Balada para D.Quixote

Um olhar de viajante na última carruagem do último combóio de uma Memória intemporal.

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A generalidade daquilo que você (e eu) julgamos saber, pode estar errado, porque, em regra, assenta em «informação» com falta de rigor e imparcialidade, vinda de quem interessa formatar a nossa mente. Pense você mesmo! Eu faço-o!

11.4.07

Fado, Sina e Determinismo


Será que a nossa sina, o nosso destino, são mesmo “marcados” à nascença, tal como o juram os praticantes das chamadas “artes divinatórias" e as pessoas que escrevem as letras para os nossos “fados”? Os astrólogos juram-no a pés juntos. Já a ciência e a filosofia não se exprimem de forma tão categórica.

Uma tradicional corrente de pensamento defende o “determinismo biológico”, exprime um estrito e directo controlo genético sobre os caracteres e manifestações do nosso comportamento social. Em essência o determinismo biológico, quando pergunta, porque são os indivíduos como são, ou porque se comportam desta ou daquela maneira, responde que acções humanas são a consequência inevitável das propriedades bioquímicas das células que compõem o indivíduo; e essas características, por sua vez, são determinadas fundamentalmente pelos constituintes dos genes de cada indivíduo.

Outros opõem-se a esta teoria, afirmando que a biologia acaba no momento do nascimento e que a partir daí intervêm a cultura. É uma teoria conveniente e muito usada nos nossos tempos, porque é a mais “politicamente correcta” para escamotear todas as diferenças humanas. Não esqueçamos que hoje é “inconveniente” falar em “raças”. O “pensamento único” já determinou que não há raças, somente subespécies humanas. Por outro lado, todos nascemos iguais, diríamos, em “formato standard”. O ambiente em redor é que nos faz génios, cidadãos ou assassinos. Como se diz no Alentejo – “tá bem dêxa…

O sonho dos mecanicistas, para os quais uma parte ou a totalidade dos fenómenos naturais, pode ser reduzida a uma combinação de movimentos físicos ou mecânicos, por oposição às explicações filosóficas, parecia ter sido finalmente realizado, quando se fez a decifração do código genético. Isto permitiu que se “descesse” à molécula para explicar a inteligência, o comportamento social, os traços físicos, etc.

Independentemente de quem está certo ou errado, este continua a ser um assunto muitíssimo interessante, particularmente quando recorre ao estudo de gémeos humanos, com uma estrutura genética praticamente igual, mas criados em ambientes diferentes. Ao que parece, para além de outras, há inegavelmente uma relação fundamental e directa entre o comportamento e os genes, mas também há, margem para haver condicionantes comportamentais relacionadas com o meio e o ambiente. A ciência e a filosofia prosseguem o seu trabalho.

Para não nos alongarmos em torno das crenças do hinduísmo sobre Karma, castas humanas etc. digamos que, para já, também não vem mal ao mundo que os astrólogos e o letristas de fados continuem a dizer que a vida das pessoas está dependente do dia e hora do seu nascimento (humm! – ainda não percebi como dão a volta a essa questão dos fusos horários), e os fadistas vão continuar a cantar “fado é sorte / e do berço até à morte / ninguém foge, por mais forte / ao destino que Deus dá.

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