consequência natural e por assim dizer o correctivo da união legalizada, um protesto contra um laço indissolúvel, e observados desse ponto de vista nada têm de humilhantes … Se um dia – coisa absurda, mesmo no campo das hipóteses! … - me casasse legalmente, gostaria muito que me pusessem esses cornos que tanto o assustam… Então, diria à minha mulher:”Até agora, apenas te amei, minha querida: mas daqui em diante admiro-te porque soubeste protestar!” Ri-se? Isso é porque não possui a energia necessária para romper com os preconceitos …

Falas e perfil da personagem André Semionovich Lebeziatnikov – “um dos jovens progressistas mais avançado de Sampetersburgo, onde abundavam os progressistas, os nilistas e os idealistas sedentos de justiça” em Crime e Castigo – Dostoiewski

Memória - Greves em 1941


Durante o regime do Estado Novo a greve da indústria dos lanifícios da Covilhã de Novembro e Dezembro de 1941 é das mais significativas. Então, os operários reivindicavam um subida dos salários a que parte do patronato se dispunha a anuir.

Mas o Governo, não querendo abrir um precedente na sua política de congelamento salarial, ordena ao Instituto Nacional do Trabalho e Previdência e ao Grémio dos Lanifícios que proíbam os aumentos.
Essa greve, que Ferreira de Castro imortalizaria no livro A Lã e a Neve traduziu-se em ocupação de instalações, manifestações de rua, choques com as forças de segurança e numerosas prisões. 14 dos grevistas serão acusados e condenados por "crime de sublevação". Só em 1943 os aumentos salariais seriam concedidos através de um novo Contrato Colectivo no sector.

Muitos observadores relacionaram então, e agora, este surto grevista, com a queda de Mussulini na Itália, facto que a central por detrás das greves - o Partido Comunista - acreditava ser prenúncio da queda do salazarismo.

15.10.06

A visão de Ignacio Ramonet

«É a segunda revolução capitalista que gera colossais riquezas ... e abismos de desigualdade; a da intensificação planetária dos fluxos financeiros que circulam sem entraves e desreguladamente. São eles que gerem 95% da economia mundial. A título de comparação, a esfera da economia real - a que produz bens e serviços e dá empregos - não ocupa mais do que três dias de actividade do ano, se o avaliarmos em termos de valor global»

«Estávamos acostumados a enfrentar um inimigo escabroso, porém agora teremos que enfrentar o "big brother", um poder que exerce um delicioso despotismo graças à publicidade. A publicidade apresenta-nos um mundo futuro idílico e paradisíaco onde as pessoas vivem felizes e eufóricas.»

«Quem detém actualmente o poder real? O poder financeiro e o poder da mídia que a cada dia estão colocando de lado o poder político. O poder da mídia difunde a informação, a comunicação e a cultura que se convertem no aparelho ideológico que difunde as mensagens que chegam ao grande público.»

Uma taxa extra de 20% nas suas compras


As nações industrializadas vêem-se face a uma onda de confusão por parte do consumidor.... Em 1800, um cidadão tinha acesso à pouco mais que uns 300 produtos à venda na sua localidade. Já em 1993, a um habitante de uma metrópole de um milhão de habitantes corresponde mais do que um milhão de produtos diversificados.

Qualquer pessoa que , recentemente, tenha tentado optar por um seguro de vida, ou por um de entre as centenas de equipamentos de reprodução multi-media, ter-se-á apercebido imediatamente de quantas decisões acabam por se basear em palpites, reputação da marca ou puro cansaço.

Nos E.U., por exemplo, calcula-se que a ineficiência devida a essa confusão, custe algo como um trilião de dólares por ano à economia norte-americana. Isso representa algo como 10 mil dólares anuais por família - uma taxa oculta, que soma uma média de 20% dos produtos que compramos. Pense: a sua última aquisição poderia ter custado 20% menos!

