Balada para D.Quixote

Um olhar de viajante na última carruagem do último combóio de uma Memória intemporal.

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Localização: Covilhã, Portugal

A generalidade daquilo que você (e eu) julgamos saber, pode estar errado, porque, em regra, assenta em «informação» com falta de rigor e imparcialidade, vinda de quem interessa formatar a nossa mente. Pense você mesmo! Eu faço-o!

29.1.07

Frustração é ...

  • Qual é a principal diferença entre frustração e desespero? Frustração, é quando pela primeira vez você não consegue dar a segunda… Desespero, é quando pela segunda vez você não consegue dar a primeira …
  • Que cara tão linda ! Que olhos tão belos ! Que alma tão pura ! Que corpo tão sexy ! Que pele tão macia ! Bom … deixemos de falar de mim. – Como estás ? (mensagem enviada por telemóvel)
  • Qualquer idiota é capaz de pintar um quadro, mas somente um génio é capaz de vendê-lo.
  • Eu queria morrer como o meu avô, dormindo tranquilo … E não, gritando desesperadamente como os 40 passageiros do autocarro que ele conduzia.
  • Dele, pode dizer-se que tem todas as características de cão excepto a lealdade.
  • Se te deparares com uma cobra e um indiano, mata primeiro o indiano. (dito africano)
  • “Aqui jaz Sylvins (o anatomista judeu francês Jacob Sylvius - 1559) que nada fez sem cobrar. Agora que está morto, enfurece-o que leias isto de graça.”
  • Quer que eu faça isso? O seu último escravo morreu de quê?

28.1.07

Os Homens ...

  • Os homens tornam-se pequenos quando se juntam. (Nicolas Chamfort)
  • Os homens agrupam-se por medo e isolam-se por tédio. (Agustina Bessa-Luis)
  • O perigo no passado era que os homens se tornassem escravos. O perigo do futuro é que os homens se tornem autómatos. (Erich Fromm)
  • A propensão para a permuta, o intercâmbio e a troca de uma coisa por outra é comum a todos os homens e não se encontra em qualquer outra raça de animais. (Adam Smith)
  • A razão porque os homens se opõem ao progresso não é porque eles odeiem o progresso, mas porque amam a inércia. (E.J. Goncourt)
  • Os homens são destinados, no momento em que nascem, a dirigir ou a ser dirigidos. (Aristóteles)
  • Os homens são tão simples que quem quer enganar, encontra sempre alguém que se deixa enganar. (Nicolau Maquiavel)
  • Os homens são como as estrelas: alguns geram a sua própria luz enquanto que outros reflectem apenas a luz que recebem. (José Marti)

27.1.07

Inglaterra - Chá, Charme e Perfídia


Em 1793, o Marquês de Ximenes, criou uma expressão que fez história: a pérfida Albion. Para ele a Inglaterra (Albion, para os antigos romanos) era o exemplo acabado do reino onde se dizia uma coisa e praticava-se outra, totalmente ao contrário. Talvez não pudesse imaginar, passados mais de dois séculos, o quanto aquela expressão ainda teria actualidade.

A rainha Vitória, em 1839, recebeu uma carta da China, de Lin Zexu, o comissário imperial de Cantão, encarregado de combater o contrabando do ópio nas costas chinesas. Apelava ele à majestade britânica, para que ela fizesse algum tipo de intervenção junto aos seus súbditos que comerciavam com o Oriente, no sentido de coibir o nefando tráfico de drogas feito pelos mercadores ingleses. Tráfico que ampliava cada vez mais o vício entre os súbditos do imperador.

Queria evitar que a China fosse tomada pelos, efeitos do ópio que os ingleses traziam nos seus barcos, das suas plantações na Índia, para vender nos portos do Império Celestial. Estranhava o comissário o reino britânico, proibir a rainha o consumo daquela droga no seu território, mas não se mover, para impedir que aventureiros navegando sob sua bandeira o fizessem livremente em outras bandas.

Em resposta, a rainha Vitória argumentou que bem pouco podia proceder sobre aquele assunto visto que o seu reino advogava a favor do livre comércio. Além disso, algum ópio era consumido pelos próprios ingleses na forma de láudano e, os seus efeitos não era assim tão devastadores.
Mas não só. Naquele mesmo ano, em Novembro de 1839, o Parlamento da Grã-Bretanha aprovou - a pretexto de buscar reparar os prejuízos dos traficantes perseguidos pela política do comissário - uma declaração de guerra contra China.

Travou-se então, com a rápida derrota dos orientais, uma das mais infames guerras da historia moderna: a Guerra do Ópio (1839-1841). Os chineses, capitulando, não somente foram obrigados a aceitar a importação do ópio, como a suspender legislação que prejudicasse o seu consumo. Durante quase um século inalar o "veneno infiltrado", como disse Lin Zexu, passou a ser uma espécie de segunda natureza do povo chinês, dopado pelo colonialismo.

Nada disso, todavia, maculou a imagem da boa rainha Vitória junto ao seu povo, admirada no transcorrer dos seus 64 anos de reinado pelo alto padrão moral que exigia da corte, a ponto de vitorianismo confundir-se, ao largo do século 19, com moralismo e puritanismo.

Recentemente, outro monumental exercício da perfídia britânica deu-se com a princesa Diana. Ela procurou chamar a atenção do mundo para os devastadores efeitos que as minas terrestres provocam nas vítimas, especialmente nas guerras africanas. Ocorre que os maiores fabricantes mundiais dos tais artefactos eram justamente as fábricas britânicas e americanas. Leis apresentadas no Parlamento de Londres e no Congresso norte-americano que tentaram coibir a produção delas foram discretamente rejeitadas.

A última façanha deles. O Partido Trabalhista no poder, mobilizou-se para fazer aprovar a Hunting Bill, lei que suspende o desporto da caça à raposa, feito com cães, a pretexto de ser uma prática cruel para com os animais. Não obstante, este mesmo partido, tão consternado com o destino dos bichos, é o mesmo que, com pretextos falsos e mentirosos, colaborou, aliado aos Estados Unidos, na invasão e na destruição do Iraque. Jamais apareceu no Parlamento britânico qualquer moção de repúdio pelo uso de cães ferozes pelos interrogadores americanos na prisão de Abu Ghraib.
Sinopse. Fonte: http://educaterra.terra.com.br

26.1.07

Ahmadinejad - A Entrevista


Ficou surpreso com as reacções na Alemanha às suas afirmações sobre o Holocausto ?
- Não, nem um pouco, porque a rede do sionismo é muita activa em todo o mundo, e na Europa também. Assim, não fiquei surpreso. Estávamos a dirigir-nos ao povo alemão. Não temos nada a ver com os sionistas.
A negação do Holocausto passível de punição na Alemanha. Fica indiferente quando se confronta com tamanha indignação?
- Sei que que a Der Spiegel é uma revista respeitada. Mas já não sei se vocês têm permissãopara publicar a verdade sobre o Holocausto. Vocês podem mesmo escrever qualquer coisa sobre isso?
É claro que podemos escrever. Mas pelo nosso ponto de vista os alemães são culpados pelo assassinato de seis milhões de judeus.
- Bem, sendo assim nós provocamos uma discussão bastante concreta. Estamos apresentando duas perguntas bem claras. A primeira é: o holocausto realmente ocorreu? Você responde a esta pergunta na afirmativa. Assim, a segunda questão é: de quem foi a culpa por isso? A resposta para isso precisa ser encontrada na Europa, e não na Palestina. É perfeitamente claro. Se o Holocausto ocorreu na Europa, então é preciso que se encontre a pergunta também na Europa. Por outro lado, se não houve Holocausto, por que então esse regime de ocupação...
...Quer dizer o Estado de Israel...
...aconteceu? Por que os países europeus se comprometem a defender esse regime? Permita-me levantar uma questão a mais. Segundo a nossa opinião, se uma ocorrência histórica se coaduna com a verdade, tal verdade será revelada com a maior clareza se houver mais pesquisa e discussão a seu respeito.
Isso acontece há muito tempo na Alemanha...
- Não queremos confirmar ou negar o Holocausto. Opomo-nos a todos os tipos de crime contra qualquer povo. Mas queremos saber se esse crime ocorreu de facto. Se ocorreu, então aqueles que são responsáveis por ele têm que ser punidos, e não os palestinianos. Por que não é permitida a pesquisa sobre um facto ocorrido 60 anos atrás? Afinal, outras ocorrências históricas, algumas das quais se passaram vários milhares de anos atrás, estão abertas à pesquisa, e até os governos apóiam tal iniciativa.
Senhor presidente, não existe a menor dúvida nem quanto à existência do Holocausto: o destino dos palestinianos é uma questão inteiramente diferente, e isso nos remete ao presente.
- Não, não, as raízes do conflito palestino precisam ser buscadas na história. O Holocausto e a Palestina estão diretamente conectados um ao outro. E se o Holocausto realmente ocorreu, então vocês deveriam permitir que grupos imparciais de todo mundo pesquisassem o assunto. Por que vocês restringem a pesquisa a um certo grupo?

