Balada para D.Quixote

Um olhar de viajante na última carruagem do último combóio de uma Memória intemporal.

A minha foto
Nome:
Localização: Covilhã, Portugal

A generalidade daquilo que você (e eu) julgamos saber, pode estar errado, porque, em regra, assenta em «informação» com falta de rigor e imparcialidade, vinda de quem interessa formatar a nossa mente. Pense você mesmo! Eu faço-o!

29.9.07

Retratos a Sépia I


Quando eu vi uma bruxa...
Decorriam os anos sessenta do século XX. Na altura eu trabalhava e residia numa vila, Gouveia – hoje cidade – nas abas da Serra da Estrela, uma zona onde os termómetros passavam facilmente a negativo durante o inverno: Vivia então numa moradia nos extremos da cidade, que confinava com a vertente norte da montanha. A garagem da casa ficava nas traseiras desta ou seja, contígua às abas da Serra que, ali, começava por uma densa mata, localmente conhecida pelo nome de “Cerca dos Marqueses”, dado que em determinada fase temporal pertencera a uma casa senhorial ali existente.

Era domingo, inverno, noite e estava um ar gelado. Seriam talvez duas da madrugada. Eu, minha mulher e os nossos filhos pequenos, acabáramos de regressar de uma viagem de fim de semana. Parei o carro frente à entrada da casa para a família e as bagagens entrarem. Voltei ao carro e fiz o pequeno trajecto até à garagem.

Como seria de esperar não se via vivalma por ali. Saí do carro, abri as portas da garagem – naquela altura portas automáticas e comandos à distância era coisa que só se começava a ver nos filmes – entrei com o carro, desliguei os faróis e preparei-me para sair. Em redor a escuridão não era completa, porque as luzes da rua próxima ainda chegavam ali. Comecei a executar as manobra para fechar as portas, começando por correr os respectivos ferrolhos. Num dado momento dessa manobra volto-me para o exterior e … vi-a na minha frente, talvez a um metro de distância.

A surpresa foi tão grande que nem deu para me sentir assustado. Era uma mulher idosa, de estatura mediana, com um lenço de cabeça atado debaixo do queixo como era vulgar encontrar-se nas mulheres de província; envolvia-se num xaile aconchegado em torno de si como faz alguém que se defende do frio.

Olhei-a e ela então como uma voz normal, perguntou-me – “Onde fica a Cerca dos Marqueses?” Instintivamente apontei para a serra ali mesmo ao lado e voltei-me de novo, durante alguns segundos para completar o fecho da porta da garagem.

Só então o meu cérebro me alerta para o insólito do momento: “A estas horas da noite, uma mulher esquisita a fazer-me um pergunta tão obvia?!!!!! Voltei-me rapidamente. A mulher desaparecera, como se tivesse esfumado. Na realidade tinha desaparecido tal qual como surgira – aparentemente …por magia. Se ali próximo estivesse um mágico profissional de casaca preta e cartola, o “número” não teria sido substancialmente diferente.

No dia seguinte procurei saber se alguém tinha visto a tal mulher. O chefe da polícia local era meu amigo pessoal e também o procurei para saber se tinha notícia da presença de alguma mulher, como a que eu vira – nomeadamente alguém fugido de um asilo ou instituição psiquiátrica. Ninguém mais vira a mulher. Só eu, e juro que estava então bem desperto.

Naquela noite, ao finalmente entrar em casa disse para a minha mulher: - “Olha, eu não acredito em bruxas, mas se as há, acabo de ver uma!”…

Etiquetas: , ,

20.9.07

... segue dentro de momentos

  1. Celebridade é aquele que é conhecido por aqueles que o não conhecem. (Nicolas Chamfort)
  2. No céu é sempre domingo. E a gente não tem outra coisa a fazer senão ouvir os chatos. E lá é ainda pior que aqui, pois se trata dos chatos de todas as épocas do mundo. (Mário Quintana)
  3. Chefe é aquele que no escritório vem cedo quando tu vens atrasado, e tarde quando tu vens cedo.
  4. O maior mal do cigarro é que ele acaba.
  5. O maior objectivo da classe operária é deixar de o ser.
  6. No comércio quanto mais módico é o preço, maior é a etiqueta. (Tristan Maya)
  7. Compromisso é a arte de dividir um bolo de tal maneira que toda a gente acredita que tem o bocado maior. (Ludwig Erhard)
  8. Há sempre alguém mais novo e mais esperto que atrás de nós vem a subir a escada. (Máxima do show business)
  9. Uma conferência é uma reunião de especialistas e pessoas importantes em que cada uma por si não pode fazer nada, mas que em conjunto, podem decidir que não há nada a fazer.
  10. Vejam só de quantas coisas desnecessárias os Atenesienses necessitam para viver! (Sócrates)

19.9.07

Intervalo ...

  • «A diferença entre uma criança e um adulto, está sobretudo no preço dos brinquedos»
  • «Amigo que pede, inimigo que devolve»
  • «Ama a quien no te ama, responde a quien no te llama, andarás carrera vana.» (Refrán español )
  • «Amor de rameira e convite de hoteleiro sempre custam dinheiro»
  • «O mais triste da arquitetura moderna, é a resistência do seu material». (Mário Quintana)
  • «A banca esquece que o activo dos bancos é o passivo das empresas e das pessoas»
  • «Se a sua mãe lhe disser que você é bonito, é aconselhável pedir uma outra opinião»
  • «Se o camelo não ajoelhasse, ninguém lhe punha carga em cima» (Provérbio afegão)
  • «Sempre que um homem me diz que vai por todas as cartas na mesa olho-lhe logo para as mangas» (Lord Hore-Belisha)
  • «A minha primeira mulher era muito infantil quando nos casamos. Um dia, eu estava tomando banho na banheira e ela afundou todos os meus barquinhos sem o menor motivo» (Woody Allen)

5.9.07

A Cor do (nosso) Dinheiro




O dinheiro muda de cor (e fica menos valioso) quando passa para as nossas mãos. Só pode, mesmo!


Senão como explicar que o roubo de 60.000 euros de um Banco em Viseu, desencadeie uma desporporcionada mega operação que mobilize centenas de efectivos das forças policiais numa operação de cerco e caça ao homem que, se contabilizada devidamente, deverá ter um custo para o bolso dos contribuintes, supostamente superior ao da quantia roubada.


Como explicar que centenas de cidadãos tenham visto ser perturbadas as suas vidas, impedindo-lhes liberdade de circulação e acessos interditos a locais considerados estratégicos? Todo este aparato para tentar apanhar dois ladrões que “levantaram” 60 mil euros de um Banco em Viseu? Terá sido como reacção à exorbitância dos juros cobrados por esta benemérita instituição?

Quando o ridículo atinge tal dimensão o melhor é não tentar compreender. Evitar fazer perguntas tais como, em que é diferente o dinheiro roubado de uma mercearia ou de um café, através de esticão da mala de alguém que circula numa rua, de uma actuação de carjacking?

No comum dos casos a actuação da polícia resume-se inicialmente ao enfadonho preenchimento de uma queixa de registo de ocorrência e a pouco mais, salvo nos casos, passados meses ou anos, em que ladrões mais trôpegos se deixam apanhar ao praticar um outro ilícito.


Porém quando mete bancos, desencadeia-se uma verdadeira operação de guerra, quase como se a segurança nacional estivesse em causa. A explicação só pode ser a cor do dinheiro nos bancos. Tem que ser diferente por força!

Etiquetas: , ,