Balada para D.Quixote

Um olhar de viajante na última carruagem do último combóio de uma Memória intemporal.

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Localização: Covilhã, Portugal

A generalidade daquilo que você (e eu) julgamos saber, pode estar errado, porque, em regra, assenta em «informação» com falta de rigor e imparcialidade, vinda de quem interessa formatar a nossa mente. Pense você mesmo! Eu faço-o!

27.9.08

Os Terroristas deviam andar Fardados (2)


O que é fundamentalmente diferente, no acto do piloto de um avião bombardeiro ao accionar o comando que vai soltar uma ou várias bombas, que vão destruir locais com nomes como Dresden, Nagasaki ou Hiroxima, e no acto de um jovem palestiniano que se imola ao fazer explodir o seu cinto de explosivos, algures do Médio Oriente?
Ambos vão provocar a morte de pessoas inocentes; ambos vão aterrorizar muitas outras pessoas; ambos obedeceram a ordens. Onde estão as diferenças, para além da escala não comparável dos danos causados?


Quanto a mim, a diferença não está nem nas causas e motivações nem nos efeitos. Está sim, em termos éticos e de dignidade humana. No momento em que um faz, voluntariamente, o sacrifício supremo da sua vida, o outro, no seu confortável cockpit (quem sabe?), apenas tem o incómodo de, durante uns breves instantes, interromper o mascar da sua pastilha elástica.
Mas, nos jornais do dia seguinte, vão invariavelmente aparecer referências a um “terrorista” que se fez explodir causando “n” vítimas, e, num outro local desses jornais, referência a uma “acção militar de bombardeio a um alvo estratégico”.

Um ponto de vista, numa definição clássica, depende completamente “do ponto” em que se encontra, quem tem esse ponto de vista. Parece um redundância, mas pensando um pouco compreende-se a lógica que lhe está subjacente. Terrorismo, é afinal também um ponto de vista. Logo, “terroristas” são sempre os outros, aqueles que, no nosso ponto de vista, não nos combatem envergando algo idêntico aos rutilantes uniformes do tipo dos cadetes da Crimeia como tanto nos conviria, mas usam as estratégias, os locais e os tempos de ataque, que mais lhes convém, a eles.

A Resistência francesa que, com as suas acções de sabotagem e atentados, a militares mas também a pessoas a quem chamavam de colaboracionistas, durante a ocupação alemã (IIGM) tanto contribuiu para derrotar os alemães em Paris, até à libertação da cidade em Agosto de 1945, como rotulá-la? Heróis, patriotas?

Vistos do lado francês, seriam; vistos do lado alemão eram terroristas. Vistos ainda a uma perspectiva histórica, sabe-se que não eram uma coisa nem outra. Apenas uma milícia civil comunista controlada a partir de Moscovo, cujo “patriotismo e heroicidade” só lhes ocorreu, quando os alemães romperam o pacto germano-soviético e invadiram a Rússia. Aí sim, começaram a desenvolver acções contra o invasor alemão. Até então (1941) os “patriotas” da Resistência estavam quietinhos e em stand-by. Ocorre perguntar: eram “patriotas” de que pátria – a francesa ou a do proletariado?

A guerrilha que combatia o exército português em África era em Lisboa designada oficialmente por “terroristas”. Também o eram – que outro nome não se consegue encontrar para descrever a acção de matarem (Massacre da UPA - 1961) a golpes de catana todos os brancos que lhes apareciam na frente – mas formalmente eram soldados numa luta independentista.

O Terrorismo passou a ser assunto discutido internacionalmente após o “ataque” às torres gémeas do Word Trade Center, em Nova Iorque, nos Estados Unidos em 11 de Setembro de 2001, que originou cerca de três milhares de vítimas mortais. Pela primeira vez, os Estados Unidos, de exportadores de terror (segundo eles sempre para benefício da paz...) passaram a importadores involuntários.