O senhor ainda afirma que o Holocausto é apenas "um mito"?
- Eu só aceitarei algo como verdadeiro caso fique realmente convencido disso.
Mesmo que nenhum pesquisador ocidental tenha qualquer dúvida quanto à existência do Holocausto?
- Mas existem duas opiniões quanto a isso na Europa. Um grupo de estudiosos, ou de pessoas, a maioria politicamente motivada, diz que o Holocausto ocorreu. Mas existe um outro grupo de pesquisadores que representa a opinião oposta e que, por isso, foi na sua maioria encarcerado. Sendo assim, um grupo imparcial precisa investigar e formular uma opinião sobre esta questão muito importante, já que o esclarecimento deste facto contribuirá para a solução de problemas globais. Sob o pretexto do Holocausto, ocorreu uma polarização muito forte no mundo, e formaram-se frentes antagónicas. Seria, portanto, muito bom se um grupo internacional e imparcial examinasse o assunto a fim de esclarecê-lo de uma vez por todas. Normalmente, os governos promovem e apóiam o trabalho dos pesquisadores sobre fatos históricos e não os colocam na prisão.

Quais seriam essas pessoas? A que pesquisadores o senhor se refere?
- Vocês devem saber disso melhor do que eu. Possuem a lista. Tem gente da Inglaterra, da Alemanha, da França e da Austrália.
Deve estar a referir-se a David Irving, a Ernst Zündel, a, Georges Theil, indivíduos que negam o Holocausto.
- O simples facto de os meus comentários terem causado tamanhos protestos, embora eu não seja europeu, e também o facto de eu ter sido comparado a certas pessoas que fazem parte da história da Alemanha, indica o quanto o clima para as pesquisas está carregado no seu país.
O senhor questiona o direito à existência de Israel?
- Veja bem, as minhas posições são bem claras. Estamos dizendo que se o Holocausto ocorreu, então a Europa precisa arcar com as consequências, e que não são os palestinianos que devem pagar o preço por isso. E se o facto não ocorreu, então os judeus precisam voltar ao lugar de onde vieram. Eu acredito que hoje o povo alemão também é prisioneiro do Holocausto. Na Segunda Guerra Mundial morreram 60 milhões de pessoas. Foi um crime gigantesco. Nós condenamos tudo isso. Somos contra o derramamento de sangue, não importando se o crime foi cometido contra um muçulmano, um cristão ou um judeu. Mas a questão é: por que, em meio a essas 60 milhões de vítimas, somente os judeus são o centro das atenções?

Todos os povos lamentam as vítimas da II Guerra , mas, nós alemães, não podemos esquivar-nos a uma culpa especial. Aquela referente ao assassinato dos judeus. Mas talvez agora devessemos passar a um outro assunto.
- Não, eu tenho uma pergunta para vocês. Que espécie de papel a juventude de hoje desempenhou na Segunda Guerra Mundial?
Nenhum.
- Então porque esses jovens deveriam nutrir sentimentos de culpa com relação aos sionistas? Por que as contas dos sionistas deveriam ser pagas com dinheiro dos bolsos dessa juventude? Se pessoas cometeram crimes no passado, então elas teriam que ser julgadas há 60 anos. Fim da história! Por que o povo alemão precisa ser humilhado hoje pelo facto de um grupo de pessoas ter cometido crimes em nome dos alemães no curso da história?
Existe uma espécie de vergonha colectiva por actos cometidos em nome dos alemães pelos nossos pais e avós.
- Por que tal fardo está colocado sobre o povo alemão? O povo alemão de hoje não tem culpa alguma. Por que não é permitido ao povo alemão o direito de se defender a si próprio? Por que os crimes de um grupo são tão enfatizados, em vez de se ressaltar a grandeza da herança cultural alemã? Por que os alemães não devem ter o direito de expressar as suas opiniões livremente?

Senhor presidente, estamos conscientes de que a história alemã não é feita apenas dos 12 anos do Terceiro Reich. Não obstante, precisamos aceitar que crimes horríveis foram cometidos em nome dos alemães..
- Vocês estão preparados também para dizer isso ao povo alemão?

Ah, sim, nós fazemos isso.
- Então vocês também permitiriam que um grupo imparcial perguntasse ao povo alemão se ele compartilha a vossa opinião? Nenhum povo aceita a sua própria humilhação.
Todas as perguntas são permitidas no nosso país. Mas é claro que existem radicais de extrema-direita na Alemanha que são não apenas anti-semitas, mas também xenófobos, e nós de facto consideramo-los uma ameaça.
- Deixe-me perguntar-lhe uma coisa: por quanto tempo mais isto pode continuar? Por mais quanto tempo você acha que o povo alemão terá que aceitar ser refém dos sionistas? Quando é que isto terminará - daqui a 20, 50, mil anos?
Não somos aliados acríticos de Israel no conflito palestino…
- Essa é precisamente a questão. Por que vocês deveriam sentir que devem obrigações aos sionistas? Se realmente houve um Holocausto, Israel deveria ficar na Europa, e não na Palestina.

Deseja transferir todo um povo 60 anos após o término da guerra?
- Cinco milhões de palestinos não têm uma casa há 60 anos. Isto é realmente surpreendente. Vocês vêm pagando indenizações referentes ao Holocausto há 60 anos, e terão que continuar a pagar por mais cem anos. Por que então o problema dos palestinos não é uma questão válida?

Sinopse. Entrevista à Der Spiegel

24.1.07

O Fusil Curvo e a Lista de Schindler


- E para que serve esse fuzil de cano curvo que você diz ter acabado de inventar? - Ora, ‘tá-se vendo …. para atirar sobre bandido desde a esquina da rua!

Isto, lia-se em balões num engraçadíssimo cartoon brasileiro. Recordei-o especialmente ao interessar-me um pouco mais sobre um dos mitos modernos, criados pelo lóbi judaico de Hollywood com o famoso filme “A Lista de Schindler”. Posta de lado a propaganda “pró” e “contra”, o que mais me impressionou foram as fotos aéreas tiradas em 1944 sobre o campo de Plaszow, próximo de Cracóvia.

Em contraponto “revi” uma das cenas mais fortes do filme. O comandante Goeth, na sua vivenda sobranceira ao campo de concentração, sai da cama onde se divertia com a amante de ocasião e, com um ar displicente caminha até ao terraço, pega numa espingarda e então desfruta alguns momentos de prazer, fazendo disparos sobre os prisioneiros que iam ficando momentaneamente na mira da sua arma. Uma cena horrível: close-ups sobre as vítimas (judeus) atingidos. Sangue. Dantesco, mesmo. Aquela gente, os nazis, não podiam ter alma como qualquer outro ser humano!

