Balada para D.Quixote

Um olhar de viajante na última carruagem do último combóio de uma Memória intemporal.

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Localização: Covilhã, Portugal

A generalidade daquilo que você (e eu) julgamos saber, pode estar errado, porque, em regra, assenta em «informação» com falta de rigor e imparcialidade, vinda de quem interessa formatar a nossa mente. Pense você mesmo! Eu faço-o!

3.2.08

Novos Televangelistas


Cresci a ouvir sermões. Nascido numa família católica, a missa de domingo era um ritual obrigatório. E não há, ou melhor, não havia então, missa sem sermão.
Confesso que nesse pormenor era um privilegiado. Contrariamente à maior parte dos meus amigos, eu, quando o padre celebrante iniciava a eterna litania, que precedia o sermão, - “Naquele tempo …”, embora aparentemente atento, em regra o pensamento voava-me para sítios que nada tinham a ver com “aquele tempo”, e tudo com o tempo de então, que era bem mais estimulante.
Onde estava o meu privilégio? Em que a minha mãe, contrariamente ao que faziam as mães dos meus amigos, não tinha o hábito de conferir se eu tinha ido realmente à missa, perguntando – “o que disse o padre no Evangelho?”. Isto funcionava na época, como um verdadeiro detector de mentiras, que eram frequentes entre a minha classe etária.

O tempo foi-me afastando da igreja, à medida que se começou a verificar o inevitável confronto entre a Doutrina teológica por um lado, Razão e a História por outro. Foi uma separação amigável. Quando se proporciona, não sinto qualquer reserva mental em entrar num templo (de qualquer religião). São geralmente espaços tranquilos que convidam à reflexão.De todo esse tempo porém, ficou-me o sentimento de que já tinha “a minha conta”quanto a ouvir sermões". Puro engano.

O pior estava para vir.De crescendo em crescendo, os sermões, agora de origem laica, e, sobretudo provenientes de expressão do "pensamento unico" dominante, foram-me perseguindo pela vida fora. Atingiram o insuportável nos tempos actuais, com a presença dessa realidade, simultaneamente maravilhosa e diabólica que são os media.

Autênticos televangelistas invadem a partir dali, as nossas mentes, massacrando-as com as suas “verdades”, para que possamos optar entre um céu na terra (asséptico, sanitarizado, sem fumo (só dos cigarros...) e cheio de tolerância) mesmo perante as maiores aberrações face às leis naturais, à logica e ao raciocínio, e as penas dos infernos, ainda na terra, via censura pública ou até mesmo, Código Penal.

Aqui reside a diferença entre estes novos sermões e os que fazia, do altar, o senhor padre, porque, quanto à essência destes novos evangelhos, permanece intacto o princípio judaico-cristão da perversidade natural do nosso corpo e, portanto, a necessidade de o castigarmos. Fazendo penitências várias obviamente.

Disso se encarrega antes de todos, o Estado, através dos impostos e da sua Fábrica Universal de Leis, que tempo por lema “uma lei para tudo, tudo conforme a lei”, e tem imensos “pregadores” (políticos, burocratas, ONGs etc.) para nos explicar, que isso é exactamente assim, porque essa é a nossa liberdade: a de apenas podermos fazer tudo o que não é proibido – que já é pouco e será cada vez menos. Parece que esta é a muito badalada, mas nunca definida "ética republicana".

Ocorre-me dizer, emulando o "excelente" ministro Mario Lino (que até ... é engenheiro, como ele sublinha) Pregadores para mim? - "Jamais!"

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