Sintese do artigo "O Consumidor na idade da informação" in"The Futurist"

Desconstruindo Demónios: Talidomida (2)


A Drª Frances Kelsey, uma funcionária da FDA (Food and Drug Administration – o organismo com competência para autorizar a introdução de novos medicamentos nos E.U.), apesar das pressões do laboratório, usara de táticas burocráticas para adiar a aprovação Agora, que a nocividade colateral do medicamento estava demonstrada, apressa-se, com sucesso e resultados imediatos, a declarar que tivera razões científicas para duvidar da segurança da droga. Torna-se uma heroína nacional nos Estados Unidos. O presidente Kennedy condecora-a com a Medalha de Ouro Presidencial por serviços distintos, a mais alta condecoração do país.

Mas então, houve quem dissesse que a medalha lhe foi dada por ela nada fazer, por adiar uma decisão, o que é sempre a coisa mais segura para um burocrata. Agora, ela proclama que foi mais esperta do que na realidade foi. Além disso receia-se as consequências futuras do acto de Kennedy pois boas drogas, e necessárias, poderão ser retardadas por outros burocratas da FDA que pretendam também uma medalha.

Quatro anos mais tarde, em 1965, o médico israelita Jacob Sheskin prescreveu a Talidomida como sedativo para pacientes leprosos, observando acentuada redução da dor e do processo inflamatório associado à enfermidade e identificando-lhe propriedades anti-inflamatórias até então desconhecidas. Esta intrigante característica do medicamento incentivou diversos grupos de pesquisas ao estudo do mecanismo de acção perante a lepra.


Com base na descoberta das propriedades anti-inflamatórias e imuno-reguladoras da Talidomida a indústria norte-americana Celgene solicitou ao FDA a sua aprovação para uso no tratamento da lepra - concedida em Julho de 1998. Marcava-se de forma definitiva o renascimento deste fármaco, que representa, actualmente, um dos principais agentes terapêuticos disponíveis para o tratamento da doença.

Após adquirir o direito de comercializar e estudar a Talidomida , a Celgene iniciou uma série de ensaios clínicos com este fármaco, visando ao tratamento de doenças auto-imunes como a artrite reumatóide (inflamação crónica associada a destruição progressiva de ossos e cartilagem). Trabalhos paralelos divulgados por vários laboratórios de pesquisa, demonstram a aplicação terapêutica potencial da talidomida no cancro, na SIDA e mais especificamente, no retardamento da perda de peso desordenada de portadores do vírus da imunodeficiência adquirida e do bacilo da tuberculose. Adicionalmente, a talidomida representa a primeira terapia disponível nos últimos 20 anos para o tratamento de mieloma múltiplo (um tipo raro de cancro nos ossos)

Quarenta anos após o incidente teratogênico da década de 60 (o termo provém do grego "teratos", que significa monstro), a Talidomida ressurge como fármaco promissor para o tratamento de várias doenças. Entretanto, a despeito das novas aplicações terapêuticas da Talidomida o seu emprego como fármaco requer avaliação da relação risco-benefício, exigindo em alguns casos monitoramento médico adequado.

14.10.06

Desconstruindo Demónios: Talidomida (1)

Passaram 49 anos desde o momento em que a indústria farmacêutica alemã Chemie Grünenthal, colocou no mercado um medicamento que designou por Talidomida. Então foi comercializada como um sedativo e agente anti-naúseas, suficientemente seguro e sem efeitos colaterais relevantes, para inclusivamente, poder ser indicado quer para insónias, quer no alívio do mal-estar matinal comum em gestantes. Foi rapidamente prescrito a milhares de mulheres e espalhado para todos os cantos do mundo (146 países).

Na alemanha Ocidental, em Abril de 1961, os médicos andavam espantados com uma epidemia de «facomelia» – um fenómeno raro em que os bébés nascem tragicamente deformados, sem braços ou sem pernas, que são substituidos por rudimentos de membros que lembram caudas de focas. No ano anterior tinham sido relatados dois casos – mesmo assim um número sem precedentes. Agora, subitamente, existiam duzias de bébés facómelos.