Aqui entram as fotos aéreas do campo de Plaszow que ficava rodeado de colinas e não era visível da estrada para Cracóvia. A casa do comandante Goeth, está perfeitamente localizada e ficava, não no alto de uma colina mas na base e … do lado oposto ao campo. Logo da casa seria impossível avistar sequer o campo e muito menos disparar para lá, nem sequer com uma espingarda como aquela de que falava o cartoonista brasileiro.
Só mesmo com um morteiro. Logo o guionista (e quem o guiou) mentiu deliberadamente quanto a este pormenor espectacular, como de resto em relação a vários outros. E Spielberg sabia-o perfeitamente.

Mas o mais importante, a mensagem, e imensas como esta passaram, passaram, através de poderosos canais de difusão para todo o mundo. Criaram uma ideia de massas. Um ícone praticamente indestrutível. Conseguiram transferir um injustificado sentimento de culpa para toda uma nação, a Alemanha, outrora tão orgulhosa da sua contribuição para a cultura mundial, para aquilo que hoje é: um povo cabisbaixo, descrente, que até teme exibir a sua bandeira nas grandes realizações desportivas.

23.1.07

Close-Up: Portugal

  • Aqui (em Portugal) importa-se tudo: leis, ideias, filosofias, teorias, assuntos, estéticas, ciências, estilo, indústrias, modas, maneiras, pilhérias, tudo nos vem em caixotes. A civilização custa-nos caríssimo em direitos alfandegários, e é em segunda mão. (Eça de Queiroz - Os Maias)
  • As forças de esquerda em Portugal dominam a literatura (e actualmente a media) pelo menos desde 1850, altura em que dos 25 escritores nomeados entre os mais notáveis, só um, não era de todo progressista.
  • Portugal anos 60-70: surgem os primeiros centros comerciais - então denominados "drugstores"; desenvolve-se o "snack-bar", restaurante com serviço exclusivo ao balcão destinado ao crescente número de trabalhadores do sector terciário que almoçam fora de casa mas rejeitam o miserabilismo da lancheira.
  • Azinhaga dos Besouros - Amadora, Lisboa, Portugal - , um bairro onde a polícia é normalmente recebida a tiro): três mil habitantes, entre portugueses, cabo-verdianos (a maioria), angolanos, ciganos e alguns cidadãos da Europa de Leste. Chegaram ali quase todos na década de 80 (...) «Ui, ali para baixo, a partir das dez da noite, parece o Texas. A gente já não liga aos tiros porque é todos os dias»(...) «Noutro dia parou ali um homem a distribuir bilhas de gás. Parou para telefonar, roubaram-lhe logo o telemóvel». (...)«Ali, ao pé da farmácia, chegaram a colocar montes de cimento para obrigar os carros a parar e os poderem roubar»,(...) «Uma vez os ciganos ausentaram-se uns três meses, quando cá chegaram os "pretos" tinham roubado tudo. Telefonámos para a polícia, quando eles estavam a levar máquinas de lavar, não fizeram nada»...
  • O sistema de vedação (em inglês "enclosure") revestiu-se da maior importância para a economia inglesa de meados do sec. XVIII. Foi a base das reformas que vieram a dar à Inglaterra uma das primeiras agriculturas da Europa, onde a produção aumentou e melhora. Nota: em Portugal tentou-se isto nos anos 50 com a designação de emparcelamento rural. Só que do lado de cá estavam portugueses, ...desconfiados e rebeldes a qualquer forma de autoridade.

21.1.07

A choldra


«Lá vou eu ter que voltar para aquela choldra», queixou-se um dia o Rei D.Carlos, no momento de iniciar um viagem de regresso a Portugal.
O rei foi assassinado. A choldra manteve-se. Prosperou. Ramificou para dentro do Estado, da media, e da política. Continua viva.

Vejamos um exemplo: no tradicional jornal nacional de referência Diário de Notícias, acolhe-se como colunista residente, uma tal Fernanda Câncio – ela própria uma personagem de gargalhada, a que talvez ainda me volte a referir, mesmo sob pena de contribuir para o protagonismo que ela sofregamente persegue - escreve, sob o título “O Juiz macho e o apalpão latino”, isto: “Os juízes lusos (...) mobilizaram-se pelo apalpão e pelo esfreganço livres, sem pena nem multa”. Mais adiante referindo-se a Portugal e ao seu edifício jurídico, a “plumitiva” afirma (releve-se-lhe o mau português): “(...) no país que um acórdão do Supremo estabeleceu, nos anos 90, como coutada do macho latino” (D.N. 19/01/07)

Ora, isto não é o exercício de um legitimo direito de crítica. Se isto não é, na minha humilde opinião, uma ofensa à magistratura de um estado de direito, então das três uma: ou eu não sei tipificar o que é ofensivo para uma magistratura; ou a magistratura entende não reagir perante estes actos; ou então, como dizia o rei, isto é mesmo uma choldra.

Todo o arrazoado da escriba é pura fúria esganiçada contra o facto de não se incluir num futuro Código Penal a tipificação de “crime” para a “importunação sexual” que ela, e o grupinho dela, imediatamente associa genericamente, aos “encostos” dissimulados às mulheres nos transportes públicos, mas jamais, à igual importunação para os homens que tenha origem nas mini-saias e nos cruzares de pernas científicos à Sharon Stone.
Estas Fernandas, se pudessem até, catalogariam de crime público o “olhar libidinoso” dos homens para as mulheres, porque no fundo, lá bem no fundo (como é que isto se diz Freud?), detestam-nos. O resto, mesmo com paparazzis atrás, é cenário.

20.1.07

Reflexões...

  • «Eu não acredito que viemos do macaco mas creio que estamos indo nessa direcção» (Gobineau)
  • «Quem não tem propriedade também não tem que respeitar a propriedade dos outros.» (Fichte)
  • «…repetem a sentença do louco que bate com a cabeça num muro: “É tão bom quando se pára!»
  • «Coelho casa com coelha, não com ovelha»
  • «Mulher de embaixador é embaixatriz, marido de embaixadora não é nada»
  • «Asno que à Universidade vá, de lá asno voltará»
  • «Há pessoas desagradáveis apesar das suas qualidades e outras encantadoras apesar dos seus defeitos»
  • «As leis e as salsichas, é melhor não saber como são feitas»
  • «Escrevemos porque ninguém nos ouve. Escrever é uma maneira de falar sem ser interrompido»

19.1.07

Herói ... Mas Não Muito


Aristides Sousa Mendes
Fizeram de Aristides Sousa Mendes um ícone. Herói, benfeitor da humanidade, são alguns dos menos exuberantes adjectivos que se colam ao seu nome. A sua história, devidamente encenada passa recorrentemente nos media.

Num pitoresco programa de televisão em que os espectadores são convidados através de televoto a nomearem os 100 maiores portugueses, ele ficou entre os 10 finalistas. Pode até vir a ganhar.
Os portugueses televotantes são absolutamente imprevisíveis e totalmente irracionais. Um dos nomeados para maior português de sempre era uma figura chamada António Variações; outra Álvaro Cunhal… Não há motivos para alarme. Na circunspecta Grã-bretanha, ao que se sabe, na réplica do mesmo programa, a Ladi Dy ficou à frente de Shakespeare…

O pedestal do cônsul de Portugal em Bordéus durante os anos da II Guerra Mundial, ergueu-se sobre uma base duplamente predestinada ao sucesso. Por um lado, e para consumo interno, desobedeceu a Salazar. Este, convencionou-se nos últimos 30 anos, ser a personificação politica do Mal; logo, no imaginário dos simples e bem-aventurados, quem o contraria coloca-se automaticamente do lado dos bons e dos justos; depois, através da sua desobediência às directivas do governo português, escancarando na prática as fronteiras portuguesas, através da concessão não autorizada de vistos, possibilitou que muitos milhares de judeus, sobretudo, mas também alguns outros refugiados, atingissem o país neutral que Portugal se esforçava por se manter face ao conflito.

Numa situação política internacional bastante complexa, Aristides resolveu desobedecer comprometendo a estratégia do governo português que, no final da guerra foi enaltecido pelas outras nações pela sua política perante os refugiados.