Os norte-americanos aprenderam há muito com os seus (...difícil encontrar o termo certo), ... poderosos amigos e aliados judeus, o conceito pratico do “control damage”, que tentando encontrar uma expressão equivalente em português, seria assim algo como “dar-a-volta-por-cima”.

Os Judeus tiveram graves problemas durante a II Guerra Mundial – não com as dimensões que querem fazer crer – mas digamos, muito graves. Controlaram o dano, vitimando-se até ao extremo e fazendo do seu sofrimento uma bandeira que, devido a um complexo de culpa induzido entre os restantes gentios do mundo (especialmente alemães), lhes abriu as portas certas, para prosperarem nos seus negócios e lhes permitiu retomarem um Poder, que nunca foi tão grande.

Os norte-americanos por sua vez, tiveram “aquele” problema mal esclarecido, - como são quase todos os grandes acontecimentos naquele país - do World Trad Center. Anos e anos ainda se vão passar em discussões inconclusivas sobre, se foi um “atentado a partir do exterior”, “operação de inteligência e auto-atentado”, “implosão”, “encenação” etc. É melhor esperar sentado.

Fosse como fosse, a sabedoria aprendida com os sionista, fê-los encher os céus planetários com o seu brado indignado: “Terroristas: o mundo vai ser pequeno para conter a nossa justa ira!”.
E foram por aí fora, como se sabe, para o que nem necessitavam do pretexto do “atentado”, como toda a sua história relata. Só que agora na condição de incontestados justiceiros mundiais, vendo "terroristas" e “eixos do mal” em tudo o que é sítio, sobretudo se tem poços de petróleo por perto.

Aqui sim, eventualmente lamentando, por questões de custos económicos e de funcionalidade, o facto de nenhuma organização mundial ter ainda tornado obrigatória o uso de farda para o exercício de “terrorismo”, tiveram que remover – à bomba – pedra por pedra em alguns países do Médio Oriente, para tentar encontrar os putativos terroristas, sem aqueles recursos tecnológicos que se vêm nas séries televisivas americanas e, por isso mesmo, transformando indiferentes e neutros de todo o mundo em críticos dos Estados Unidos.

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24.9.08

Os Terroristas deviam andar Fardados? (1)


Durante a Guerra da Crimeia (1853-1856) – aquela mesma onde decorre o filme “Carga da Brigada Ligeira” com Errol Flynn – os finalistas de uma aristocrática escola de cadetes britânica, foram enviados para a frente de batalha. Na véspera da partida foi organizado um baile em sua honra por damas da sociedade inglesa. Aos brindes, um desses cadetes propôs empolgado, com a adesão entusiástica dos restantes, que no primeiro dia em que fossem para a frente de batalha, todos eles envergassem o uniforme de gala, com as suas dragonas, alamares e insígnias.

Assim aconteceu, mas nenhum deles voltou para contar a experiência. No terreno do conflito, aqueles vultos militares em farda de gala, plenos de brilho e cor, evidenciou imediatamente às forças opostas a presença de jovens oficiais, e estes foram naturalmente um alvo prioritário para os soldados inimigos, que, um após outro, os foi abatendo sistematicamente. Claro que o desplante exibido aqui pelos jovens cadetes, não fez escola. Pelo contrário. Para não ir mais longe quanto à evolução da arte da guerra, só quero lembrar que o fardamento de combate de qualquer força militar ou para-militar hoje, chama-se “camuflado”.

A história militar deixou há muito para trás as batalhas em que as forças em conflito se enfrentavam em campo aberto, com toques de clarim, fanfarras e até bandas militares que tocavam marchas marciais para elevarem o ânimo dos combatentes. O elemento dissimulação e surpresa passou a integrar os manuais castrenses e o “golpe de mão”, a sortida fortuita e a acção de comandos passaram a ser dominantes na estratégia de combate.