Algumas mães, quando lhes mostraram as crianças que tinham dado à luz, gritavam de repugnância e desespero. Várias foram as que cometeram suicídio; muitas precisaram de ajuda psiquiátrica. A palavra, explicava-se, provinha do grego fhoke que significa foca e melos que significa membros. Um estudo da altura sugeriu que a causa podia estar nas poeiras radioactivas devidas às bombas atómicas.
Muitos bébes tinham outros defeitos além da falta de membros. Os ouvidos estavam ausentes ou deformados; corações, intestinos e outros órgãos estavam incompletos ou não funcionavam como devia ser. Alguns bebés morreram – «os com sorte», como escrevera um observador.


Os procedimentos de testes de drogas naquela época eram muito menos rígidos e, por isso, os testes feitos na talidomida não revelaram seus efeitos teratogênicos (produção de monstruosidades ou anomalias). Os testes em roedores, que metabolizavam a droga de forma diferente de humanos, não acusaram problemas. Mais tarde, foram feitos os mesmos testes em coelhos e primatas, que produziram os mesmos efeitos horríveis que a droga causa em fetos humanos.


Em Novembro de 1961, dois médicos, trabalhando independentemente e sem saberem um do outro – um pediatra na Alemanha e um obstetra na Austrália – ligaram a facomelia a uma droga: a Talidomida..


As autoridades australianas, mandaram retirar a Talidomida do mercado no mesmo mês em que a ligação foi estabelecida. A Alemanha Ocidental e a Inglaterra, um mês depois em Dezembro. Mas nos E.U. passaram mais dois meses até que, em Fevereiro de 1962 até que, em Fevereiro de 1962, o pedido de aprovação da Talidomida fosse retirado da FDA. O Canadá, inexplicavelmente, deixou a droga ser vendida até Março – quatro meses depois da Austrália a retirar e dando tempo a que mais indivíduos, incluindo mulheres grávidas, a tomassem.


A postura do mundo perante o aparecimento de novos medicamentos, para o bem e para o mal, não voltaria mais a ser o mesma. Agora conhecia-se mais um medicamento-demónio. Faltava aparecerem os (supostamente) heróis.

Continua…

Recortes

«A preferência das empresas pelos trabalhadores mais jovens foi explicada, sem rodeios, pelo director de um diário britânico, numa entrevista à BBC: "É muito simples, são mais baratos, porque ainda não sabem qual o seu valor de mercado e, porque não têm família, estão disponíveis para trabalhar mais horas.»

«A ciência económica possui a tradição da economia política herdada de Adam Smith, a qual fornece às pessoas principalmente um ponto de vista, uma perspectiva ou uma outra maneira de olhar a vida; a outra é representada pela teoria macro económica. Ela trata os processos económicos e sociais como a física e a mecânica tratam a natureza. Pretendendo dizer respeito a todos, não diz respeito a ninguém.» (Pedro Arroja)

«A palavra Democracia é daquelas que têm exercido uma influência maior entre as populações modernas. Os tribunos de comício exploraram-na de tal maneira, deram-lhe um tão vasto e miraculoso prestígio, atribuíram-lhe virtudes tão completas e tão decisivas - que ainda hoje existem muitas pessoas bem intencionadas, para quem ela tudo representa e tudo soluciona. Democracia - tornou-se a palavra-estandarte, a palavra-clarão. E os seus reclamistas conseguiram quase identificá-la com as ideias de civilização e de progresso...»

