Balada para D.Quixote

Um olhar de viajante na última carruagem do último combóio de uma Memória intemporal.

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A generalidade daquilo que você (e eu) julgamos saber, pode estar errado, porque, em regra, assenta em «informação» com falta de rigor e imparcialidade, vinda de quem interessa formatar a nossa mente. Pense você mesmo! Eu faço-o!

24.9.08

Os Terroristas deviam andar Fardados? (1)


Durante a Guerra da Crimeia (1853-1856) – aquela mesma onde decorre o filme “Carga da Brigada Ligeira” com Errol Flynn – os finalistas de uma aristocrática escola de cadetes britânica, foram enviados para a frente de batalha. Na véspera da partida foi organizado um baile em sua honra por damas da sociedade inglesa. Aos brindes, um desses cadetes propôs empolgado, com a adesão entusiástica dos restantes, que no primeiro dia em que fossem para a frente de batalha, todos eles envergassem o uniforme de gala, com as suas dragonas, alamares e insígnias.

Assim aconteceu, mas nenhum deles voltou para contar a experiência. No terreno do conflito, aqueles vultos militares em farda de gala, plenos de brilho e cor, evidenciou imediatamente às forças opostas a presença de jovens oficiais, e estes foram naturalmente um alvo prioritário para os soldados inimigos, que, um após outro, os foi abatendo sistematicamente. Claro que o desplante exibido aqui pelos jovens cadetes, não fez escola. Pelo contrário. Para não ir mais longe quanto à evolução da arte da guerra, só quero lembrar que o fardamento de combate de qualquer força militar ou para-militar hoje, chama-se “camuflado”.

A história militar deixou há muito para trás as batalhas em que as forças em conflito se enfrentavam em campo aberto, com toques de clarim, fanfarras e até bandas militares que tocavam marchas marciais para elevarem o ânimo dos combatentes. O elemento dissimulação e surpresa passou a integrar os manuais castrenses e o “golpe de mão”, a sortida fortuita e a acção de comandos passaram a ser dominantes na estratégia de combate.

Se esta prática da arte da guerra passou a ser utilizada pelos grandes exércitos, por maioria de razões, foi adoptada pelos grupos armados pequenos, ou até muito pequenos, que se opunham ao Poder por detrás dos grandes exércitos. Mas aqui com refinamentos vários.

Agora imagine-se por mera especulação académica, que um qualquer organismo mundial determinava nos nossos dias, que qualquer combatente, em qualquer parte do mundo, teria direitos reconhecidos internacionalmente e portanto deveria usar uma farda que o identificasse como tal, para ficar ao abrigo de uma qualquer versão moderna da Convenção de Genebra (1929) sobre o tratamento a prisioneiros de guerra.

Humm?!... Interrogo-me sobre como se conseguiria enquadrar aqui os cárceres de Guantânamo actuais, onde, ao que julgo saber, nem a Cruz Vermelha Internacional tem acesso, ao contrário do que acontecia, por exemplo, nos Campos de Concentração alemães da II Guerra (hoje convenientemente renomeados para Campos de Extermínio), onde, certamente por falta de rigor na observação feita nesses Campos, a referida Cruz Vermelha até não detectava extermínio algum?...

Já sei! Os norte-americanos não seriam simplesmente subscritores dessa tal hipotética convenção, em perfeita coerência com o que fizeram quanto ao TPI - Tribunal Penal Internacional, porque a hipótese de americanos serem acusados de “crimes de guerra”, “crimes contra a humanidade” ou “crimes contra a paz” não é razoável e está, à partida, colocada de lado. Afinal eles estão por cima de tudo isso. Se fazem o que fazem, é porque, com dizia o seu Presidente Nixon, “Deus quer que a América governe o mundo”. Hellas!

Bem, como dificilmente veremos, aqueles a quem as grandes potências designam por terroristas com vistosos uniformes sobretudo para não terem o mesmo fim dos cadetes da Crimeia. podemos tentar alguma desconstrução sobre essa palavra “terrorismo”. Não é fácil.
...segue

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