Hoje fala-se em altruísmo de Aristides, com a mesma displicência com que na época se poderia perfeitamente falar de traição. Ele foi apenas demitido, continuando a receber metade do ordenado até atingir a reforma. Poderia ter sido julgado. Atravessava-se um período de guerra. Noutros países tê-lo-ia sido.
O que levou Aristides a proceder assim?

Entramos no campo das conjecturas, mas uma hipótese possível é que as estreitas relações que manteve com o rabi de Antuérpia Jacob Kruger, durante os anos em que foi cônsul naquela cidade, o influenciaram a tal ponto, que tenham resultado nalgum tipo de conversão ou, no mínimo, de adesão às posições da religião judaica, e que estas tenham determinado o seu comportamento futuro. Facto é que Jacob Kruger se manteria nos tempos próximos sempre muito próximo de Aristides e seria este quem provavelmente o influenciaria.

Seja qual for a verdade, os judeus não foram muito gratos para com a colaboração de Aristides que morreu na pobreza: umas quantas árvores plantadas em sua homenagem, anos mais tarde, nos terrenos do Museu Yad Vashem e mais nada.

Já o Estado português recente, que não tem histórico de dignidade e ética, tem-se desdobrado em actos e homenagens oficiais perante a memória de alguém, que num determinado momento histórico, antes de mais, desrespeitou o Estado Português – pedidos públicos de desculpas, ordem da liberdade, cruz de mérito, placas comemorativas etc. Como dizia aquele nosso rei – “…é um fartar vilanagem!”.

18.1.07

Testemunhas do Século XX


Edmundo Pedro (2)
(entrevista a João Pedro George. Sinopse)
A primeira vez que entrou numa prisão tinha 15 anos?
- Fui preso por estar envolvido na tentativa de greve geral revolucionária de 18 de Janeiro de 1934. Pretendia ser uma greve contra a fascização dos sindicatos, levada a cabo pela antiga CGT de influência anarquista, pela intersindical de influência comunista e pelos sindicatos autónomos que representavam alguns sindicatos de influência ainda socialista. Eles juntaram-se todos e tentaram desencadear uma greve geral.
Ficou preso quanto tempo?
- Fui condenado num tribunal militar especial a um ano de prisão e perda dos direitos políticos. Tinha 15 anos, o que face à Constituição que Salazar elaborou em 1933 era ilegal. Face à Constituição, só aos 21 anos é que se tinha direitos políticos, ainda que fosse apenas em termos formais. Agora é aos 18. Eles tiraram-me aquilo que ainda não me tinham dado. Um absurdo.
Quando saiu continuou as actividades conspirativas?
- Sim, fui eleito para a direcção da Juventude Comunista com o Álvaro Cunhal. Repare que eu pertencia a uma família de comunistas. O meu pai, Gabriel Pedro, e a minha mãe, eram comunistas, eram funcionários do Partido Comunista. Foi um dos fundadores da ARA, Acção Revolucionária Armada, o braço militar do Partido Comunista.
Durou muito pouco tempo. Antes de morrer ainda veio por uma bomba no Cunene, o primeiro barco que foi sabotado contra a guerra colonial. Veio sozinho de Paris até Lisboa e voltou a Paris atravessando os Pirinéus. E tinha mais de setenta anos nessa altura! (...) Ora eu sou preso no dia 17 de Janeiro. Apanhei umas cacetadas e puseram-me ali porque as esquadras estavam cheias. Fui lá encontrar a minha mãe. Ao fim de 17 dias libertaram-me. Estive apenas 8 dias em liberdade. Quando voltei ela ainda lá estava. Os tipos disseram-me: "qualquer dia está cá o teu pai". Passado um mês e tal estava lá o meu pai. Foi lá parar também.

E os seus irmãos?
- Era tudo comunista. O meu irmão, era jovem comunista e foi assassinado numa manifestação organizada por mim, num daqueles comícios relâmpago que a JC fazia nos anos de 1930. (...) Aquilo era feito muito rapidamente: desfraldava-se a bandeira vermelha e distribuíam-se uns panfletos. O esquema era sempre o mesmo, para dizer que existíamos, que estávamos vivos, que tínhamos uma missão a cumprir. Acabámos aquilo, saímos a correr. O meu irmão ficou à porta. Logo depois veio a Polícia de Informações, os tipos do 28 de Maio, que começaram a agredir alguns rapazes. O meu irmão quis ajudar um amigo e disse qualquer coisa desagradável para os tipos. Rebentaram-no aos pontapés. Foi dali para o hospital S. José e morreu 15 dias depois.

17.1.07

Aborto: Para Além do NÃO ou do SIM


Ninguém, absolutamente ninguém, dos muitos que andam por aí empenhados em discussões acalorados sobre a questão do aborto, que novamente vai ser submetida a referendo em Portugal - porque, tem que dizer-se, da primeira vez não obteve o resultado pretendido pela “inteligentzia” instalada – enquadrou, a meu ver correctamente o debate.

Muito para lá de se discutirem direitos – da mulher em abortar e o do feto em nascer – esta é uma questão que se inscreve num movimento histórico e social muito mais vasto, com origens já recuadas no tempo. Passa por uma estratégia que visa antagonizar, envenenar e por fim, alterar profundamente, as relações homem-mulher, a instituição casamento e a própria existência da família nos moldes em que actualmente a conhecemos.
Se retirarmos toda a “espuma” emocional e competitiva que envolve esta disputa entre adeptos do sim e do não; o folclore e o marketing dos slogans do “direito ao corpo” (…corpo da mulher, claro), “libertação sexual”, “emancipação”, "direitos da mulher”; fica algo, profundo. Preocupante, até em termos civilizacionais…

15.1.07

Anotado

»» O Ocidente está vazio, mesmo que ainda não tenha real consciência disso. Civilização extraordinariamente inventiva, certamente a única capaz de enfrentar os desafios do terceiro milénio, mas o Ocidente já não tem alma.
»» (...) existe uma Civilização, que já há 5000 anos, na pequena cidade de Atenas, tinha atingido um nível que a África do ano 2006 não consegue, sequer, imitar.
»» AMI o célebre acordo multilateral para o investimento que estava a ser cozinhado pela OCDE, continha uma cláusula que dava o direito às empresas (leia-se grandes multinacionais) de levarem a tribunal qualquer governo que adoptasse leis que lhe prejudicassem as margens de lucro – sem que os executivo pudessem interpor recursos. A instauração de regras de segurança ecológicas ou sociais, seriam assim motivos para processamentos contra os Estados
»» (...) mas em África não há nações, há tribos. Contra quem combatemos em África? – Contra os “bacongos” em Angola, os “macondes” em Moçambique, os “balantas” na Guiné .... (Silva Cunha – ex-Ministro do Ultramar)
»» Com o fim da guerra fria, o mercado tornou-se o novo paradigma económico e a sua liberalização, na nova ideologia dominante. Globalização passou a ser a palavra-chave do novo dicionário com o qual se quer interpretar o mundo. A divisão, entre os que a defendem como uma nova era de desenvolvimento, e os que a condenam como o reinado das multinacionais e dos poderosos e a condenação dos mais fracos, ameaça tornar-se o grande combate ideológico e político do sec. XXI

14.1.07

Figuras do Sec.XX - Marilyn Monroe


“Hollywood é um lugar onde pagam a alguém mil dólares por um beijo e 50 cêntimos pela sua alma”

É a sex-symbol do século, imortalizada desde tanto na imagem popular como em obras plásticas vanguardistas. Nascida Norma Jeane, algures nos EUA, vinda de uma infância infeliz, tornou-se modelo fotográfico antes de tentar a sorte como actriz em Hollywood. Começou por estudar o trabalho das lendárias actrizes Jean Harlow e Lana Turner, e inscreveu-se em aulas de teatro, sonhando com o estrelato.
Em 1946 assinou o seu primeiro contrato com a Twentieth Century Fox ganhando 125 dólares por semana. Pouco tempo depois, tingiu o cabelo de loiro e mudou o nome para Marilyn Monroe, que era o sobrenome de sua avó. Começou a carreira em alguns pequenos filmes, mas a sua habilidade para a comédia, a sua sensualidade e a sua presença no ecrã, levaram-na a conquistar papéis em filmes de grande sucesso, tornando-a numa das mais populares estrelas de cinema dos anos 50.
Apesar de sua beleza deslumbrante, as suas curvas e lábios carnudos, Marilyn era mais do que um símbolo sexual na década de 50. A sua aparente vulnerabilidade e inocência, junto com sua inata sensualidade, tornaram-na querida do mundo inteiro.
Nos primeiros filmes acumulou papéis indistintos – de loira estúpida em geral. Em 1952 Fritz Lang que a dirigiu em Cash by Night, escalpelizou-lhe a timidez e a insegurança, mas sublinhou que “ela tinha total consciência do seu impacto nos homens”. Entre filmes, coleccionou maridos e amantes, numa procura obsessiva de felicidade, só com paralelo na sua incessante procura de uma formação intelectual que lhe desse um reconhecimento, nos antípodas da sua imagem pública.