13.10.06

História... com Judeus

«Na centúria de Duzentos (12xx) as preocupações dos legisladores peninsulares começam a incidir na questão da usura praticada pelos judeus. São nesse sentido as medidas tomadas em 1266 por D. Afonso III, proibindo que o valor dos juros dos empréstimos ultrapassasse o valor do próprio empréstimo e as dos códigos de Afonso X o Sábio, ilegalizando que o juro dos empréstimos ultrapassasse os três meradevis em cada quatro, ao ano, assim como determinava que o credor não pudesse desfazer-se do penhor deixado pelo devedor. »

«D. Afonso IV (muito antes de Adolf Hitler) determinou que os judeus usassem uma estrela amarela de seis pontas, que seria mudada por D. João I para vermelho e do tamanho do selo real. O sinal deveria ser usado no exterior do vestuário em local bem visível sobre o estômago. »

«A estrela de David tem 6 pontas; Yahveh teria criado o mundo em 6 dias; os nazis teriam matado 6 milhões de judeus em 6 campos de extermínio. »

«O Rei de Espanha Fernando o Católico tinha uma mãe judia e a casa real britânica de hoje é também judia tal como a família de origem, alemã, Mountbatten. A Câmara Alta inglesa está repleta de lordes judeus.»

Desconstruindo Anjos - As Aparições (4)


Fátima – Mais forte que a razão

Eu não acredito na verdade histórica do «milagre de Fátima». Entretanto quero desde já destacar que tenho todo o respeito pelas pessoas que interiorizaram a fé suficiente para ver estes fenómenos, não à luz de ciências exactas, mas apenas à luz da sua própria religiosidade, - o que é igualmente valido.

Quando realmente «queremos ver» porque acreditamos, perante os nossos olhos podem perfeitamente desfilar, discos voadores, as pegadas de dinossauro do professor Galopim, as chuvas de peixes do Artur C.Clark, o Abominavel Homem das Neves, o monstro do Lock Ness ou as armas de destruição massiça de Sadam Hussein. A cada um sua verdade.

Finalmente parece-me interessante que Fátima, encerrando em si algumas fragilidades evidentes em termos racionalistas - «é impossível que a razão não tenha razão» - seja hoje, mais do que um local de peregrinação religiosa, um verdadeiro centro de culto e mundaneidade, que atrai, simultaneamente, crentes autênticos e exibicionistas mais ou menos snobes dos mais diversos quadrantes. Vai-se a Fátima por autenticidade espiritual - logo anonimamente, mas também se vai quando se procura projecção mediática e social. Estar em Fátima em determinadas alturas é «in», dá imagem. E há gente que não perde essa oportunidade.

Mas este crescimento da frequência de Fátima encerra alguma contradição em termos de lógica. O fenómeno - particularmente num momento em que o seu suporte, a Igreja Católica, entrou decisivamente em perda de influencia social - deveria, em teoria, reflectir esse declínio, agravado este ainda, pela aceitação generalizada e em paralelo, de doutrinas materialistas e esotéricas por parte de muitos dos seus visitantes. Mas não. Cada vez parece haver mais gente na Cova da Iria. Será milagre? Estará aqui finalmente, contrariando toda a lógica, o verdadeiro milagre de Fátima ?

Expressões...

  • «Por favor não digam à minha mãe que eu sou publicitário. Ela pensa que eu sou pianista... num bordel.»
  • «Eu e o meu povo chegamos a um acordo que nos satisfaz a ambos. Eles dizem o que lhes apetece e eu faço o que quero.» (Frederico o Grande)
  • «Não compreendo que dois “augures” (sacerdotes que interpretavam presságios - mas também se pode aplicar aos "videntes e adivinhos" dos nossos dias) possam olhar um para o outro sem se rirem.» (Cícero)
  • «Os homens aprendem a amar a mulher que os atrai, ao passo que as mulheres ficam cada vez mais atraídas pelos homens que amam.» (Diálogo em ‘Sexo, mentiras e vídeo")

Desconstruindo Demónios: O Tabaco (5)

Uma possivel FAQ do cigarro

Fumar é prejudicial à saúde? - Não está comprovado que o tabaco seja causa de doenças. Associações estatísticas entre o hábito de fumar e determinadas doenças não são o mesmo que causas. Quando são divulgadas associações estatísticas entre determinadas doenças e o tabaco, confunde-se factor de risco com causa - coisas totalmente diferentes. Exposição a factor de risco não significa causa.

