Balada para D.Quixote

Um olhar de viajante na última carruagem do último combóio de uma Memória intemporal.

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Localização: Covilhã, Portugal

A generalidade daquilo que você (e eu) julgamos saber, pode estar errado, porque, em regra, assenta em «informação» com falta de rigor e imparcialidade, vinda de quem interessa formatar a nossa mente. Pense você mesmo! Eu faço-o!

30.4.07

Anotados com música

  • O jazz é um belo pretexto para certas pessoas que não gostam de boa música, fingirem que gostam. (José Gomes Ferreira - escritor)
  • Jazz? Não sou grande admirador desse tipo de música. Tem ritmo, improvisação, mas não há melodia por detrás das notas. (anónimo)
  • Nova Orleães é uma cidade musical como poucas haverá no mundo. Considerada berço do jazz serviria para a consagrar como umas das capitais mundiais da música. Melting-pot social onde se cruzaram duas colonizações - a inglesa e a francesa -, fundiu a Europa, África, as Caraíbas e as tradições dos povos nativos americanos num tecido cultural do qual resultaram algumas das mais marcantes manifestações musicais do século XX. O jazz nasceria quando os instrumentos e a tradição clássica europeia são "descobertos" e assimilados pela população negra, que não tarda a incorporá-los na exuberância rítmica e na maior liberdade formal da música herdada de África.
  • O "hip-hop" é um movimento adoptado pelas minorias raciais dos EUA, mais próximo da cultura negra do que da América branca. Expressa-se a nível musical pelo "rap" e pelo "breackdance" e tem como objectivo dar voz própria aos desejos das minorias.
  • Que eu saiba, os negros africanos o único instrumento que tocaram em toda a sua história foi o tambor. Nunca elaboraram a mínima melodia...
  • ... comparou (a reunificação da Alemanha) à sinfonia nº 45 de Haydin, uma obra que abre em solenidade, em “alegro” tumultuoso que cede lugar a um “adágio”. Os músicos vão abandonando, uma após outro, a orquestra deixando apenas dois violinos sussurrantes a concluir a “Sinfonia da Despedida”.
  • Eu não escrevo música moderna, apenas escrevo música boa. (Igor Stravinsky)
  • Os músicos que faziam o acompanhamento, não só não acompanhavam coisa alguma, como nem uns aos outros se acompanhavam. (Crítico de espectáculos)

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28.4.07

Banca e Poder


O “lóbi” bancário é assustadoramente poderoso. Iludem-se, quantos vão na conversa deles sobre a democratização e dispersão do seu capital social. São apenas bolos para enganar tolos. Os núcleos duros das grandes empresas financeiras (os verdadeiros centros do poder), cada dia estão restringidos a um menor grupo de pessoas. A perspectiva da existência de monopólios a prazo, não é teoria da conspiração. Basta estar minimamente atento.

Os fabulosos lucros do sector permitem-lhe atrair algumas das melhores inteligências dos paises a todos os níveis organizacionais (..e as pessoas politicamente mais convenientes). Governo após governo, os quadros que ocupam as pastas económicas, na sua esmagadora maioria já exerciam actividade executivas ou como consultores no sector financeiro.

São empregados dos banqueiros, a desempenhar temporariamente cargos de Estado. Porque é assim, aos banqueiros não atrai directamente a política, a luta pelo poder. Eles já o detêm realmente. Limitam-se a disponibilizar temporariamente para cargos públicos alguns dos seus quadros que, com o tempo acabam por regressar ao seio do lóbi que os acolhe, pressupondo que, enquanto governantes, se “portaram bem”. Para quem?

É interessante observá-los! Saltitam e vagabundeiam despudoradamente dos bancos para os governos e dos governos novamente para os bancos e seguradoras. Que se pode esperar das suas actividades legislativas, se ocupam os cargos políticos em part-time, mas sempre vestindo a camisola da grande finança?.. Obviamente despachos e leis, que em último rácio, jamais serão desfavoráveis para quem já lhes pagava, e vai novamente fazê-lo, no momento em que saírem dos cargos.

Tudo isto é Democracia, mas esta tem as suas subtilezas, para já não referirmos o financiamento (encapotado) que a Alta Finança, putativamente, faz aos partidos do poder. As suas ligações perigosas (e porquê perigosas?) com a política, podem ficar-lhe caras, mas são compensadoras. Algum vez um partido politico vez terá a coragem (a palavra “tomates” estaria mais correcta) de propor uma lei de incompatibilidades, que acabe para sempre com esta promiscuidade escandalosa entre os quadros da alta finança e os governos? Claro que nao! Toda a gente tem bolsos...

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27.4.07

Deus ...

