Balada para D.Quixote

Um olhar de viajante na última carruagem do último combóio de uma Memória intemporal.

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A generalidade daquilo que você (e eu) julgamos saber, pode estar errado, porque, em regra, assenta em «informação» com falta de rigor e imparcialidade, vinda de quem interessa formatar a nossa mente. Pense você mesmo! Eu faço-o!

27.1.07

Inglaterra - Chá, Charme e Perfídia


Em 1793, o Marquês de Ximenes, criou uma expressão que fez história: a pérfida Albion. Para ele a Inglaterra (Albion, para os antigos romanos) era o exemplo acabado do reino onde se dizia uma coisa e praticava-se outra, totalmente ao contrário. Talvez não pudesse imaginar, passados mais de dois séculos, o quanto aquela expressão ainda teria actualidade.

A rainha Vitória, em 1839, recebeu uma carta da China, de Lin Zexu, o comissário imperial de Cantão, encarregado de combater o contrabando do ópio nas costas chinesas. Apelava ele à majestade britânica, para que ela fizesse algum tipo de intervenção junto aos seus súbditos que comerciavam com o Oriente, no sentido de coibir o nefando tráfico de drogas feito pelos mercadores ingleses. Tráfico que ampliava cada vez mais o vício entre os súbditos do imperador.

Queria evitar que a China fosse tomada pelos, efeitos do ópio que os ingleses traziam nos seus barcos, das suas plantações na Índia, para vender nos portos do Império Celestial. Estranhava o comissário o reino britânico, proibir a rainha o consumo daquela droga no seu território, mas não se mover, para impedir que aventureiros navegando sob sua bandeira o fizessem livremente em outras bandas.

Em resposta, a rainha Vitória argumentou que bem pouco podia proceder sobre aquele assunto visto que o seu reino advogava a favor do livre comércio. Além disso, algum ópio era consumido pelos próprios ingleses na forma de láudano e, os seus efeitos não era assim tão devastadores.
Mas não só. Naquele mesmo ano, em Novembro de 1839, o Parlamento da Grã-Bretanha aprovou - a pretexto de buscar reparar os prejuízos dos traficantes perseguidos pela política do comissário - uma declaração de guerra contra China.

Travou-se então, com a rápida derrota dos orientais, uma das mais infames guerras da historia moderna: a Guerra do Ópio (1839-1841). Os chineses, capitulando, não somente foram obrigados a aceitar a importação do ópio, como a suspender legislação que prejudicasse o seu consumo. Durante quase um século inalar o "veneno infiltrado", como disse Lin Zexu, passou a ser uma espécie de segunda natureza do povo chinês, dopado pelo colonialismo.

Nada disso, todavia, maculou a imagem da boa rainha Vitória junto ao seu povo, admirada no transcorrer dos seus 64 anos de reinado pelo alto padrão moral que exigia da corte, a ponto de vitorianismo confundir-se, ao largo do século 19, com moralismo e puritanismo.

Recentemente, outro monumental exercício da perfídia britânica deu-se com a princesa Diana. Ela procurou chamar a atenção do mundo para os devastadores efeitos que as minas terrestres provocam nas vítimas, especialmente nas guerras africanas. Ocorre que os maiores fabricantes mundiais dos tais artefactos eram justamente as fábricas britânicas e americanas. Leis apresentadas no Parlamento de Londres e no Congresso norte-americano que tentaram coibir a produção delas foram discretamente rejeitadas.

A última façanha deles. O Partido Trabalhista no poder, mobilizou-se para fazer aprovar a Hunting Bill, lei que suspende o desporto da caça à raposa, feito com cães, a pretexto de ser uma prática cruel para com os animais. Não obstante, este mesmo partido, tão consternado com o destino dos bichos, é o mesmo que, com pretextos falsos e mentirosos, colaborou, aliado aos Estados Unidos, na invasão e na destruição do Iraque. Jamais apareceu no Parlamento britânico qualquer moção de repúdio pelo uso de cães ferozes pelos interrogadores americanos na prisão de Abu Ghraib.
Sinopse. Fonte: http://educaterra.terra.com.br

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