Morreu tragicamente de uma “overdose” de soporíferos, sem nunca se ter apurado se se tratou ou não de suicídio. Foi, como disse Arthur Miller, um dos seus maridos, “parte rainha, parte mendiga, às vezes de joelhos perante o seu próprio corpo, outras desesperando por causa dele”.

12.1.07

Os suspeitos do costume (2)


...continuado

Que se passa com os acidentes rodoviários? Nada mais que consequências que, obviamente derivam de causas. Que causas? Várias, mas a primeira delas é o aumento do parque automóvel. Entre 1970 e 2000, o parque automóvel da Comunidade Europeia triplicou, passando de 62,5 milhões de automóveis para quase 175 milhões.


A “buzzword”, “na cauda da Europa”, irrita-me sobremaneira. É própria do portuguesismo pequenino, miserabilista, auto-flagelante. Qual a realidade? Em Portugal (2005) devem ter morrido 0,086 pessoas por mil habitantes, o que poderá ser o segundo número mais baixo da Europa. No ano passado, morreram no Reino Unido 0,06 pessoas e na Alemanha 0,09. Todos os outros países estiveram muito acima.


Aumenta tragicamente a sinistralidade nas nossas estradas, dizem os demagógicos “pregadores”. Não é verdade. Em 1975, com menos de um quinto dos automóveis a circularem nas estradas portuguesas registaram-se 2.676 mortos; em 1976 a sinistralidade mortal já diminuía (2.594); em 2006, previsões apontam para 860 mortes.
Ao mesmo tempo o parque automóvel português passou de 1.100.000 unidades em 1975 para 5.700.000. A pirâmide invertida para que apontaria um elementar cálculo de probabilidades, não se verificou efectivamente.


Causas? Duas principalmente: automóveis mais seguros – a que a elevação do nível de vida das populações permitiu acesso – e melhores estradas. Para além disso pouco mais há a espuma inconsistente das teorizações.


A esmagadora maioria das pessoas que ao longo dos tempos conduziram pelas estradas não são, contrariando os televangelistas oficiais, nem psicopatas, nem inconscientes, nem suicidas potenciais. Porém as leis da física são inalteráveis, e à medida em que se lançam mais milhares e milhares de viaturas para as estradas, as colisões entre viaturas e as suas consequências vão ter que acontecer.


As leis leoninas que se produzem para pretensamente limitarem a sinistralidade rodoviária, e penalizar as infracções, são cortinas de fumo e um verdadeiro paradigma do cinismo do poder. Haverá coisa mais socialmente injusta do que a aplicação (democrática?!!!) de uma “coima fixa” (igual para o desempregado e para o director dum banco)?


Legisla-se compulsivamente. Limita-se a velocidade nas estradas; nas ruas (“óoobrigadinho pela boleia, mas vou a pé, estou com pressa”); impõe-se aos condutores um cinto de segurança, mesmo em pequenos percursos urbanos onde, a média de velocidade com que se circula, anda entre os 12 e os 19 km por hora; vigia-se-lhe o hálito para pesquisar vestígios de álcool; obriga-se o condutor a exibir 2 (dois) documentos de identificação em simultâneo (B.I. e Carta de Condução)... Tudo em nome da vigilância policial, ao serviço de um hipotético securitarismo social. Paralelamente e "como quem não quer a coisa", o Estado arrecada enormes quantias, extorquidas através das tais coimas, um verdadeiro imposto discreto.


Mas, então, se a velocidade é a grande causa dos acidentes na estrada, porque não se legisla para que os automóveis topo de gama que, de fábrica, trazem motores com potências passíveis de triplicarem esses limites, não obtenham autorização de circulação no país, sem a introdução de um limitador de velocidade interno? Porquê o rigor securitário só se exerce sobre os automóveis mais antigos que tem que ser regularmente inspecionados para poderem continuar a circular? Ou, não se produz uma lei que obrigue as viaturas a terem um aparelho registador de velocidades, vulgo tacógrafo, já obrigatório em viaturas pesadas? Porquê? Todos sabemos porquê e também sabemos que essa legislação nunca acontecerá… Os cães grandes não se confrontam mutuamente.

11.1.07

Os suspeitos do costume (1)


Pimba! Sempre que há previsão de elevado tráfego de automóveis particulares nas estradas portuguesas – feriados, férias, etc. – lá temos que, entre outras coisas, aturar o sermão recorrente dos televangelistas do trânsito.

A arenga é sempre a mesma: morre-se cada vez mais nas estradas nacionais (o que não é verdade), e estamos na cauda da Europa das estatísticas (o que é igualmente falso). As causas, há muito preestabelecidas como sendo as politicamente mais correctas para o poder, e que os seus televangelistas repetem até à exaustão, já todos as sabemos de cor: condução automóvel sob efeito do álcool, excesso de velocidade, falta de civismo, incumprimento do Código da Estrada.

A entidade policial que tem este sector a seu cargo, a Guarda Nacional Republicana (GNR), aproveita estes períodos, para fazer o seu show-off de auto-promoção e monta mega operações nas estradas, com as TVs atrás como é conveniente.

Nos “mettings” com os media, a GNR, para além de realçar a sua acção meritória, manipula, em termos estatísticos o número de mortos e feridos, fazendo comparações com dados anteriores etc. Em tom displicente, os acidentes, mortos e feridos graves, das últimas horas, são alvo de uma estatística fria e com o seu quê de macabro. Porém a ocasião é aproveitada pelos “televangelistas” policiais para, uma vez mais, difundirem “a palavra” e exorcizarem os demónios causadores dos acidentes. Os suspeitos do costume: a trindade velocidade-álcool-civismo, estabelecida como dogma, por um estudo feito, não se sabe por quem, numa remota universidade qualquer.

Se eu pudesse solicitar um estudo a essa tal universidade que produz os dogmas com que os televangelistas do trânsito nos massacram, pediria que, partindo dos dados que é suposto possuírem, fizessem, complementarmente uma simulação, que permitisse perspectivar os resultados da sinistralidade rodoviária, face a um cenário em que as mega operações da GNR não acontecessem e uma onerosa entidade, produtora de resultados nenhuns, chamada Prevenção Rodoviária Portuguesa, não existisse. Alguém duvida de que não seriam muito diferentes dos que ocorrem com toda este show-off de prevenção que na prática não previne coisa alguma?

Se eu contabilizasse todos os km em que, ao longo da vida, conduzi automóveis por essas estradas, encontraria, um número algures entre 1 e 2 milhões de kilómetros. Vi e vivi diversas situações. Sei do que falo. E também sei, que anda por aí muita gente armada em técnicos rodoviários, que apenas tem a visão de um parte do problema; normalmente a parte errada.
...continua

10.1.07

Testemunhas do Século XX


Charles De Gaulle

Charles de Gaulle, foi provavelmente o último grande líder que esteve à frente da nação francesa, depois de Napoleão. Militar distinto, combatente na I Guerra Mundial foi, contrariando Roosevelt e os EEUU, o líder das forças francesas livres durante a II Guerra Mundial contando para isso também com o apoio dos sectores esquerdistas da resistência francesa, que apreciavam a sua postura anti-americana.