Se esta prática da arte da guerra passou a ser utilizada pelos grandes exércitos, por maioria de razões, foi adoptada pelos grupos armados pequenos, ou até muito pequenos, que se opunham ao Poder por detrás dos grandes exércitos. Mas aqui com refinamentos vários.

Agora imagine-se por mera especulação académica, que um qualquer organismo mundial determinava nos nossos dias, que qualquer combatente, em qualquer parte do mundo, teria direitos reconhecidos internacionalmente e portanto deveria usar uma farda que o identificasse como tal, para ficar ao abrigo de uma qualquer versão moderna da Convenção de Genebra (1929) sobre o tratamento a prisioneiros de guerra.

Humm?!... Interrogo-me sobre como se conseguiria enquadrar aqui os cárceres de Guantânamo actuais, onde, ao que julgo saber, nem a Cruz Vermelha Internacional tem acesso, ao contrário do que acontecia, por exemplo, nos Campos de Concentração alemães da II Guerra (hoje convenientemente renomeados para Campos de Extermínio), onde, certamente por falta de rigor na observação feita nesses Campos, a referida Cruz Vermelha até não detectava extermínio algum?...

Já sei! Os norte-americanos não seriam simplesmente subscritores dessa tal hipotética convenção, em perfeita coerência com o que fizeram quanto ao TPI - Tribunal Penal Internacional, porque a hipótese de americanos serem acusados de “crimes de guerra”, “crimes contra a humanidade” ou “crimes contra a paz” não é razoável e está, à partida, colocada de lado. Afinal eles estão por cima de tudo isso. Se fazem o que fazem, é porque, com dizia o seu Presidente Nixon, “Deus quer que a América governe o mundo”. Hellas!

Bem, como dificilmente veremos, aqueles a quem as grandes potências designam por terroristas com vistosos uniformes sobretudo para não terem o mesmo fim dos cadetes da Crimeia. podemos tentar alguma desconstrução sobre essa palavra “terrorismo”. Não é fácil.
...segue

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23.9.08

A Mosca


Esta é uma história de vida que não se apagará da minha memória. Vivi-a no início dos anos setenta do século passado, no restaurantezinho simpático (não sei se ainda existe), numa rua que liga a Praça onde está a Sé da Guarda, e dá saída da cidade em direcção à então, chamada Estrada da Beira. Lembro-me perfeitamente que, em frente ao restaurante ficava um posto de abastecimento de combustível que era, simultaneamente, “stand” de vendas da Ford Lusitana.

Almoçava ali pela primeira vez. O restaurante era recente e tinha-me sido recomendado. A sala encontrava-se bastante preenchida, com quase todas as mesas ocupadas. Serviam à mesa umas rapariguitas com ar provinciano, notoriamente inexperientes na actividade e pouco à vontade.
Ao fundo, de pé, um senhor que imagino ser o dono do restaurante observava o decorrer do serviço.

Por esse tempo, qualquer refeição num restaurante era geralmente acompanhada de vinho e terminava com um café e uma aguardente qualquer ou simplesmente um bagaço.
Ainda não tinha sido inventado esse “crime” moderno, a que o fundamentalismo securitário chama de “condução sob efeito do álcool".

Desafio, ainda hoje, qualquer um a demonstrar-me que a sinistralidade rodoviária de então - vista sob o ângulo estatístico que quiserem - , resultante de uma condução automóvel sobre estradas más e automóveis com a tecnologia da época quanto a segurança; alguns novos, a maior parte já com bastante uso e outros até verdadeiros “chaços”; rodando com os pneus da época ( algumas vezes carecas), sem cintos de segurança, inspecções obrigatórias e um Código de Estrada incomensuravelmente menos draconiano e punitivo do que o actual - desafio, repito, a que me demonstrem que a sinistralidade era maior do que actual. Provem-me que estou errado!