  • «Com 20 anos todos tem o rosto que Deus lhes deu; com 40, o que lhes deu a vida; com 60 o rosto que merecem». (Albert Scheweitzer)
  • «Deus gosta de gente doida» (Provérbio afegão)
  • «Na Idade Média tudo girava em torno de Deus; no Renascimento, do homem; no Romantismo, do idealismo; no Fascismo, do Estado; no Marxismo, da economia; na democracia, dos partidos políticos; no Nacional-Socialismo, da raça; no Liberalismo, do Mercado»
  • «Deus não existe e nós (judeus) somos o seu povo eleito» (Woody Allen)
  • «Deus não tem religião» (Mahatma Gandhi)
  • «Desconcerta-me tanto pensar que Deus existe como pensar que não existe» (Gabriel Garcia Marquez)
  • «O homem sempre encontra Deus por detrás de cada porta que a ciência lhe consegue abrir»(Albert Einstein)
  • Meu Deus dá-me paciência. Mas tem que ser já ! (anónimo)

26.4.07

Abril:antes do "Antes" e após o "Depois"


Em questões que envolvam comparação histórica, a quase totalidade dos portugueses contemporâneos são simplesmente patéticos. Nem um só dia passa sem que repitam várias vezes – “antes (ou depois) do 25 de Abril” …- para se referirem a qualquer acontecimento que ultrapassasse o mês anterior.
Formataram-lhes a cabeça de tal modo, que dão um desmesurado e ridículo valor de baliza àquela data fetiche.

Ali teria acontecido o grande “clique”. Acenderam-se as luzes na escuridão em que o país vivia, escancararam-se as portas do progresso e da modernidade e, sobretudo, foi criada a liberdade.

Esta palavra “liberdade” (de Abril), descodificada para português corrente, ali então e agora, quer dizer simplesmente que passou a haver liberdade política e de expressão para os comunistas. E, tal como num jogo de soma zero, para se dar a uns teve que tirar-se a outros. E tirou-se. A quem? Obviamente aos anti-comunistas, diabolizados a partir daí pela sua heresia política e rotulados de fascistas, nazis, reaccionários, salazaristas, etc.

Desde então, as buzzwords “Liberdade”, “Abril” e “Democracia” juntaram-se aos restantes ícones revolucionários (alguns importados apressadamente do Chile, como o “cravo encarnado na espingarda”, e o slogan “o povo unido…”). em torno da tal data fetiche que foi pomposamente promovida a “dia da liberdade”. Não há volta a dar-lhe. Pelo menos, tiveram a modéstia (ou a falta de lembrança), de não acharam que o “sua” insurreição militar de Abril, era tão fracturante com os tempos, que justificasse uma alteração ao calendário gregoriano como na Revolução Francesa. Estaríamos então no mês “Florial”.

Em todos os países, cada geração, tem a memória histórica que merece. A nós coube-nos esta. É claro que, a quem pense um pouco, não pode deixar de ocorrer uma “dúvida socrática”: na Ibéria coexistem dois países que tiveram um percurso político semelhante ou praticamente igual.

Em que ocasião é que teria ocorrido em Espanha o tal “25 de Abril”, que em Portugal abriu as portas ao progresso à modernidade, à democracia e à liberdade política? Quem sabe? Eu não sei.

Sei apenas que a Espanha alterou profundamente o seu regime político e hoje é um país de progresso e de modernidade muito à frente do Portugal saído do Abril revolucionário. E fez tudo isso, e bem, sem os “heróicos capitães de Abril”, cravos, o cantor Afonso, manifestações, saneamentos políticos, ocupações selvagens, a Catarina Eufêmea e coisas assim. Como teriam feito os espanhoes esta mudança?

Humm !!! Vamos ter que nos informar melhor, não acham?
Ou será que os “abrileiros” impantes que descem pomposamente neste dia a Avenida da Liberdade em Lisboa, também já têm essa dúvida existencial, definida nas palavras do Premio Nobel, José Saramago: «Se não tivéssemos feito uma revolução parece-me que a situação em que estaríamos seria exactamente a mesma»

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25.4.07

Legalização da Prostituição. Reflexões


«É pouco razoável insistir, como tantos fizeram, na afirmação de que a prostituição é a única forma degradante de trabalho. Pelo contrário. Para muitas mulheres, tornar-se prostituta independente era uma escolha muito acertada e, ainda hoje, é uma das mais lucrativas opções de carreira feminina, independentemente da classe social.»
«Porque é que a acção de alugar o corpo é considerada degradante, numa sociedade que promove o aluguer da alma a retalho, amestrando o ter ao ser»
(Nickie Roberts, uma veterana do negócio do sexo e autora do livro «A Prostituição Através dos Tempos na Sociedade Ocidental»)

«No século XIII, S.Tomás de Aquino dizia: a prostituição nas cidades é como a fossa nos palácios: se deixar de existir fossa, o palácio torna-se um local sujo e malcheiroso.»

«...falamos de vender sexo, porque será que não nos preocupamos (também) com outras vendas? Porque o sexo é o que há de mais íntimo, dirão alguns. Falso, o que há de mais íntimo é o nosso pensamento. E, este, é o que mais se vende»

A ONU, já em 1949, denunciou o controle da prostituição no mundo.
Desde o início do século XX, os países ocidentais tomaram medidas visando retirar a prostituição da atividade criminosa.
Um relatório de 1998, da Organização Internacional do Trabalho- OIT, órgão das Nações Unidas, sugere que a indústria do sexo deva ser tratada como um sector economicamente legítimo

Apesar de normalmente a prostituição consistir numa relação de troca entre sexo e dinheiro, esta não é uma regra. Pode-se trocar relações sexuais por favorecimento profissional, por bens materiais (incluindo-se o dinheiro), por informação, etc. A prostituição caracteriza-se também pela venda da imagem do corpo, seja em fotos ou filmes em que se deixam à mostra partes intímas do corpo

Com a popularização dos meios de comunicação em massa, novas formas de prostituição se verificaram, como o sexo por telefone, e sites onde o sexo é vendido em filmes, imagens, webcams ao vivo, etc., criando uma nova forma da atividade: a prostituição virtual.