No pós-guerra, de Gaulle iria confirmar essa sua atitude anti-americana, ao tentar dar à França um ar de potência mundial - por exemplo com a construção da bomba de hidrogénio francesa, que a tornou uma potência atómica. Chamado para formar um governo em 1958, inspirou uma nova constituição e foi o primeiro presidente da Quinta República Francesa, de 1958 a 1969.

Entre 1946 e 1958, a França passara por um período difícil: política e governos instáveis, revoltas por independência nas colónias de África, além da tentativa de reerguer o país ainda devastado pela Segunda Guerra. Em 1958, no auge da crise da Argélia, a Assembleia Nacional, pressionada pelos militares, convida De Gaulle a elaborar uma nova Constituição. Nascia assim a Quinta República.

Tão logo foi eleito presidente, De Gaulle promulgou uma Constituição que reforçava os poderes presidenciais. Ele sabia da importância de um governo forte, nacionalista e conservador para reconquistar o prestígio e o poder da França no exterior. De Gaulle costumava afirmar que "a França é a luz do mundo". Nos anos que antecederam a II Guerra, assim era. O francês era então a segunda língua de quase todo o mundo civilizado.
O eixo principal da política internacional de de Gaulle foi a independência nacional, com algumas consequências práticas, como a relutância a certas associações internacionais como a ONU ou à antiga Comunidade Económica Europeia. O seu ponto principal era que a França não deveria depender de um país ou organização estrangeiros para sua sobrevivência, daí a criação da força de dissuasão nuclear, e que a França deveria recusar toda forma de servidão militar a uma potência estrangeira, fosse ela os Estados Unidos ou a União Soviética.

Durante sua gestão, De Gaulle negociou a independência da Argélia e enfrentou a oposição armada dos oficiais de direita do Exército. O seu governo reergueu a economia do país, liderou a Comunidade Económica Europeia e desvinculou-se do comando militar da NATO (OTAN). Com isto, De Gaulle voltou a colocar a França no topo da Europa. Foi, sem dúvida, um dos maiores estadistas que o país já conheceu.

As revoltas estudantis de Maio de 68 abalaram seu governo. Embora um milhão de pessoas tenham cantado o hino A Marselhesa em solidariedade ao presidente, De Gaulle teve que ceder muito às reivindicações das classes sociais mais baixas e do sistema de ensino.

O seu estilo conservador não condizia mais com o novo panorama francês de sindicatos e greves. Em 1969, De Gaulle renunciou, após sair derrotado de um plebiscito sobre uma reforma constitucional. Morreu em 1970, aos 80 anos

Reflexões...

* Os jovens que não pensam, querem viver num eterno presente. Já nem se comunicam através da língua, mas através do corpo - tocando uns nos outros, ouvindo música e, principalmente, usando drogas. É a rejeição de tudo o que se entende por “civilização" (Anthony Burgess autor de "A Laranja Mecânica)

* A Guerra Civil (americana) foi travada tanto para libertar os escravos como para manter a pátria unida. Mas quando a guerra terminou, a situação dos afro-americanos havia tido somente uma pequena melhora. Eles continuariam como cidadãos de segunda-classe por cerca de cem anos.

* Quanto mais estudo História, mais me convenço de que os acontecimentos sofrem muito mais influência da força de vontade de pessoas-chaves do que da presença subtil de forças coletivas (Paul Johnson – Historiador moderno)

* ] “Se o objetivo do Ocidente era destruir a Alemanha nazista, foi um verdadeiro sucesso. Mas por que destruir Hitler? Se para libertar os alemães, não valeu a pena, já que foram os alemães que votaram para colocar Hitler no poder. Se para manter Hitler fora da Europa Ocidental, por que declarar guerra contra ele e conduzi-lo à Europa Ocidental? Se era para manter Hitler fora da Europa Central e Oriental, então, inevitavelmente, Estaline herdaria a Europa Central e Oriental. Isso justificava a participação em uma guerra mundial? Com 50 milhões de mortos? (Pat Buchanan)

*Finalmente regressa o colonialismo; já era hora” – (manchete do The New York Times)

9.1.07

Evangelhos. Em que Ficamos ?



As discrepâncias entre os Evangelhos, não se limitam à questão dos ancestrais e da genealogia de Jesus. Segundo Lucas, Jesus Cristo ao nascer foi visitado por pastores. Segundo Mateus, foi visitado por homens sábios.

Segundo Lucas, a família de Jesus Cristo vivia em Nazaré. Daqui ele diz que viajaram – devido a um Censo que a História sugere nunca ter ocorrido na realidade – para Belém onde Jesus Cristo teria nascido na pobreza de uma manjedoura.

Porém, segundo Mateus, a família de Jesus Cristo bastante abastada, sempre residira em Belém e Jesus Cristo nascera numa casa. Na versão de Mateus, a perseguição de Herodes aos inocentes, leva a família a fugir para o Egipto e, só ao regressarem, estabelecem residência em Nazaré.

Quanto mais estudamos os Evangelhos, mais se tornam evidentes as contradições entre eles. Na verdade, nem sequer estão de acordo quanto ao dia da Crucificação. Segundo João, a crucificação teve lugar na véspera da Páscoa judaica. Segundo Marcos, Lucas e Mateus, ocorreu no dia seguinte.

E os Evangelhos também não estão de acordo quanto à personalidade e carácter de Jesus Cristo. Cada um retrata uma figura notoriamente diferente: Jesus Cristo é um humilde Salvador, dócil como um cordeiro em Lucas e, um soberano poderoso e majestoso em Mateus, que “não vem trazer a paz, mas a espada”.
Sinopse. O Sangue de Cristo e o Santo Graal – Michael Baigent e outros

Testemunhas do Século XX


Edmundo Pedro (1)
Um homem de acção, daqueles que andam aos tiros. Com 15 anos de idade (em 1934) viu-se dentro de uma prisão, acusado de actividades conspirativas. Passado um ano, já em liberdade, foi eleito para a direcção das juventudes comunistas e organizou movimentos de agitação e propaganda nas Escolas Industriais. Subversivo reincidente. Perigoso!

Em 1936, Edmundo Pedro foi preso pela segunda vez, mas agora para inaugurar o Tarrafal (colónia penal para presos políticos no aquipélago de Cabo Verde), juntamente com o pai e outros dirigentes do Partido Comunista. Tinha 17 anos quando desembarcou. Tentou fugir várias vezes. Numa delas, quase conseguia, foi por pouco. Ainda conseguiu roubar um barco de pescadores, mas apanharam-no. Por causa disso, esteve 70 dias seguidos na terrível "frigideira". Como se não bastasse, o Partido Comunista castigou-o com dois anos de suspensão: a fuga não tinha sido autorizada, ninguém podia fugir sem antes informar ao Partido. Bateu com a porta. Não estava para isso. Nunca mais quis voltar. "Fui educado lá dentro, sei como é".

Na família eram quase todos revolucionários, a mãe, o pai, os irmãos. Moviam-se nos meios altamente perigosos do anarco-sindicalismo, andavam de agitação em agitação. O melhor a fazer era deixar o pequeno Edmundo aos cuidados da tia paterna, a única que era conservadora na família.

A tia queria que ele fosse engenheiro naval, mas Edmundo escolheu ser como os pais, um revolucionário. Fugiu de casa da tia aos 13 anos, idade com que aderiu ao Partido Comunista e iniciou a sua actividade subversiva .

Edmundo Pedro só saiu do Tarrafal com o fim da II Grande Guerra, na amnistia de 1945. Regressou com 27 anos, alguns cabelos brancos e uma tuberculose.Tornou-se correspondente comercial, tinha estudado línguas na prisão, inglês, francês, alemão. Mas a luta estava-lhe no sangue. Em 1959 alinhou no 12 de Março e na noite de passagem de ano de 31 de Dezembro de 1961 andou aos tiros no quartel de Beja. O golpe não resultou e fugiu para o Algarve. Foi apanhado em Tavira e condenado a três anos e oito meses de prisão. Antes do golpe militar de 25 de Abril ainda voltou à prisão, acusado de contrabando. Nada ficou provado.
Continua...