Por essa altura, nos “média” que então ainda não se chamavam assim, viam-se anúncios a produtos que hoje constituiriam chocantes heresias: a marcas de cigarros, a bebidas entre as quais aguardentes, etc. Uma conhecida marca vinícola portuguesa, publicitava uma aguardente envelhecida comercializada com o nome de “Mosca” (julgo que ainda existe e o nome tinha origem em “moscatel”), então muito popular e obrigatória nas garrafeiras de cafés e restaurantes. O slogan que se ouvia e lia por todo o lado incitava: “...uma Mosca com o seu cafezinho!

Naturalmente no final do almoço a que me refiro, a empregada, depois de levantar os pratos, apesar da sua relativa inexperiência, fez a pergunta clássica: - “Toma café?” – “Sim”, respondi – “e traga-me também uma Mosca por favor!”.

Como dentro em pouco iria constatar, a pobre rapariga, não fazia a mínima ideia de que aquele fosse o nome de uma bebida. Mas isso então, nem sequer me passou pela cabeça.
Ao ouvir o meu pedido, olhou-me de uma forma esquisita e o rosto dela começou a enrubescer. Fica, olhando-me em silêncio. Eu também a olho, sem compreender a razão da perturbação da pobre pequena. Até que ela, muito atrapalhada, me pergunta com um tom de voz exclamativo:
- “Uma mosca?!!! .... mas,... daquelas que (sic) avoam” (voam)?

Ao compreender a razão da perturbação da rapariga, não pude conter a maior gargalhada que dei em toda a minha vida. Mais, descontrolei-me tão completamente que não conseguia parar de rir; a certa altura, nervosamente, eu já soluçava mais do que ria. A rapariga olhava-me, atrapalhada e ainda sem compreender. É então que responsável do restaurante vê de longe que, qualquer coisa muito esquisita se estava a passar com aquela mesa e aquele cliente. Dirige-se-me e, é ainda com soluços, que tento explicar-lhe a situação.

Manifestamente incomodado com o lado profissional do incidente, desfez-se em explicações para justificar a ignorância da empregada, e deu-lhe instruções para me trazer a tal “mosca” que eu tinha pedido.
Ao sair, era tal a minha simpatia pela ingenuidade daquela empregada de mesa, que deixei na mesa, talvez a maior gorjeta que alguma vez dei em toda a vida. E não esqueci o incidente. Quem, como eu, vive um momento único como este, não o esquece jamais.

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18.9.08

Leituras: A Guerra Desnecessária


Mais conhecido da opinião publica norte americana por ser um comentador de política na televisão do que pela sua actividade política, este livro de Patrick Buchanan, é fundamental para ajudar a perceber algo mais sobre a génese da II Guerra Mundial

O que Pat Buchanan - conselheiro de três presidentes dos Estados Unidos, Nixon, Ford e Reagan e, ele próprio candidato a Presidente em 2000 - explana neste livro, é mais ou menos conhecido de quantos se debruçaram com alguma profundidade, sobre o conflito que custou a vida a mais se 50 milhões de pessoas.

Nunca se mente tanto como depois de uma guerra, sobretudo quando são os vencedores a fazer a história. Também por isso, a História da II Guerra Mundial (1939-1945), em rigor continua por fazer. Pelo menos, com o distanciamento e imparcialidade suficientes para lhe conferir alguma credibilidade documental. E, porque essa história jamais será feita a partir de Hollywood este livro é, a par de outros que estão a surgir, um contributo importante. Recomenda-se a leitura.

«Hitler não era uma ameaça para a Inglaterra, era sobretudo anti-comunista». Teria destruído a Rússia bolchevista e ocupado uma grande parte da Europa. Mas o que Churchill conseguiu (com a entrada na II Guerra) foi entregar metade da Europa aos Russos e perder o Império Britânico – em defesa do qual disse ter entrado na guerra contra a Alemanha»

(Patrick Buchanan in “Curchill, Hitler and The Unecessary War - How Britain Lost the Empire and de West Lost the World.