Mas o cigarro prejudica a saúde de quem não fuma. Os não-fumadores acabam transformando-se em fumadores passivos?... - A expressão "fumador passivo" é errada. Quem está perto de um fumador não fuma; no máximo, respira um ínfima parcela da fumo ambiental do cigarro e, ainda assim, filtrada pelo nariz. Cientistas europeus avaliaram 48 estudos epidemiológicos sobre fumo ambiental do tabaco e cancro no pulmão e apontaram riscos relativos abaixo de 2 para não - fumadores, considerados pequenos e inconclusivos.

Mas o fumo do cigarro está entre os principais focos de poluição em recintos fechados?... Em medições no dia-a-dia normal, observa-se que o fumo do cigarro quase não está presente no ar que respiramos.

Mas a gente não vê o fumo dos cigarros acumulando-se em ambiente onde as pessoas fumam? - O fumo do cigarro leva uma culpa que não tem, de poluir recintos fechados, na verdade afectados em mais de 95% dos casos por outros agentes. Determinar áreas para fumadores e não fumadores, atendendo ao direito de todos, tem dado bons resultados em diversos ambientes.

Quer dizer então que proibir o tabaco não melhora a qualidade do ar em recintos fechados? - Proibir o tabaco não melhora a qualidade do ar em ambientes fechados. A eliminação do fumo do cigarro serve apenas para mascarar a impureza e a falta de filtração do ar.

Podemos afirmar, então, que o tabaco não faz mal à saúde? - O tabaco pode ser considerado apenas um factor de risco, como muito outros, para determinadas doenças. A literatura médica, por exemplo, lista mais de 300 factores de risco só para doenças cardiovasculares.

De qualquer modo, fumar é um vício? - É inadequado definir o hábito de fumar como "vício". Por causa do uso indevido que se faz hoje da palavra "vício", diz-se que muita gente é "viciada"em chocolate, computadores, novelas de TV e outras coisas". - Fumar é um hábito, não um vício. Tanto que só nos EUA há 40 milhões de pessoas que deixaram de fumar sem qualquer ajuda profissional.

Qual o benefício de fumar? - Cada fumador tem a sua opinião: uns gostam do cheiro, outros têm prazer no sabor, outros ainda identificam-se com o ritual, com o manuseio e até mesmo com o fumo do cigarro. Embora os estudiosos não tenham chegado a qualquer explicação definitiva sobre o assunto, a ideia mais aceita é de que fumar traz benefícios psicológicos para determinados indivíduos e supõe-se que isso seja efeito da nicotina.

Os aditivos colocados no tabaco durante o processo de fabricação de cigarros não são perigosos? - Os aditivos dos cigarros são extractos e essências naturais que funcionam como aromatizantes ou agentes de sabor, bastante utilizados também na indústria alimentícia.

12.10.06

Dito e anotado

«A selva é um exemplo acabado de liberalismo. O único problema é que ali, como nos outros lados, os mais fortes eliminam paulatinamente os mais fracos, certamente porque não têm possibilidades de os tornar, pelo menos, consumidores de qualquer coisa que se possa vender.»

«É ilógico aceitarmos, como o fazemos em democracia, que a expressão matemática da soma dos múltiplos egoísmos pessoais que se traduzem no voto, é um egoísmo bom ou o melhor egoísmo possível.»

«Os piores nunca podem escolher os melhores ainda que sejam a maioria. Só os melhores podem escolher os melhores, mesmo sendo a minoria.»

«Não me venham com argumentos de que o Estado deve intervir nos hábitos dos cidadãos, porque paga a factura da sua saúde: para o Estado o doente mais barato é o doente morto.

Desconstruindo Anjos - As Aparições (3)

Fátima – Um milagre oportuno
  • Entretanto surge a declaração de guerra por parte da Alemanha em 1916, e o envio, já em Janeiro de 1917 - o ano das «aparições» - dos primeiros soldados portugueses do corpo expedicionário que viria a combater no centro da Europa, donde, logo em Abril, começam a surgir noticias das primeiras baixas humanas do nosso lado.
Em Portugal, saía-se das sequelas de mais uma revolução com declaração de estado de sitio (Dezembro de 1916) e viviam-se as restrições impostas pela guerra, nomeadamente os racionamentos de alimentos e de energia.