8.1.07

Teatro - A(s) Crise(s)


O teatro está em crise”. Quantas vezes já viu esta afirmação? A novidade, aqui, é que estou a reportar-me a um registo histórico de … 13 de Fevereiro de 1911, data em que o novo governo da República, entendeu nomear uma comissão para estudar as causas da decadência do teatro português.
Não ficou qualquer referência às conclusões dessa comissão – tal como, em regra, de nenhuma outra das que foram sendo sucessivamente nomeadas para os mais diversos fins. Pressupõe-se que não foram nenhumas, porque a tal “decadência” foi-se mantendo e agravando pelos tempos sucessivos.

Nessa época o teatro, tal como o cinema, era então dos divertimentos mais procurados fora de casa. Praticamente todo o país possuía salas de espectáculo – os chamados cine-teatros. Os espectáculos teatrais eram muito variados, indo a preferência para a farsa e a comédia, não faltando o drama, a opereta, a magia, a revista, e o music-hall.

Quando chegou a crise? Pois, sempre e nunca. O cinema, naturalmente chamou a si muitos dos temas que faziam sucesso no teatro, depois, bastante depois. a televisão veio ocupar muito do espaço que era do teatro – entretanto já bastante rarefeito – e também do cinema. Seguiu-se o vídeo, a Internet etc. No entanto o cinema, tendo por detrás uma indústria poderosa, cerrou fileiras, definiu normas, enfim, impôs as suas próprias regras à concorrência e ao mercado. Não obstante, também por ali se fala hoje de crise.

Há aqui uma aritmética elementar. Mesmo admitindo que a divulgação tecnológica contribuiu decisivamente para levar o espectáculo a todo o planeta, criando milhões e milhões de novos consumidores do produto, a diversidade de escolha na área do multimédia é hoje enorme, induzindo a dispersão da procura, e de imediatas respostas do lado da oferta. Essa dispersão penaliza sobretudo o produto-espectáculo mais fraco que é obviamente o teatro. Por ele comecei este texto e com ele vou terminar.

Que tem feito o teatro para subsistir? Há várias respostas. Há quem tenha, com sucesso, conseguido agregar os meios e capitais para colocar em cena grandes espectáculos teatrais; há quem, com sucesso mais relativo, se tenha apoiado no fenómeno empático e irreproduzível noutras tecnologias do espectáculo, que a presença de actores em palco gera no público, quando representa boas peças de teatro; por fim há quem, com pouco ou nenhum sucesso, persista em fazer teatro "de vanguarda" e experimental, agarrando-se obstinadamente à uma certa vertente cultural que, no entender dos seus promotores e actores, é pertença exclusiva deste tipo de teatro, o qual, enquanto agente activo da divulgação cultural, não pode ficar entregue às lógicas de mercado e, portanto, ser subsidiado pelo estado, como vem sucedendo.

Quanto a este ultimo género teatral. as opiniões dividem-se imenso. Contrariando as pessoas que o fazem, reconhece-se, com gosto, esforço e grande falta de meios, há quem replique que “eles chamam sempre cultura àquilo que fazem, e não é necessariamente assim”. Há também quem lhes aponte o desajustado sectarismo esquerdizante do seu reportório.

Complemento com uma referência a um teatro que não tem crise, porque não já não existe entre nós. E faz falta. Mas está a ser recuperado por grandes estações de rádio e televisão, Refiro-me ao rádio-teatro (o teatro sem imagens) e ao TV-teatro, relegado para plano secundaríssimo por telenovelas medíocres, que satisfazem certamente a “boa-gente”, mas, desculpe-se-me a ousadia, não a “gente-boa” que ainda a há, e não abdica de gostar de teatro.

António Soares

6.1.07

Recortes


«Vivi na Alemanha muitos anos e pude constatar que o mito do amor ao trabalho dos Alemães é falso. Não gostam de trabalhar, mas sabem que é preciso. Por isso, fazem-no o mais eficientemente possível. Durante o trabalho, os alemães não conversam sobre futebol nem as alemãs falam de meninos, como aqui. E fora dele é tabu falar sobre isso. Ao contrário de Portugal, onde se passa o almoço a falar do trabalho, uma paranóia perfeita».(Alberto Pimenta)

«As pessoas e os grupos sociais têm o direito a ser iguais quando a diferença os inferioriza, e o direito a ser diferentes quando a igualdade os descaracteriza» (Boaventura Sousa Santos)

«Na Venezuela não há presos políticos, mas políticos presos» (Hugo Chavez)

«Apesar das conquistas (do feminismo) , a editora (da revista feminista alemã Emma) alerta para o surgimento de novos obstáculos a serem vencidos. Entre eles, ela lista o culto à juventude, o culto à maternidade e os distúrbios alimentares, que hoje são os maiores problemas da mulher».

«Winston, você não passa de um bêbedo», diz Lady Astor a Churchill numa festa social. E Churchill, sem perder a compostura, responde: «E você, minha querida, é feia. Mas amanhã eu já estarei sóbrio».

5.1.07

Lido e anotado


*** Foi o homem que criou Deus à sua imagem e não o inverso. (...) e se foi o homem que criou a religião, tem o direito de a mudar, bem como tudo aquilo que provém da religião, como por exemplo o Estado e o sistema político.(Feuerbach - discípulo de Hegel)
*** A arte da propaganda baseia-se numa técnica fundamental: encontrar o caminho do coração das grandes massas, compreender o seu mundo e falar a mesma linguagem. O modo de sentir do povo não é tortuoso, mas simples e elementar. É incapaz de fazer articulações complexas e para os simples só existem dois pólos: positivo ou negativo, verdadeiro ou falso, justo ou injusto, o bem e o mal. (Adolf Hitler - Mein Kampf)
*** Os economistas são os representantes científicos da classe burguesa. (Karl Marx)
*** (...) e, no entanto, as raças existem. Basta os cientistas descerem do laboratório à rua para o verificarem: os chineses são diferentes dos indianos, estes são diferentes dos europeus, os árabes são diferentes dos africanos, estes são diferentes dos índios. E, entre os europeus, ainda é possível descobrir diferenças. Isto é uma evidência. (...) Em lugar de decretarem (os cientistas) a inexistência das raças, contrariando as evidências, deveriam ter-se interrogado: se o gnoma não explica as diferenças entre seres humanos, o que poderá explicá-las? O que faltará ainda saber?
*** Na História uma vaga expulsa a outra. (Hegel)
*** Cada cultura é um organismo autónomo que segue leis biológicas de crescimento, florescimento e queda. Todas começam com uma primeira época, o período arcaico, elevam-se depois até uma alta cultura e acabam num período de ruína, no fim do qual o território é invadido por um povo jovem que começa um novo ciclo de cultura. (Oswald Spengler - Lei Vital das Culturas)
*** Em toda a sociedade, no fundo, só as elites têm importância. A massa é obtusa e passiva, segue simplesmente os grupos dirigentes. O carácter e a história de uma sociedade, são o carácter e a história das suas elites. (Pareto)

4.1.07

Psicanálise - Um Refinado Engodo


... continuado
Em 1897, Freud escreveu: "Também em mim observei a paixão pela mãe e o ciúme pelo pai, considerando-os hoje um acontecimento generalizado da tenra infância". O psicanalista procurou verdades universais até mesmo em seus próprios sonhos. Em Interpretação dos Sonhos, ele revelou o truque que lhe permitiu convencer os outros do acerto de suas conclusões subjectivas.

No início do seu compêndio sobre os sonhos, Freud pede ao leitor: "Torne seus os meus interesses, procurando aprofundar-se nos menores detalhes de minha vida". Somente os que fossem capazes de tornar suas as visões do autor aprenderiam a encontrar os chamados rastos "do significado secreto dos sonhos".