No Egito antigo e na Grécia, a prática tinha uma ritualização. As prostitutas, consideradas grandes sacerdotisas (portanto sagradas), recebiam honras de verdadeiras divindades e presentes em troca de favores sexuais.
Durante a Idade Média houve a tentativa massiva de eliminar a prostituição. Em contrapartida, havia o culto ao casamento cortês, onde a política e a economia sobrepujavam aos sentimentos, e as uniões eram arranjadas somente por interesse, o que por sí só, já poder-se-ia considerar como prostituição.

A Legalização e Regulamentação da Prostituição Feminina teria as seguintes consequências:

- Ser reconhecida como “trabalho sexual” e defendida como uma opção de trabalho.
- As atividades sexuais remuneradas serem permitidas legalmente, dignificando e profissionalizando as mulheres que vivem na prostituição.
- Permitir aos homens a aquisição dos serviços sexuais de mulheres, de uma forma aceitável socialmente.
- Locais de prostituição “controlados”, oferecendo segurança quer às trabalhadoras do sexo quer aos seus clientes.
- Controlo sanitário da prostituição e das doenças sexualmente transmissíveis, com o registo das prostitutas e exames de saúde obrigatórios.
- Tirar as prostitutas da insegurança da rua.
- Ajudar a acabar com a prostituição de crianças e de mulheres imigrantes, traficadas para essa actividade.
- Constituir um factor regulador na expansão da indústria sexual, mantendo-a sob controle, o que retiraria os elementos criminais dos negócios relacionados com o sexo, pois estes passariam a ser rigorosamente regulamentados.

Tal como em múltiplos outros países, em 2002, a prostituição na Alemanha foi totalmente definida como um emprego legítimo

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19.4.07

Comemorar o 25 de Abril? Disparate!


* «Se alguém quisesse acusar os portugueses de cobardes, destituídos de dignidade ou de qualquer forma de brio, de inconscientes e de rufias, encontraria um bom argumento nos acontecimentos desencadeados pelo 25 de Abril».

* «Quanto à descolonização havia trunfos para a realizar em boa ordem e com a vantagem para ambas as partes: o exército português não fora batido em campo de batalha; não havia ódio generalizado das populações nativas contra os colonos; os chefes dos movimentos de guerrilha eram em grande parte homens de cultura portuguesa»

* «As possibilidades eram ou um acordo entre as duas partes, ou, no caso de este não se concretizar, uma retirada em boa ordem, isto é, escalonada e honrosa. Todavia, o acordo não se realizou, e retirada não houve, mas sim uma debandada em pânico, um salve-se-quem-puder. Os militares portugueses, sem nenhum motivo para isso, fugiram como pardais, largando armas e calçado, abandonando os portugueses e africanos que confiavam neles. Foi a maior vergonha de que há memória».

* «Este comportamento inesquecível e inqualificável deve-se a duas causas. Uma foi que o PCP, infiltrado no exército, não estava interessado num acordo nem numa retirada em ordem, mas num colapso imediato que fizesse cair esta parte da África na zona soviética».

* «Outra causa foi a desintegração da hierarquia militar a que a insurreição dos capitães deu início e que o MFA explorou ao máximo, quer por cálculo partidário, quer por demagogia, para recrutar adeptos no interior das Forças Armadas. Era natural que os capitães quisessem voltar depressa para casa. Os agentes do MFA exploraram e deram cobertura ideológica a esse instinto das tripas, justificaram honrosamente a cobardia que se lhe seguiu. Um bando de lebres espantadas recebeu o nome respeitável de "revolucionários"».

* «A operação militar mais difícil é a retirada; exige em grau elevadíssimo o moral da tropa. Neste caso a tropa foi atraiçoada pelo seu próprio comando e por um certo número de políticos inconscientes ou fanáticos, e em qualquer caso destituídos de sentimento nacional. Não é ao soldadinho que se deve imputar esta fuga vergonhosa, mas dos que desorganizaram conscientemente a cadeia de comando, aos que lançaram palavras de ordem que nas circunstâncias do momento eram puramente criminosas. Isto quanto à descolonização, que na realidade não houve».

* «O outro problema era da liquidação do regime deposto. Os políticos aceitaram e aplaudiram a insurreição dos capitães, que vinha derrubar um governo, que segundo eles, era um pântano de corrupção e que se mantinha graças ao terror policial: impunha-se, portanto, fazer o seu julgamento, determinar as responsabilidades, discriminar entre o são e o podre, para que a nação pudesse começar uma vida nova».

* «Quanto aos escândalos da corrupção, de que tanto se falava, o julgamento simplesmente não foi feito. O povo português ficou sem saber se as acusações que se faziam nos comícios e nos jornais correspondiam a factos ou eram simplesmente atoardas».

