Balada para D.Quixote

Um olhar de viajante na última carruagem do último combóio de uma Memória intemporal.

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Localização: Covilhã, Portugal

A generalidade daquilo que você (e eu) julgamos saber, pode estar errado, porque, em regra, assenta em «informação» com falta de rigor e imparcialidade, vinda de quem interessa formatar a nossa mente. Pense você mesmo! Eu faço-o!

24.7.07

Obras Polémicas para Compreender o Nazismo

(...) "Finalmente", exclama Gitta Sereny, "veremos um Hitler humano no palco!" Jamais se fez isso anteriormente. "Os livros maldosos escritos sobre ele, esses muitos, muitos livros maus, mostraram apenas sua caricatura", diz ela. "Mas, se não se mostrar o Hitler humano, não se poderá entender por que os alemães o amavam. Eu pus Hitler humano no meu livro e recebi - posso me atrever a dizer? - 2 mil cartas de pessoas do mundo inteiro dizendo: `Meu Deus, afinal compreendemos como tudo aquilo pôde acontecer'(*)


Destaques do seu livro «No Mundo das Trevas (Treblinka)»

«(...) O dr. Eugen Dollman é um dos raros alemães que nunca negaram pertencer ao partido nazi. Durante o período em que foi intérprete de Hitler em Roma, serviu de intérprete também a todos os outros alemães importantes que lá foram - Himmler, Heydrich, Goering, diplomatas etc.

Esteve presente em todas as grandes conferências germano-italianas, em Roma e em Berlim, e foi várias vezes convidado para o Berghof (casa de campo de Hitler). Escreveu um livro "The Interpreter", que nunca foi publicado na Alemanha. O retrato que faz de Hitler, é pouco habitual no mínimo:

- "Divirto-me com os disparates que as pessoas dizem acerca de Hitler. Todas aquelas coisas sobre os seus acessos de raiva, em que quebrava as loiças e mordia as carpetes, sabe ?...."

-"Quando me apresentei aos americanos - ouviram a minha história e, mais tarde, escreveram um depoimento, e pediram-me para o assinar. Comecei a lê-lo e disseram-me que não era necessário fazê-lo. Respondi que leria qualquer coisa que assinasse. Mesmo no final tinham escrito que eu dissera ter visto Hitler a ter aqueles ataques furiuosos de raiva, a atirar loiça pelo ar, morder carpetes e todos esses disparates e, por isso, disse que não assinava. Disseram-me que estavam dispostos a pagar-me uma quantia considerável em dólares. Recusei. Nunca vira nada daquilo e não assinaria. Disseram-me que isso ia trazer-me desvantagens - mas não riscaram essa parte." (...)

- "Nunca vi Hitler ser nada para além de extremamente cortês, nas muitas ocasiões sociais que passei com ele. Tinha uma voz muito calma, tímida até ... com o seu sotaque austríaco." (nota da autora: Lorde Boothby disse o mesmo: suave, hesitante e refletida - foi assim que descreveu a voz de Hitler) (...)

- "É claro que Mussulini era muito diferente. Era, como se sabe, um verdadeiro homem: cheio de vida, encanto e também culto. Hitler era frio - asseverou o dr Dollman -
A atmosfera que o rodeava era fria como gelo. Mas era extraordinariamente receptivo a informações. Perguntava e ouvia"


E que diz de Eva Braun? Havia uma relação normal entre eles? -"Ela era simpática mas terrivelmente estúpida (...). No Berghof, podiamos observá-la a adorar Hitler; limitava-se a estar sentada e a olhá-lo embevecida. Não tinha conversa e aquele cérebro não albergava um único pensamento; na verdade nem cérebro tinha. Penso que era isso que a ele lhe agradava nela e que procurara: alguém a quem não tivesse de dizer nada (...)