"Um bom psicólogo é capaz de colocar-se em sua própria situação, sem o menor esforço", ironizou-o o satirista Karl Kraus, que considerava o esforço de convencimento sugestivo de Freud um refinado engodo.

Posando como cientista irredutível, o egocêntrico Freud conseguiu aumentar ainda mais sua fama junto ao leitor bem formado. O filósofo Ludwig Wittgenstein declarou o seu espanto pelo facto do pai da psicanálise suspeitar da existência de motivos sexuais em quase todas as imagens de sonho, sem, no entanto, jamais descrever sonhos eróticos, "mesmo que estes sejam tão frequentes como chuva".

Exercendo clínica até altas horas da noite num beco vienense, Freud proclamava que a psicanálise não era apenas uma terapia, mas uma necessidade, a ser praticada por todos. Para o historiador John Farrell, a sua incansável disposição para pressupor a existência de um significado mais profundo e secreto em todas as manifestações, de sonhos a equívocos cotidianos, revela traços patológicos. Farrell vê a desconfiança contra tudo e todos como uma marca da obra e da vida do psicanalista, atestando-lhe paranóia, com os sintomas característicos: megalomania, mania de perseguição, hostilidade, egocentrismo e a tendência a responsabilizar os outros pelos próprios erros e fraquezas.

Mas o desenvolvimento da sua "ciência" era implacável e a procura pelo auto-conhecimento tornou-se a palavra de ordem dos freudianos, um programa que resgatava a psicanálise do gueto da cura de doentes e a entronizava como um amplo e inesperado movimento de massas. Então, Freud considerou secundárias as qualidades terapêuticas.

Certa vez, confiou ao discípulo e amigo Sándor Ferenczi a sua opinião sobre o poder terapêutico dos seus métodos e o que achava de seus clientes neuróticos: "Os pacientes são um populacho, difícil de ser ajudado". Freud cobrava então 10 dólares ou 50 coroas austríacas por hora de sessão, pagos à vista em notas bancárias, na época, um honorário bastante elevado. Quando seu cliente americano Joseph Wortis tornou-se inadimplente (recusou-se a cumprir o contrato), o mestre interrompeu imediatamente o tratamento.

Sinopse. Livro “Acuso” de Diógenes Magalhães

Reflexões...

  • Verifiquei que, aos homens, se devia agradecer o menos possível, porque o reconhecimento que lhes testemunhamos os convence facilmente, de que estão a fazer demais! (B.Constant)
  • Os homens aprendem a amar a mulher que os atrai, ao passo que as mulheres ficam cada vez mais atraídas pela pessoas que amam. (Diálogo em ‘Sexo, mentiras e vídeo’)
  • A maior parte das pessoas seriam bem sucedidas em coisas pequenas se não estivessem tão preocupadas com grandes ambições. ( Henry Longfellow)
  • Sabe quantas anedotas há sobre George Bush ? - Nenhuma ! São todas verdadeiras.
  • Poucas coisas são tão importantes como deixar as pessoas manter as aparências. (Dale Carnegie)
  • Quando tiveres argumentos não empregues senão os melhores. Quando não tiveres nenhum, emprega-os todos. (Urbano de Castro)
  • Sou tão azarento, que se um dia dividisse a meio uma mulher com alguém, a mim fatalmente ia caber a parte que come.

3.1.07

Psicanálise - Nos Limites da Charlatanice



... continuado
"Emmy von N.", em verdade Fanny Moser, procurou o médico com toda a sorte de dores. Era viúva de um industrial e uma das mulheres mais ricas da Europa. A sua fala era entrecortada por estalos de língua involuntários e, quando excitada, o seu discurso era interrompido por gaguez e um tique nervoso que retorcia as suas feições.

Freud metralhou a paciente com perguntas sobre a infância, de cunho sexual, para, depois, declará-la curada. No entanto, segundo Webster, ele poderia ter reconhecido que a sra. Moser sofria da síndrome de Tourette, um complexo de sintomas que aparece depois de uma meningite. O mal, já bem conhecido, revela-se pelos indícios da doença de Fanny.

Os motivos que levaram Freud a desconsiderar esse diagnóstico óbvio, a despeito de conhecer pessoalmente o descobridor da doença, o francês Gilles de la Tourette, levam o pesquisador britânico a afirmar que os fundadores da psicanálise operavam no limite da charlatanice. Os magros resultados da terapia de Freud não prejudicaram a sua fama de psicanalista. Em 1900, ele era considerado o último recurso para doentes nervosos desenganados pela medicina tradicional.

No início, Freud conquistou sobretudo as mulheres das famílias judias vindas do Leste, que sofriam a perturbadora coerção de terem que se adaptar rapidamente aos padrões culturais da Europa Ocidental, um problema de assimilação que ele conhecia por experiência própria.

Quando, todos os domingos, visitava sua mãe, Freud era acometido por cólicas estomacais. Seu pai, Jacob, sempre se esforçou para integrar-se à sociedade, mas nunca conseguiu sucesso como comerciante, em Viena.Assim, o filho, Sigmund, bem-sucedido na sua ascensão, manteve-se dividido entre dois mundos. Freud era atormentado por temores neuróticos de pobreza e surgiu para muitos judeus como o líder capaz de dirigi-los pelo labirinto da psique, fazendo de sua própria vida íntima o mais importante factor de orientação. E, assim, o pretenso complexo de Édipo universal, mito central de sua doutrina psíquica, espelha sua própria história familiar.
Sinopse. Livro “Acuso” de Diógenes Magalhães

2.1.07

Recortes

  • "Demorei 15 anos a descobrir que não tenho talento para a escrita, mas não pude desistir pois nessa altura já era um escritor famoso".
  • “Dou mil contos a quem me trouxer um cigano sério !” (frase que custou 9 meses de prisão a um autarca português, em 2002)
  • "Para grande parte da esquerda, ser-se antifascista é o verdadeiro santo e senha. Uma espécie de substituto de doutrina e de inteligência. Mesmo sem fascismo, o antifascismo é uma profissão de fé".
  • "A terra (Portugal) é pequena e a gente que nela vive também não é grande coisa". (Alexandre Herculano, citando um relatório da Inquisição enviado ao Vaticano)
  • "Político é um sugeito que consegue não dizer nada, sem deixar nada por ser dito". (Millôr Fernandes)
  • “ ... em último caso um oportuno jorro de água batismal era sempre capaz de salvar o judeu e o seu comércio” (Mein Kampf)
  • “A nobreza não é uma classe social. É uma raça. Não é nobre quem quer e menos ainda quem os soberanos querem que seja!”

1.1.07

Queremos esse "osso" de volta...



Ao contrario dos lábios firmes de outros primatas, os lábios da fêmea humana – revirados de dentro para fora – a forma e a cor desses lábios, evoluíram como mimetismo dos lábios genitais, agora ocultos à vista entre as pernas verticais da mulher bípede.

Por seu lado, o pénis humano é uma estrutura estranha. Os primatas possuem um “os pénis”, um pequeno osso no falo que permite aos machos erecções rápidas e fáceis. Logo que começam a ficar excitados, esse osso levanta o pénis até à erecção.
No pénis do macho humano, pelo contrario, esse osso desapareceu. Algures no nosso passado evolutivo, abandonámos esta eficaz ajuda a uma rápida prontidão sexual.

Esta característica humana única, parece ser parte do processo de desaceleração da sequência da cópula. O macho terá assim, de estar fortemente excitado, de modo a que o pénis se torne suficientemente erecto para permitir a introdução na vagina. Se se encontrar numa condição de saúde debilitada, ser-lhe-á mais difícil atingir a erecção do que se pudesse contar com a colaboração do osso do pénis.

O efeito deste “handicap” evolutivo, é o de assegurar que os machos que chegam a copular com sucesso, são vigorosos. saudáveis e candidatos adequados a uma futura paternidade.
Sinopse. O Animal Humano - Desmond Morris (zoólogo e antropólogo)