* «Quanto ao terror policial, estabeleceu-se uma confusão total. Durante longos meses, esperou-se uma lei que permitisse levar a tribunal a PIDE-DGS. Ela chegou, enfim, quando uma parte dos eventuais acusados tinha desaparecido e estabelecia um número surpreendentemente longo de atenuantes, que se aplicavam praticamente a todos os casos. A maior parte dos julgados saiu em liberdade. O público não chegou a saber, claramente; as responsabilidades que cabiam a cada um. Nem os acusadores ficaram livres da suspeita de conluio com os acusados, antes e depois do 25 de Abril».

* «Havia, também, um malefício imputado ao antigo regímen, que era o dos crimes de guerra, cometidos nas operações militares do Ultramar. Sobre isto lançou-se um véu de esquecimento. As Forças Armadas Portuguesas foram alvo de suspeitas que ninguém quis esclarecer e que, por isso, se transformaram em pensamentos recalcados».

* «Em resumo, não se fez a liquidação do antigo regímen, como não se fez a descolonização. Mas não se estabeleceu uma fronteira entre o passado e o presente. Os nossos homens públicos contentaram-se com uma figura de retórica: «a longa noite fascista».

* «Com estes começos e fundamentos, falta ao regime que nasceu do 25 de Abril um mínimo de credibilidade moral. A cobardia, a traição, a irresponsabilidade, a confusão, foram as taras que presidiram ao seu parto e, com esses fundamentos, nada é possível edificar. O actual estado de coisas, em Portugal, nasceu podre nas suas raízes. Herdou todos os podres da anterior; mais a vergonha da deserção».

* «E com este começo tudo foi possível depois, como num exército em debandada: vieram as passagens administrativas, sob capa de democratização do ensino; vieram «saneamentos» oportunistas e iníquios, a substituir o julgamento das responsabilidades; (...) veio o compadrio quase declarado, nos partidos e no Governo; veio o controlo da Imprensa e da Radiotelevisão, pelo Governo e pelos partidos, depois de se ter declarado a abolição da censura; veio a impossibilidade de se distinguir o interesse geral dos interesses dos grupos de pressão, chamados partidos, a impossibilidade de esclarecer um critério que joeirasse os patriotas e os oportunistas, a verdade e a mentira; veio o considerar-se o endividamento como um meio honesto de viver».

* «Os cravos do 25 de Abril, que muitos, candidamente, tomaram por símbolo de uma primavera, fanaram-se sobre um monte de esterco. Ao contrário das esperanças de alguns, não se começou vida nova, mas rasgou-se um véu que encubra uma realidade insuportável. Para começar, escreveu-se na nossa história uma página ignominiosa de cobardia e irresponsabilidade, página que, se não for resgatada, anula, por si só todo o heroísmo e altura moral que possa ter havido noutros momentos da nossa história e que nos classifica como um bando de rufias indignos do nome de nação. Está escrita e não pode ser arrancada do livro».

* «É preciso lê-la com lágrimas de raiva e tirar dela as conclusões, por mais que nos custe. As nossas dificuldades, merecemo-las, moralmente. Mas elas são uma prova e uma oportunidade. Se formos capazes do sacrifício necessário para as superar, então poderemos considerar-nos desipotecados e dignos do nome de povo livre e de nação independente».

Sinopse. Fonte: texto de António José Saraiva(**)

(**) António José Saraiva - escritor, ensaísta, crítico e historiador (1917-1993). Professor catedrático da Universidade de Amesterdão, volta a Portugal após a Revolução de 25 de Abril de 1974, para o cargo de professor catedrático da Universidade Nova de Lisboa, passando posteriormente para a Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.Irmão do Historiador José Hermano Saraiva e pai de José António Saraiva, director do semanário "Sol"

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16.4.07

O que é moderno é perfeito. Será assim ?...


(...) Essa antiga ideia, segundo a qual a evolução é regra universal e irrestrita, associada à de que tudo caminha no sentido da perfeição, está muito presente na cultura contemporânea. A maior parte das pessoas acredita piamente nela. Que tudo muda é verdade, não é certo que toda a mudança implique evolução e aperfeiçoamento.

(...) Não consegui localizar o ponto exato em que o evolucionismo se associou à tese do “constante aperfeiçoamento das coisas”, mas aconteceu aí um abuso semelhante ao que os modernos relativistas cometeram com a teoria física da relatividade. Assim como o que era físico ganhou uma descabida dimensão “moral” (o relativismo), “mudança” passou a ser sinônimo de “aperfeiçoamento”

(...) E daí? E daí decorre um monte de absurdos. Tudo que é antigo é imperfeito e tudo que é moderno é perfeito; o que muda evolui e o que permanece involui; tudo que se faz hoje supera o que se fazia ontem. Vive-se sob o império da moda: o jovem é bonito e sábio; o velho é feio e burro."
(...) A começar pelo amor - coisa antiga demais - que se esgota na curtição recíproca, não implica laços e já responde pelo passageiro sinónimo de “cumplicidade”; a prosseguir pelo respeito - elemento indispensável à relação entre as pessoas. Como estabelecer, por exemplo, a supremacia do novo sobre o antigo nas relações entre pais e filhos, entre alunos e professores, (...)

Percival Puggina - É arquiteto, político, escritor e presidente da Fundação Tarso Dutra de Estudos Políticos e Administração Pública

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12.4.07

Lido por aí...