-"Nunca ouvi Hitler proferir a palavra "judeu" em privado, ou até na conversa trivial. Falava nos staatsfeinde (inimigos do Estado) e esse conceito englobava todos os que estavam contra a Alemanha, incluindo os Aliados, os Russos, etc." (...)

-"Na verdade, nunca soubemos que os judeus estavam a ser exterminados no Leste. Lembro-me, depois da guerra, quando estava a preparar o meu livro, de ter ido visitar Kesselring. Perguntei-lhe com toda a honestidade e tendo em conta a informação histórica: Soubera da existência desses campos de horror? Ele respondeu: Juro-lhe que não fazia a menor idéia de que existissem - nós não sabíamos!»


(*) Gitta Sereny - Escritora nascida em Viena, filha de pais húngaros, mulher de espirito independente, educada na Inglaterra, autora de vários livros sobre figuras marcantes do III Reich alemão.

Rigorosa, exaustiva na busca das razões profundas que estariam por detrás das denunciadas atrocidades cometidas cometidas pelo regime nazi - para ela, sempre há um porquê. Outros poderão falar de atrocidades incompreensíveis; Sereny acredita que, se escavarmos bem fundo (e, santo Deus, como ela vai fundo!), sempre se poderá encontrar um sentido, um conjunto, um padrão nos eventos que inexoravelmente levaram até esse momento.

Como enfermeira coluntária lidou com crianças refugiadas e com sobreviventes do campo de concentração de Dachau.
Se quisermos uma única palavra para definir a essência de Sereny, ela figurará a sua incorruptível busca das verdades mais obscuras e seu senso igualmente infatigável de justiça.

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13.7.07

Gente


  • «Egoísta é quem pensa mais em si mesmo, ... do que em mim»

  • «Nasce-se aristocrata. A aristocracia não se herda, não se aprende»

  • (...) «não reconheceria Deus nem que Ele lhe mordesse»

  • «Nunca se enfurece. Apenas se vinga»

  • «Todos os anos a economia produz cada vez mais coisas com cada vez menos pessoas»

  • «Na guerra, os que a decidem não morrem e os que morrem não a decidem»

  • «Não sou um turista, sou um viajante. Isso faz toda a diferença»

  • (...) »bloqueámos democraticamente a linha de caminho de ferro!» (manifestante ao ser intrevistado)

  • As oportunidades sempre aparecem no momento menos oportuno»

  • «Bebo, para tornar as outras pessoas interessantes... » (Humphrey Bogart)

  • «90% da beleza feminina sai com água e sabão»

10.7.07

Relendo... "As Vinhas da Ira"



Um Banco ou uma Companhia não vive como o comum das pessoas, porque essas entidades não comem carne ou respiram ar. Respiram lucros; comem os juros sobre o dinheiro. Se os não tiverem, morrem...”


(...) “... o Banco - o Monstro tem de recolher sempre lucros. Não pode esperar. Os juros tem que estar continuamente a subir. Quando o Monstro para de crescer, morre. Não pode estar sempre do mesmo tamanho.”


(...) “O Banco é alguma coisa mais do que homens. Acontece que todos os homens odeiam o que o Banco faz e, todavia, o Banco continua a fazê-lo. O Banco é alguma coisa mais do que os homens, acreditem. É o Monstro. Os homens fizeram-no mas não o podem controlar". (John Steinbeck)

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9.7.07

Reflexões...

* Todos os cogumelos são comestíveis, pelo menos uma vez...

* À cura de uma doença fatal, sucede sempre uma doença fatal sem cura...

* Muita luz é como muita sombra: não deixa ver...

* O medo da morte impede-nos de viver, não de morrer...

* Os livros não mudam o mundo, quem muda o mundo são as pessoas. Os livros só mudam as pessoas...

* A Justiça é a vingança do homem em sociedade. A vingança é a justiça do homem em estado selvagem...

* Há muitas coisas mais importantes que o dinheiro. Mas são tão caras ...

