Balada para D.Quixote

Um olhar de viajante na última carruagem do último combóio de uma Memória intemporal.

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A generalidade daquilo que você (e eu) julgamos saber, pode estar errado, porque, em regra, assenta em «informação» com falta de rigor e imparcialidade, vinda de quem interessa formatar a nossa mente. Pense você mesmo! Eu faço-o!

19.12.10

O Ano da Morte de António Sardinha e do "Mein Kampf"

“A lusitana antiga liberdade” do verso de Luís de Camões era uma referência de António Sardinha, um dos teóricos do Integralismo Lusitano. 

Intelectual importante e mal compreendido na época,  morreu cedo, em 1925, com apenas 37 anos, mas ele, como poucos, soube exprimir muitas das ideias políticas atávicas que estão no âmago do “povo português”, se é que de tal ainda existe e dele se pode falar após a globalização. Há, por enquanto, uma nação, Portugal, mas já é bastante duvidoso se ela ainda é habitada maioritariamente por portugueses. Por lusos.

Sardinha era um tradicionalista, adepto de um estado orgânico anti-parlamentar e da ideia de uma maior coesão das nações hispânicas rumo a uma unidade política e económica. Alguns atribuem-lhe um certo anti-iberismo. Eu não penso assim. Mas o sonho da Grande Ibéria está , e continuará a estar, não se duvide, na mente de muitos portugueses e espanhóis
Já a aversão de Sardinha ao parlamentarismo, é em si tão óbvia, que já está tudo dito. Quantos de nós hoje, dos que não estamos na fila para prosseguir uma carreira política ou emprego público ajudados pelos Partidos, gostamos realmente do parlamentarismo?    

No ano da morte de António Sardinha e de certa maneira, também do Integralismo, novas ideias estavam a surgir. É o ano do lançamento do livro de Adolf Hitler “Mein Kampf” (A Minha Luta) que só em 1939 venderá quatro milhões de exemplares. O livro que aborda temas anti-semitas e racistas, defende sobretudo a hegemonia do poder das elites sobre as massas. 
O autor, marcadamente influenciado por uma cultura teutónica que lhe era anterior, com raízes em nomes como os de Nietzsche, Goethe, Fichte, Schopenhauer e Schiller, denuncia o Tratado de Paz de Versalhes que se seguiu à Primeira Guerra Mundial e preconiza a aniquilação da França e da Rússia. Nas suas teorias, Hitler será acompanhado por grandes vultos da intelectualidade, entre eles o maior filósofo do século XX, Martin Heidegger.

As ideias expressas em “Mein Kampf” influenciaram o século XX e o decorrer da história da Europa e do Mundo como se sabe. Estranho, estranho mesmo, é que já em pelo século XXI, uma reedição do livro tenha sido apressadamente apreendida nas livrarias dando execução de uma medida judicial que “alguém” colocou perante os tribunais portugueses. Quem? Perguntar-se-á. Quem tem medo das ideias colocadas num livro publicado pela primeira vez há cerca de oitenta anos?


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