  • Autodidata é um ignorante por conta própria. (Mário Quintana)
  • Banco é um sítio onde te emprestam dinheiro se conseguires demonstrar que não necessitas dele. (Bob Hope)
  • O principal mal do mundo é que as pessoas andam sempre atrasadas duas bebidas. (Humphrey Bogart - in Casablanca)
  • O Bem e o Mal não existem por si mesmos. Cada um deles não é mais do que a ausência do outro. (José Saramago)
  • Quanto mais as pessoas se assustam com um boato, mais o apregoam e transmitem. (Kimmel)
  • Em questões que dizem respeito ao viver em sociedade a maioria das pessoas pensa com os bolsos. Os seus, obviamente.
  • O bom gosto é o "nosso" gosto. (Emile Faguet)
  • Se a sua mãe lhe disser que você é bonito, aconselho-o a pedir uma outra opinião.
  • "O Brasil é um país que não deve ser levado à sério."- (Frase atribuída ao general, De Gaulle)
  • Burocracia é ... um funcionário para escrever cada papel, outro para rever o respectivo texto e, finalmente ainda outro para pôr o carimbo, tudo em câmara lenta.

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11.4.07

Fado, Sina e Determinismo


Será que a nossa sina, o nosso destino, são mesmo “marcados” à nascença, tal como o juram os praticantes das chamadas “artes divinatórias" e as pessoas que escrevem as letras para os nossos “fados”? Os astrólogos juram-no a pés juntos. Já a ciência e a filosofia não se exprimem de forma tão categórica.

Uma tradicional corrente de pensamento defende o “determinismo biológico”, exprime um estrito e directo controlo genético sobre os caracteres e manifestações do nosso comportamento social. Em essência o determinismo biológico, quando pergunta, porque são os indivíduos como são, ou porque se comportam desta ou daquela maneira, responde que acções humanas são a consequência inevitável das propriedades bioquímicas das células que compõem o indivíduo; e essas características, por sua vez, são determinadas fundamentalmente pelos constituintes dos genes de cada indivíduo.

Outros opõem-se a esta teoria, afirmando que a biologia acaba no momento do nascimento e que a partir daí intervêm a cultura. É uma teoria conveniente e muito usada nos nossos tempos, porque é a mais “politicamente correcta” para escamotear todas as diferenças humanas. Não esqueçamos que hoje é “inconveniente” falar em “raças”. O “pensamento único” já determinou que não há raças, somente subespécies humanas. Por outro lado, todos nascemos iguais, diríamos, em “formato standard”. O ambiente em redor é que nos faz génios, cidadãos ou assassinos. Como se diz no Alentejo – “tá bem dêxa…

O sonho dos mecanicistas, para os quais uma parte ou a totalidade dos fenómenos naturais, pode ser reduzida a uma combinação de movimentos físicos ou mecânicos, por oposição às explicações filosóficas, parecia ter sido finalmente realizado, quando se fez a decifração do código genético. Isto permitiu que se “descesse” à molécula para explicar a inteligência, o comportamento social, os traços físicos, etc.

Independentemente de quem está certo ou errado, este continua a ser um assunto muitíssimo interessante, particularmente quando recorre ao estudo de gémeos humanos, com uma estrutura genética praticamente igual, mas criados em ambientes diferentes. Ao que parece, para além de outras, há inegavelmente uma relação fundamental e directa entre o comportamento e os genes, mas também há, margem para haver condicionantes comportamentais relacionadas com o meio e o ambiente. A ciência e a filosofia prosseguem o seu trabalho.

Para não nos alongarmos em torno das crenças do hinduísmo sobre Karma, castas humanas etc. digamos que, para já, também não vem mal ao mundo que os astrólogos e o letristas de fados continuem a dizer que a vida das pessoas está dependente do dia e hora do seu nascimento (humm! – ainda não percebi como dão a volta a essa questão dos fusos horários), e os fadistas vão continuar a cantar “fado é sorte / e do berço até à morte / ninguém foge, por mais forte / ao destino que Deus dá.

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10.4.07

Maus e Bons da II Guerra Mundial


Os acontecimentos históricos e políticos que a envolveram a II Guerra Mundial marcaram-me. Jamais deixei de me interessar pelo assunto. Li tudo o que encontrei, ouvi, vi, e continuo a ver massivamente, produções daquela verdadeiro departamento de marketing das ideias dominantes nos EUA que é Hollywood, onde os maus e os bons são sempre os do costume.

A Net deu-me acesso a outras fontes de informação. Pude tomar conhecimento com diferentes formas de interpretar e narrar a História daquele período. Fiz pesquisa. Continuo a fazê-la. São sempre os vencedores que escrevem a História e esta, porque condicionada, tem apenas o valor que tem.

Persistem muitas dúvidas. A História do período que antecedeu e se seguiu, aos anos da II Guerra Mundial, não está feita com distanciamento e rigor. Aquilo de que dispomos, são perspectivas e opiniões de pessoas que, se nuns poucos casos podem ser intelectualmente respeitáveis, na generalidade são elementares emanações do lóbi judaico-americano dominante da grande mídia internacional.