* Hoje, é o amanhã que tanto nos preocupava ontem.

* O tempo parece passar a ritmos diferentes para cada pessoa ... (Stephen Hawkling)

* As boas raparigas vão para o céu. As más vão para todo o lado...

8.7.07

A Grande Febre Especulativa das Tulipas



Um desses fenómenos foi a febre especulativa que se manifestou com inusitada intensidade na Holanda do XVII, circunstância da que dá boa prova o espectacular tráfico económico que teve lugar em torno a um artigo tão simples como a tulipa.

Esta planta, converteu-se durante o primeiro terço do sec. XVII em um objecto de veneração para os cidadãos holandeses. Foi uma dessas estranhas modas, tão correntes na época actual, que pegou quase repentinamente, sem que se conheça com certeza a razão. O facto é que, a partir de 1630, o snobismo dos primeiros momentos começou a adquirir tons de pura e simples especulação.

Cada dia era maior o número de pessoas desejosas de adquirir exemplares desse bolbo, já não por razões decorativas, senão com o propósito de vendê-los a um preço superior, não tardando em desenvolver-se em torno das tulipas um autêntico mercado bolsista no qual participavam indivíduos de todas as condições sociais.

As Bolsas das principais cidades holandesas converteram-se assim no cenário de transações em que se pagavam milhares de florins por exemplares de tulipas que, convertidos já em um valor abstracto, ao modo das acções actuais, ninguém havia chegado a ver, nem o comprador, nem o vendedor, nem muito menos o agente bolsista.

A histeria especulativa foi em aumento, impulsionada pelo facto de que, como em todo negócio de essa índole, o incremento injustificado e vertiginoso da cotação fez que, em principio, todo o mundo obtivesse lucros. Ao ponto que muitas pessoas chegaram ao extremo de hipotecar todos os seus bens para investir o numerário assim obtido em tão lucrativo negócio.

Caro que, no final, acabou ocorrendo o inevitável em todo processo de especulação montado em torno a um objecto carente de valor intrínseco, e cuja valorização resulta ser puramente fictícia. À vertiginosa subida dos preços sucedeu uma queda ainda mais vertiginosa, o que implicou a bancarrota absoluta para centenas de famílias.

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7.7.07

Reflexões sobre Mercado



  • «O mercado é uma multidão de indivíduos ignorantes que tentam adivinhar aquilo que os outros vão fazer» (John Maynard Keynes)

  • (...) «aqueles que não vivem senão do seu trabalho, só o encontrarão se esse seu trabalho contribuir para aumentar o capital. Por isso são obrigados a vendê-lo no dia a dia. São uma mercadoria, um artigo de comércio como qualquer outro, sujeito portanto a todas as vississitudes da concorrência, a todas as flutuações de mercado» (in Manifesto Comunista)

  • «O que é perigoso é que o mercado esconde uma economia especulativa, e esta economia tende a ser autónoma, a nem sequer precisar do consumo» (Economista)

  • «Os sindicatos têm um objectivo comercial que consiste em valorizar no mercado burguês o trabalho de uma classe de trabalhadores» (Gramsci)

  • «Cinco milhões de dólares circulam diariamente no mercado de capitais. Apenas 5% são utilizados para financiar actividades produtivas. Os restantes 95% representam puro movimento expeculativo»

  • «Com o fim da guerra fria, o mercado tornou-se o novo paradigma económico e a sua liberalização, na nova ideologia dominante. Globalização passou a ser a palavra-chave do novo dicionário com o qual se quer interpretar o mundo. A divisão, entre os que a defendem como uma nova era de desenvolvimento, e os que a condenam como o reinado das multinacionais e dos poderosos e a condenação dos mais fracos, ameaça tornar-se o grande combate ideológico e político do sec. XXI»
  • «O pior assassino de massas da História não tem rosto. Chama-se capitalismo, mas prefere que lhe dêem o nome de economia liberal ou de mercado»

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