Como diriam os brasileiros, nesse ano a barra estava particularmente pesada para o lado dos portugueses. Mais remotamente, havia também La Salette e Lourdes, dois santuários onde se tinham anunciado aparições da Virgem e que então conservavam a primazia de preferência para as peregrinações do mundo católico, o que afectava alguns interesses portugueses, religiosos e outros.

Para resolver este conjugação negativa de factores, só mesmo um milagre. As condições psicológicas estavam criadas. E então «o milagre» aconteceu !?

Como consequência Fátima não tardou em tornar-se uma arma contra o regime republicano anti-clericalista e, simultaneamente, uma importante fonte de receita para a propaganda católica, uma vez que as peregrinações passaram a realizar-se em direcção ao novo local místico, agora em concorrência directa aos santuários estrangeiros.
O povo crente encontrou por sua vez em Fátima, e nas mensagens que de lá irradiavam, algum conforto espiritual e um lenitivo para encarar com a resignação e esperança (tão judaico-cristãs), as angustias da guerra, as privacoes e a insegurança dos momentos difíceis. E o culto do «milagre» surgiu, para não mais parar até aos nossos dias.
continua...

11.10.06

Reflexões...

«Aparenta britânico. Pensa judeu.» (Lema da Harward Business Scholl)

«Poupança é a virtude que mais aplaudimos nos nossos antepassados.» (Anónimo)

«Qual é o maior gosto na vida? Bem ... a seguir a esse» (Texto publicitário)

«Os povos? Os povos acreditam no que lhe dizem!» (A.S.Marques)

«Se o Presidente fosse adepto da poligamia e, por essa razão, hoje tivessemos quatro ou cinco primeiras damas, seria mais fácil para o povo americano gostar pelo menos de uma delas.» (Lider americano muçulmano referindo-se ao Presidente Clinton)

Desconstruindo Anjos - As Aparições (2)

Fátima – Um milagre necessário

  • Numa perspectiva de rigor histórico, o fenómeno Fátima, já entrou na categoria dos mitos criados para cumprirem, na sua época, uma determinada função politica e religiosa. Obviamente em 1917, o sobrenatural não andou por ali. Porem, não obstante as luzes (?) e o racionalismo empírico dominantes no século XX, terem tentado relegar Fátima para o reino da crendice pura – o mito ali está, arreigado na espírito e na tradição de muitos portugueses -, relegando, ele sim, para plano secundário, as teorizações dos cépticos que continuam a achar incompreensível, a tolerância perante a notória falta de verdade histórica do acontecimento. Estará, nesta postura popular, a essência do verdadeiro Milagre de Fátima ?


Para tentar compreender as «Aparições de Fátima» convém situá-las no seu contexto histórico. Decorria então o ano de 1917. A Republica de 1910, atavicamente anti-clericalista, não cessara, até então, de retirar poderes e importância social à igreja e ao clero. Tudo vem a culminar na promulgação de uma lei da separação entre a Igreja e o Estado em 1911. Através dela, não só, na prática, o Estado deixava de reconhecer a religião católica como religião oficial do país como, implicitamente, de conceder quaisquer direitos especiais a sua hierarquia.


Uma aplicação elucidativa do espírito da nova lei, pode observar-se na sua determinação de que todas as manifestações religiosas no exterior das igrejas passassem a depender de prévia autorização legislativa das autoridades, as quais só a podiam conceder, nas localidades onde procissões etc., fossem um «costume inveterado» dos cidadãos (repare-se na utilização do termo inveterado, geralmente utilizado para qualificar alcoólicos).


Enfim, o Estado não gostava do clero e este retribuía-lhe o afecto. Esta animosidade mútua viria a culminar com o corte de relações diplomáticas entre Portugal e a Santa Sé em 1913.

continua...