Em contraponto, e sem o recurso às câmaras de eco planetárias de que dispõem os primeiros – a pode finalmente ouvir-se a voz dos que contestam essa versão engajada da História, nomeadamente em relação aos seus ícones mais mediáticos: holocausto, câmaras de gás, solução final, Hiroshima, Dresden.

A Hitler, ao Nazismo, ao Fascismo (contemporâneos de uma figura histórica chamada Estaline, essa muito mais resguardada), atribui-se toda a representatividade do Mal naquela época. Talvez, mesmo dando de barato, o facto de as ideias que, sobretudo, deram corpo ao nacional-socialismo, serem muito mais recuadas na história e no pensamento alemão, ou ainda, que o Mal absoluto e o Bem absoluto nunca foram encontrados em lado algum da humanidade.

Estamos num século diferente. Já é altura de se discutir e procurar a aproximação à verdade sobre estas questões; livremente, sem preconceitos e ignorando as pressões dos grandes lóbies económicos que, sabe-se, sempre convergem para posições próximas das interpretações do sionismo internacional o qual, por sua vez, fez escrever este período da História.

Até que também a amordacem (espere-se para ver…) a Net é ainda o espaço de liberdade que a mídia tradicional (sempre a voz do dono) já não é. Temos direito à verdade, ao rigor histórico. Enquanto o não tivermos, tenhamos ao menos a consciência de que conhecemos só um dos lados desta questão. Que temos uma visão “monocular”. A Natureza contemplou-nos com dois olhos, justamente para que pudéssemos ter uma visão global e abrangente do mundo em que vivemos - hoje e ontem - para melhor perspectivarmos o de amanhã.

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9.4.07

Sorrindo com o Humor de Grouxo Marx



"Acho a televisão muito educativa. Toda as vezes que alguém liga o aparelho, vou para outra sala e leio um livro."

«Meu filho, a felicidade é feita de pequenas coisas: um pequeno iate, uma pequena mansão, uma pequena fortuna…»

«Desculpem se lhes chamo cavalheiros, mas é que não os conheço muito bem...»

«Não aceito convites para festas para onde são convidados tipos da minha laia.»

«Olhem para mim: caminhei do nada para um estado de pobreza extrema.»

«Eu corri atrás de uma mulher dois anos, apenas para descobrir que os seus gostos eram exatamente como os meus: nós dois éramos loucos por mulheres."

"Eu nunca esqueço um rosto, mas, no seu caso, vou abrir uma excepção»

«Estes são os meus princípios. Se você não gosta deles, eu tenho outros.»

«Há tantas coisas na vida mais importantes que o dinheiro, mas custam tanto!...»

«Perdõe senhora, que não me levante.» (Epitáfio no seu túmulo)

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Imprensa Londrina 1937


No influente jornal londrino Daily Mail poder-se ia ler, em 1937, uma crónica sobre a Alemanha nacional-socialista de que se trancreve o seguinte excerto:

"O governo de Hitler promete ser o mais duradouro de quantos tenha visto a Alemanha e a própria Europa. Nele nada existe de instável como ocorre no governo dos países de regime parlamentar, onde um partido intriga contra o outro e onde o Primeiro-ministro não representa senão uma parte da nação dividida.
Hitler provou não ser um demagogo, mas um estadista e um verdadeiro reformador. A Europa não deverá esquecer que graças a ele foi rechaçado de uma vez por todas o comunismo, que com as suas hordas sangrentas, ameaçava em 1932 avassalar todo o Continente.
Que os críticos digam o que queiram, mas não poderão negar que o governo nacional-socialista levou à pratica muitas das ideias de Platão e que o anima uma paixão altruísta ao serviço de ideais elevados: a grandeza da pátria, o estabelecimento da justiça social e uma lealdade imutável no cumprimento do dever, para lá do enorme progresso material que a Alemanha conseguiu nos últimos anos. O número de desocupados que em 1933 chegava a 6.014.000 ficou reduzido a 2.604.000"

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7.4.07

Reflexões...

  • Trabalho não é modo de vida! (Grafito)
  • Aprendam a trabalhar para sobreviver, mas aprendam também a sobreviver ao trabalho. (Luís Sttau Monteiro)
  • Eu sempre desconfiei das pessoas que estão dispostas a trabalhar por nada. Às vezes é o único que se consegue delas - nada. (Sam Ervin)
  • Não me digas quanto trabalhas, diz-me quanto consegues fazer. (James Ling)
  • Capital é trabalho roubado (Auguste Blanqui)
  • Tal como qualquer homem de bom senso e bons sentimentos, detesto o trabalho. (Aldous Huxley)
  • Trabalho: a mais vulgar das maneiras pela qual A cria bens para B. (Ambrose Bierce)
  • O trabalho é feito por todos aqueles que ainda não atigiram o seu nível de incompetência. (Laurence Peter - Lei de Peter)
  • Nada foi alguma vez conseguido por um grupo de trabalho, a não ser naquele constituído por três pessoas das quais permanentemente, uma estava ausente e a outra doente. (Hendrik Van Loon)
  • Ninguém trabalha melhor do que quando faz uma coisa apenas. (Santo Inácio de Loyola)
  • Que penso da carreira de actor ?... Bom, é melhor do que trabalhar. (Robert Mitchun)

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6.4.07

Aquecimento. Uma Mentira Conveniente? (2)


... continuado O presidente da República Checa, Vaclav Klaus , ao falar sobre o relatório do IPCC [Intergovernamental Panel on Climate Change), aprovado em Fevereiro de 2007, considerou que “o aquecimento global é um falso mito como dizem [já] muitos cientistas e pessoas sérias. Não é correcto consultar o IPCC. O IPCC não é uma instituição científica, é uma organização política, uma espécie de organização não-governamental de cor verde. Não é um fórum de cientistas neutros nem um grupo equilibrado de cientistas”.