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16.9.08

Dicionário Incoveniente [1]


W - Wilson, Tomas Woodrow


Wilson, Thomas Woodrow - (1856-1924), 28º Presidente dos Estados Unidos entre (1912 e 1921), tornando-se responsável pela política americana durante a I Guerra Mundial (1914-1918). Membro do Partido Democrata, e Prémio Nobel da Paz em 1919.

Este prémio ser-lhe-ia atribuído pela sua contribuição para a criação da Sociedade das Nações, ou Liga das Nações, um organismo supranacional criado oficialmente em 1920, mas que teve uma existência praticamente virtual, até dar lugar em 1946 à actual ONU. Curiosamente o laureado Wilson era o Presidente dos Estados Unidos e estes nunca fizeram parte da tal Sociedade das Nações.

Para além desta anunciada, premiada, mas jamais concretizada contribuição para a paz pelo via do organismo internacional que preconizou, Wilson era realmente tão pacifista quanto o pode ser, um presidente americano. Os negócios da América estão sempre primeiro e a política americana existe para servir antes de mais, os negócios e interesses americanos.

Dentro dessa linha de conduta, Wilson mandou uma expedição militar ao México em 1916 para capturar e neutralizar o revolucionário mexicano Pancho Vila. Não o conseguiu desta vez, mas as intervenções norte-americanas na América austral continuariam, bastando recordar o episódio Noriega e outros.

O nosso Nobel da Paz, queria intimamente entrar na I Guerra Mundial que decorria na Europa, porque isso iria ser bom para os negócios da América, cujo lobie o pressionava nesse sentido. Mas precisava de um pretexto, para, perante a opinião pública, alterar a tradição política americana de neutralidade e de não intervenção nas questões europeias.

Quando esse pretexto não surge, a América cria-os – “no problem!”- É preciso abrir caminho à máquina de guerra americana a qualquer custo e aí, uma vez no cenário bélico, liderar as operações ... e, no fim, colher os frutos. «As regras são as regras americanas e não quaisquer outras.

Meio século mais tarde outros Presidentes manipulariam a “informação” da existência de umas fantasmagóricas armas de destruição massiva na posse do ditador do Iraque; a existência de uma falsa fábrica de comprimidos na Nigéria, onde “realmente” se estavam a desenvolver perigosas armas químicas para abastecer terroristas; ou, que o Irão fundamentalista estava a construir uma bomba atómica, coisa que só o vizinho (e aliado dos EUA) Israel, pode ter na região. Tudo serve. Não admira que a autenticidade da queda das Torres Gémeas em Nova Iorque, que deu “força moral” aos Estados Unidos para começarem a enxergar terroristas em tudo o que usa turbante, continue a gerar muitas interrogações.

O pretexto do gabinete Wilson para entrar na I Guerra, começou por ser a existência de uns vagos ataques de submarinos alemães à frota americana, mas o “passaporte” definitivo para a viagem rumo à Europa, vem-lhe (coincidência das coincidências), dos amigos Ingleses que, na altura estavam em sérias dificuldades com o poder bélico da Alemanha mas que, por “mero acaso” tinham interceptado e descodificado um telegrama cifrado, o famoso Telegrama Zimmerman e apressaram-se a disponibilizá-lo aos amigos americanos.

O telegrama, supostamente enviado em 16 de Janeiro de 1917 pelo ministro dos estrangeiros da Alemanha para o embaixador alemão no México, instruía o embaixador para se aproximar do governo mexicano, com a proposta de formar uma aliança militar contra os Estados Unidos. A proposta prometia ao México terras dos Estados Unidos caso o país aceitasse o acordo.

Uma derradeira curiosidade: o texto do “telegrama” descodificado circulou então por todo o mundo, apesar de, até na versão posta a correr pelos americanos, o ministro alemão, reafirmasse o desejo de manter os Estados Unidos numa posição de neutralidade. No auge do entusiasmo com o “passaporte” ninguém parece ter reparado que ficava em evidência a encenação que se estava a preparar de retaliação aos “ataques de submarinos alemães” à frota americana.

