Balada para D.Quixote

Um olhar de viajante na última carruagem do último combóio de uma Memória intemporal.

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A generalidade daquilo que você (e eu) julgamos saber, pode estar errado, porque, em regra, assenta em «informação» com falta de rigor e imparcialidade, vinda de quem interessa formatar a nossa mente. Pense você mesmo! Eu faço-o!

16.9.08

Dicionário Incoveniente [1]


W - Wilson, Tomas Woodrow


Wilson, Thomas Woodrow - (1856-1924), 28º Presidente dos Estados Unidos entre (1912 e 1921), tornando-se responsável pela política americana durante a I Guerra Mundial (1914-1918). Membro do Partido Democrata, e Prémio Nobel da Paz em 1919.

Este prémio ser-lhe-ia atribuído pela sua contribuição para a criação da Sociedade das Nações, ou Liga das Nações, um organismo supranacional criado oficialmente em 1920, mas que teve uma existência praticamente virtual, até dar lugar em 1946 à actual ONU. Curiosamente o laureado Wilson era o Presidente dos Estados Unidos e estes nunca fizeram parte da tal Sociedade das Nações.

Para além desta anunciada, premiada, mas jamais concretizada contribuição para a paz pelo via do organismo internacional que preconizou, Wilson era realmente tão pacifista quanto o pode ser, um presidente americano. Os negócios da América estão sempre primeiro e a política americana existe para servir antes de mais, os negócios e interesses americanos.

Dentro dessa linha de conduta, Wilson mandou uma expedição militar ao México em 1916 para capturar e neutralizar o revolucionário mexicano Pancho Vila. Não o conseguiu desta vez, mas as intervenções norte-americanas na América austral continuariam, bastando recordar o episódio Noriega e outros.

O nosso Nobel da Paz, queria intimamente entrar na I Guerra Mundial que decorria na Europa, porque isso iria ser bom para os negócios da América, cujo lobie o pressionava nesse sentido. Mas precisava de um pretexto, para, perante a opinião pública, alterar a tradição política americana de neutralidade e de não intervenção nas questões europeias.

Quando esse pretexto não surge, a América cria-os – “no problem!”- É preciso abrir caminho à máquina de guerra americana a qualquer custo e aí, uma vez no cenário bélico, liderar as operações ... e, no fim, colher os frutos. «As regras são as regras americanas e não quaisquer outras.

Meio século mais tarde outros Presidentes manipulariam a “informação” da existência de umas fantasmagóricas armas de destruição massiva na posse do ditador do Iraque; a existência de uma falsa fábrica de comprimidos na Nigéria, onde “realmente” se estavam a desenvolver perigosas armas químicas para abastecer terroristas; ou, que o Irão fundamentalista estava a construir uma bomba atómica, coisa que só o vizinho (e aliado dos EUA) Israel, pode ter na região. Tudo serve. Não admira que a autenticidade da queda das Torres Gémeas em Nova Iorque, que deu “força moral” aos Estados Unidos para começarem a enxergar terroristas em tudo o que usa turbante, continue a gerar muitas interrogações.

O pretexto do gabinete Wilson para entrar na I Guerra, começou por ser a existência de uns vagos ataques de submarinos alemães à frota americana, mas o “passaporte” definitivo para a viagem rumo à Europa, vem-lhe (coincidência das coincidências), dos amigos Ingleses que, na altura estavam em sérias dificuldades com o poder bélico da Alemanha mas que, por “mero acaso” tinham interceptado e descodificado um telegrama cifrado, o famoso Telegrama Zimmerman e apressaram-se a disponibilizá-lo aos amigos americanos.

O telegrama, supostamente enviado em 16 de Janeiro de 1917 pelo ministro dos estrangeiros da Alemanha para o embaixador alemão no México, instruía o embaixador para se aproximar do governo mexicano, com a proposta de formar uma aliança militar contra os Estados Unidos. A proposta prometia ao México terras dos Estados Unidos caso o país aceitasse o acordo.

Uma derradeira curiosidade: o texto do “telegrama” descodificado circulou então por todo o mundo, apesar de, até na versão posta a correr pelos americanos, o ministro alemão, reafirmasse o desejo de manter os Estados Unidos numa posição de neutralidade. No auge do entusiasmo com o “passaporte” ninguém parece ter reparado que ficava em evidência a encenação que se estava a preparar de retaliação aos “ataques de submarinos alemães” à frota americana.

Já com a vitória assegurada na Europa, por decisiva acção da entrada dos Estados Unidos no conflito, a 8 de Janeiro de 1918 Wilson faz um discurso onde apresenta os seus célebres “catorze Pontos”, como uma base para a paz.

No seguimento dessas políticas, o Novo Mundo iria a partir daí, ditar as suas regras ao velho continente, transformando-se aos poucos, em nome de uma nova ideologia de cruzada que visava introduzir padrões éticos e de generosidade, os EUA surgem como um “benfeitor global” de todos os povos do planeta ou seja, comportando-se como seus proprietários e mentores.

Assim, nascia um insuperável cinismo na definição das relações internacionais e de policiamento de todo o mundo, que só seria definitivamente desmascarado na Guerra do Golfo em 1991, onde ficou por demais evidente que a intervenção das tropas americanas no Koweit e no Iraque, visava fundamentalmente o controlo dos poços de petróleo.

A margem de toda a sua acção política, discutiu-se se Thomas Wilson não foi influenciado por graves problemas psíquicas. No livro “Thomas Woodrow Wilson: um Estudo Psicológico”, os autores Sigmund Freud e William C. Bullitt revelam com clareza devastadora, como Wilson era profundamente perturbado e como os seus conflitos íntimos afectaram momentos vitais da história mundial, inclusive sua decisão de levar a América à guerra.


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