Levanta-se entretanto uma questão interessante: há cerca de 30 anos, nos anos 1970, os mesmos de agora, falavam no "arrefecimento global", e alarmavam com a implicação deste nas nossas vidas, nas de outras espécies, e na própria sobrevivência que estava ameaçada.

Um relatório daquela época, da Academia Nacional de Ciência, levou a revista Science a concluir na sua edição de 1º de Março de 1975 que uma longa “era glacial é uma possibilidade real”. De acordo com a edição de 28 de Abril de 1975 da Newsweek, “o clima da terra parece estar a arrefecer”. Era então, a histeria do esfriamento global de então; tanto quanto o é a histeria actual do aquecimento global. De acordo com a edição de Fevereiro de 1973 da Science Digest, “quando o congelamento começar, será muito tarde”.

As alterações climáticas ocorrem como sempre ocorreram, devido [essencialmente] às variações da temperatura do Sol. Tudo indica que estamos ainda a sair do que se designa por "Pequena Idade do Gelo", e que a história da Terra é fértil em alterações do clima. O que o clima faz actualmente é o que sempre fez, isto é, altera-se. Não há nada de incomum no que está a acontecer. Teremos que ser prudentes tanto perante o alarmismo que anunciava o arrefecimento global, como perante ao que se anuncia agora com o aquecimento global.

Refira-se que a maioria dos cépticos não afirma que o aquecimento global não esteja a acontecer. É importante notar que o grupo dos assim chamados "cépticos" inclui, dentre outros, o Dr. Daniel Schrag, de Harvard; Claude Allegre, um dos mais condecorados geofísicos franceses; Dr. Richard Lindzen, professor de ciências atmosféricas do MIT; Dr. Patrick Michaels da Universidade de Virginia: Dr. Fred Singer; Professor Bob Carter, geologista da James Cook University, Austrália; 85 cientistas e especialistas em climatologia, que assinaram a declaração de Leipzeg, a qual denominou os drásticos controles climáticos de "advertências doentes, sem o devido suporte científico".

“A mudança do clima é real” é a frase sem significado usada repetidamente pelos activistas para convencer o público de que uma catástrofe climática está prestes a ocorrer e que a humanidade é a causa. Tais preocupações não se justificam. O clima do planeta muda a toda hora devido a causas naturais e o impacto [da actividade do ser] humano permanece impossível de se distinguir.” - ouviu-se na Conferência do Dr. Michael Crichton, em Washington D.C, jan/2005.
Fonte: Texto de Andrew Marshall - Universidade Vancouver - Canadá

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5.4.07

Aquecimento. Uma Mentira Conveniente? (1)


Políticos e burocratas vêm tentando há mais de uma década, vender-nos um cenário apocalíptico assente no aquecimento global, resultante segundo eles das emissões de dióxido de carbono e do efeito estufa a elas associado.
Pensa-se que, em torno deste assunto, existisse um consenso geral entre os homens de ciência que o vêm estudando. Nada mais errado. Não há consenso algum.
Acabámos de assistir ao “número” de AL Gore. Foram-nos passadas as imagens e previsões catastróficas que são exibidas nos filmes de suporte à teoria do aquecimento geral, devido a influência humana.

Só que há outras, e fundamentadas por gente com enorme peso científico, entre a qual se contam vários Prémio Nobel. Estes dizem que o que está por trás do filme de Al Gore, é uma fraude. Mantêm que existe uma prova muito fraca para sustentar aquela teoria, e que a prova [forte], aponta actualmente para o aumento da actividade solar como causa das alterações climáticas.

Fundamentalistas, como sempre os conhecemos, os norte-americanos fizeram da luta contra o aquecimento global, uma nova cruzada. E, naturalmente, também novos infiéis, que são quantos se opõem às seus crenças. A estes, aplicam-se novos e antigos anátemas. Quem nega é negacionista e provavelmente também negador de outro dos seus dogmas preferido – o “holocausto” -, ou então é pago pelas indústrias poluidoras.

O Canal 4 do Reino Unido apresentou recentemente o documentário “The Great Global Warming Swindle” (A grande burla do aquecimento global) que afrontou o discurso político oficial, de que o "aquecimento global" e as "alterações climáticas" são causados pelas actividades humanas. O documentário, com o testemunho de muitos cientistas e especialistas do clima, que crescem em número avassalador contra aquela teoria oficial, apresenta como causa principal das alterações climáticas, as variações da actividade solar.

A Terra não é o único planeta do nosso sistema solar, que passa por um período de aquecimento. De facto, muitos astrónomos observaram que Plutão tem também experimentado um aquecimento global. Trata-se, segundo eles, de um fenómeno sazonal já que, com a variação da inclinação do planeta em relação ao Sol - tal como acontece com as variações das estações na Terra -, alteraram igualmente as condições hemisféricas,. Este é, por fim, quem determina as nossas estações do ano e quem tem verdadeiramente o maior impacto no clima.