Já com a vitória assegurada na Europa, por decisiva acção da entrada dos Estados Unidos no conflito, a 8 de Janeiro de 1918 Wilson faz um discurso onde apresenta os seus célebres “catorze Pontos”, como uma base para a paz.

No seguimento dessas políticas, o Novo Mundo iria a partir daí, ditar as suas regras ao velho continente, transformando-se aos poucos, em nome de uma nova ideologia de cruzada que visava introduzir padrões éticos e de generosidade, os EUA surgem como um “benfeitor global” de todos os povos do planeta ou seja, comportando-se como seus proprietários e mentores.

Assim, nascia um insuperável cinismo na definição das relações internacionais e de policiamento de todo o mundo, que só seria definitivamente desmascarado na Guerra do Golfo em 1991, onde ficou por demais evidente que a intervenção das tropas americanas no Koweit e no Iraque, visava fundamentalmente o controlo dos poços de petróleo.

A margem de toda a sua acção política, discutiu-se se Thomas Wilson não foi influenciado por graves problemas psíquicas. No livro “Thomas Woodrow Wilson: um Estudo Psicológico”, os autores Sigmund Freud e William C. Bullitt revelam com clareza devastadora, como Wilson era profundamente perturbado e como os seus conflitos íntimos afectaram momentos vitais da história mundial, inclusive sua decisão de levar a América à guerra.


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14.9.08

Teorias e Nariz de Pinóquio

“A partir do segundo desmentido oficial, a coisa pode ser dada como certa”. É uma norma que os diplomatas mais experientes seguem há muito tempo. Sempre que uma revelação política mais escaldante surge, um Governo imediatamente desmente. Se as evidências do acontecimento se acumulam, surge um segundo desmentido. E este, em regra, abre mais portas ao esclarecimento aprofundado, do que aquelas que fecha.

Já lá vão os tempos em que as versões oficiais dos factos políticos, tinham um peso determinante e colocavam um ponto final nas questões. A investigação, numa óptica independente, contraditória e perseguindo o apuramento real dos factos  começou, como lhe competia, pela imprensa. A par foram surgindo investigações de outras fontes, de outros quadrantes da sociedade.

Com o tempo, as verdades oficiais deixaram de ter o peso absoluto de outros tempos e, passaram a ter um peso mais relativo, quando não uma credibilidade próxima da que é atribuída ao boneco Pinóquio, nas alturas em que o nariz lhe começa a crescer.

O Poder, e os que lhe estão numa proximidade dependente, encararam esta realidade e contra-atacaram a fundo os críticos das suas verdade oficiais. Numa primeira fase, desacreditando-os e, através dos seus múltiplos canais de comunicação, propagando a ideia de que toda a crítica factual a acontecimentos históricos importantes, divergente da versão oficial, era “Teoria da Conspiração”. 

É imaginativa a estratégia. Evita a obrigação de rebater e desmentir factualmente os argumentos e evidências dos críticos, caso a caso. O rótulo de “teorias da conspiração” funciona como uma espécie de ferramenta universal para desacreditar e desactivar os inconformismos.

Mas, face a alguns eventos supostamente históricos, a teimosia crítica e discordante de alguma investigação mais obstinada, manteve-se, e angariou, a níveis preocupantes para o Poder, novos insatisfeitos com as verdades oficiais.

Aí, o Poder, quando dominado por sectores a quem mais incomodavam as dúvidas dos analistas e historiadores, teve que perder o verniz e recorreu – tal como na Idade Média – à imposição de dogmas, remetendo os ímpios e descrentes, agora já não para as fogueiras, mas para o rigor de Códigos Penais, adaptados para punir o “crime da descrença”.

E então, passou a ser punível com prisão efectiva - até 20 anos na Áustria, com tempos de encarceramento menores mas sempre elevados, na Alemanha e noutros países, e, ao que parece, dentro em breve em toda a União Europeia – a “heresia” histórica de “por em dúvida” a existência de um “holocausto”, ou mesmo uma “solução final” para os judeus na Alemanha em plena II Guerra Mundial, criticar o expansionismo e hegemonia mundial do Sionismo.