A “Associated Press” relatou que os satélites [meteorológicos] que medem a temperatura solar têm registado um aumento da sua temperatura, significando que a radiação solar está a aumentar. O “London Telegraph” referia em 2004, que o aquecimento global era devido ao aumento da temperatura do Sol, que está mais alta do que nunca desde há mil anos . Esta conclusão fora obtida em investigações conduzidas por cientistas alemães e suíços que concluiram, ser o aumento da radiação solar a causa das alterações climáticas.

Um dos primeiros cientistas a chamar a atenção da opinião pública para os perigos do aquecimento global, há 20 anos, Claude Allègre, francês [ex-ministro da Ciência], afirma actualmente que "existem provas crescentes de que a principal causa do aquecimento global é originada por fenómenos da Natureza" . Está convencido que o aquecimento global é uma variação natural e não vê na ameaça anunciada de "grandes perigos" mais do que enormes exageros. Continua...
Fonte: Texto de Andrew Marshall - Universidade Vancouver - Canadá

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1.4.07

"Alma Nostra" e Maquiavel


Sou um ouvinte realtivamente assíduo do programa "Alma Nostra" da RDP. Globalmente faço dele uma apreciação positiva. O comentário da actualidade, na perspectiva de um psicanalista e de um jornalista, é uma boa ideia, iniciada no “Freud e Maquiavel” da TSF; o desempenho dos protagonistas é em geral bastante satisfatório. Ambos se revelam bem informados, as suas análises e opiniões oportunas. Fim dos aplausos.

Carlos Magno (jornalista) tem uma personalidade curiosa, simultaneamente interessante e controversa, marcada, como tantas outras do seu tempo, por uma militância esquerdista juvenil, de que se foi afastando pouco a pouco, embora com algumas recaídas pelo meio.

O seu companheiro de programa Carlos Amaral Dias, certamente estará preparado para elaborar - a propósito deste tique involuntário de “regressão às origens” de Magno – uma complexa teoria freudiana, sendo como é (ele, Amaral Dias), um apóstolo assumido daquela “ciência”, “religião”. ou pura e simplesmente “embuste”, conforme a óptica dos sectores que avaliam a psicanálise.

O esquerdismo pontual de Magno é uma característica. Uma vaidade incomensurável, o seu enorme defeito. Nado e criado num país em que ser doutor, é muito mais um titulo nobiliário do que uma licenciatura universitária, Magno adora que lhe chamem “doutor”. Reparem: é ver como ele abre os seus programas, cumprimentando o seu interlocutor: - “Bom dia “Senhor Doutor” C.A.Dias!”, para despoletar a resposta: -“Bom dia “Senhor Doutor” Carlos Magno!” O “doutorismo” português pode desencadear incontroláveis gargalhadas aos estrangeiros, mas por cá ainda passa muito bem.

Outra vertente da sua enorme vaidade, são as “buchas” que introduz no diálogo, muitas vezes a despropósito, para que se saiba da sua enorme mundividência: “…estava eu (num sítio remoto do mundo) a assistir a uma conferência feita por f…”, “ainda a semana passada ao falar com f….” - sempre alguém muito importante do mundo da política, da arte ou dos negócios.

Pior, indigno mesmo do seu estatuto, é o seu portismo provinciano. (Não confundir com “portismo” de Paulo Portas). Tenho grandes afinidades com o Norte, gosto dos portuenses. Portismo é outra coisa, É antagonismo basista com o Sul e Lisboa é o “bibó Porto que é uma naçón”. Magno está a mais misturando-se com isto.

Carlos Magno, para quem Maquiavel parece ser um dos seus alter-ego – o outro é Umberto Eco, de quem extrai umas teorias que depois expressa em palavrões científicos - leva para estes programas radiofónicos, raciocínios, cuidadosamente trabalhados e sintetizados, de forma a poderem, idealmente, constituir caixas destacadas na imprensa escrita e terem um efeito devastador nos leitores: “Há jornalistas com medo e jornalistas que metem medo”, “A Vitória de Salazar deve-se à forma como este país entregou a divulgação da História ao dr. José Hermano Saraiva”, “Quem votou em Salazar para os grandes Portugueses deveria ser obrigado a viver oito dias sob o salazarismo”. Gosta tanto destes “enlatados”, que os estreia no “Contraditório”, repete no “Alma Nostra” e eventualmente noutras oportunidade. Umas vezes sai-se bem, outras, não tanto.

Está na cara. As pessoas que elegeram Salazar como Grande Português, na sua maioria, ou viveram durante esse regime, muito mais do que os tais oito dias, e/ou tem sobre ele – mas principalmente sobre a honestidade das pessoas que o constituíam – informação suficiente, para agora passarem por cima dos esquerdismos serôdios de Magno e de toda a lavagem ao cérebro feita pelo “politicamente correcto português”. Magno, jornalista bem pago, , usufruindo de um desejável “job” académico, tem dificuldade em entender para além dos limites do “pensamento único”. Mas, esteja atento. Não estratifique. Andam mudanças por aí.