Felizmente estou em Portugal, onde estas questões ainda não se colocam de uma forma violenta. Assiste-se apenas ao espectáculo burlesco, de ver alguns políticos em cerimoniais de “pedido de desculpa aos judeus” pela expulsão de D.Manuel (mas não aos “mouros” também expulsos por outros monarcas) e coisas assim. Nada preocupante. Por enquanto. Digo eu ...     

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1.9.08

Vagina. Vc. Sabe o Suficente?...


Sabe, por exemplo, que na tradição de alguns povos, o órgão genital feminino tem, muito para além da sua função natural, eventuais poderes extraordinários, atemorizantes mesmo?
Anote:


- Há um provérbio catalão que diz “la mar es posa si viu el cony d’una dona” (o mar acalma-se se vê a cona de uma mulher).
- O folclore russo relata como um urso que surja do meio do mato, pode ser afugentado se uma rapariga lhe erguer as saias. Parece que frente à adversidade, a melhor opção de uma mulher é erguer a saia.

Sabe, que pode encontrar ícones da vagina feminina - sobretudo do seu “exclusivo” órgão anatómico, o clítoris - cuja única finalidade é a de proporcionar prazer sexual e que nenhuma outra fêmea animal possui – na arquitectura medieval? Essa pequena protuberância encontra-se – embora sub liminarmente – celebrada com o botão de rosa, no topo dos arcos góticos das grandes Catedrais do Renascimento.
Encontra ainda a vagina representada no interior de muitos templos cristãos! Na iconologia vaginal, as amêndoas e os genitais femininos estão ligados através das formas. Segundo a mitologia clássica, as amêndoas brotaram da vagina de Cibele, a deusa da natureza e mãe de todas as coisas vivas.

Na arte cristã, em pinturas e esculturas medievais a virgem Maria e o seu filho, são muitas vezes representados envoltos numa área luminosa em forma de amêndoa – uma “mandorla”.
Um uso mais contemporâneo dessa auréola vaginal aparece muitas vezes como peça central dos altares de igrejas (ex. S.Tiago – Covilhã) e catedrais, como a de Coventry na Grã-Bretanha. Trata-se de uma gigantesca “mandorla” de onde emerge a figura de Cristo em glória.

A Vagina, ao longo da História, impressionou sempre mais a Arte os artistas do que a Ciência e a Filosofia, que eram por vezes duros na sua análise:

Os anatomistas do Renascimento proclamavam que a vagina era um pénis subdesenvolvido e virado do avesso, que os ovários eram testículos, o útero um escroto e o clítoris também era um pénis.
-Para Aristóteles, a mulher é uma espécie de homem mutilado.
- Galeno (Cláudio, médico grego, 131-200, ensinava: “Tal como o ser humano é o mais perfeito de todos os animais, da mesma forma, entre os seres humanos, o homem é mais perfeito que a mulher e a razão da sua perfeição é o seu excesso de calor, pois o calor é o instrumento primário da Natureza.”
- Gaspar Bauhim (1560-1624) sentenciava, por sua vez: “Nós, portanto nunca encontramos uma história verdadeira, segundo a qual um homem se tenha tornado mulher, porque a Natureza caminha sempre em direcção ao que é mais perfeito e nunca actua ao contrário.”

Finalmente a génese da palavra vagina: Tem a sua origem no hábito anatómico de usar semelhanças para conferir nomes. Em latim, a palavra implicava originalmente uma bainha ou estojo de protecção da lâmina de uma arma branca, a cobertura protectora de uma espada. Só no Século XVI a palavra começou a ser usada em associação com uma parte da anatomia feminina.

Créditos para o livro “A História da V” de Catherine Blacklede, jornalista britânica especializada em Ciência.

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