Balada para D.Quixote

Um olhar de viajante na última carruagem do último combóio de uma Memória intemporal.

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A generalidade daquilo que você (e eu) julgamos saber, pode estar errado, porque, em regra, assenta em «informação» com falta de rigor e imparcialidade, vinda de quem interessa formatar a nossa mente. Pense você mesmo! Eu faço-o!

1.4.07

"Alma Nostra" e Maquiavel


Sou um ouvinte realtivamente assíduo do programa "Alma Nostra" da RDP. Globalmente faço dele uma apreciação positiva. O comentário da actualidade, na perspectiva de um psicanalista e de um jornalista, é uma boa ideia, iniciada no “Freud e Maquiavel” da TSF; o desempenho dos protagonistas é em geral bastante satisfatório. Ambos se revelam bem informados, as suas análises e opiniões oportunas. Fim dos aplausos.

Carlos Magno (jornalista) tem uma personalidade curiosa, simultaneamente interessante e controversa, marcada, como tantas outras do seu tempo, por uma militância esquerdista juvenil, de que se foi afastando pouco a pouco, embora com algumas recaídas pelo meio.

O seu companheiro de programa Carlos Amaral Dias, certamente estará preparado para elaborar - a propósito deste tique involuntário de “regressão às origens” de Magno – uma complexa teoria freudiana, sendo como é (ele, Amaral Dias), um apóstolo assumido daquela “ciência”, “religião”. ou pura e simplesmente “embuste”, conforme a óptica dos sectores que avaliam a psicanálise.

O esquerdismo pontual de Magno é uma característica. Uma vaidade incomensurável, o seu enorme defeito. Nado e criado num país em que ser doutor, é muito mais um titulo nobiliário do que uma licenciatura universitária, Magno adora que lhe chamem “doutor”. Reparem: é ver como ele abre os seus programas, cumprimentando o seu interlocutor: - “Bom dia “Senhor Doutor” C.A.Dias!”, para despoletar a resposta: -“Bom dia “Senhor Doutor” Carlos Magno!” O “doutorismo” português pode desencadear incontroláveis gargalhadas aos estrangeiros, mas por cá ainda passa muito bem.

Outra vertente da sua enorme vaidade, são as “buchas” que introduz no diálogo, muitas vezes a despropósito, para que se saiba da sua enorme mundividência: “…estava eu (num sítio remoto do mundo) a assistir a uma conferência feita por f…”, “ainda a semana passada ao falar com f….” - sempre alguém muito importante do mundo da política, da arte ou dos negócios.

Pior, indigno mesmo do seu estatuto, é o seu portismo provinciano. (Não confundir com “portismo” de Paulo Portas). Tenho grandes afinidades com o Norte, gosto dos portuenses. Portismo é outra coisa, É antagonismo basista com o Sul e Lisboa é o “bibó Porto que é uma naçón”. Magno está a mais misturando-se com isto.

Carlos Magno, para quem Maquiavel parece ser um dos seus alter-ego – o outro é Umberto Eco, de quem extrai umas teorias que depois expressa em palavrões científicos - leva para estes programas radiofónicos, raciocínios, cuidadosamente trabalhados e sintetizados, de forma a poderem, idealmente, constituir caixas destacadas na imprensa escrita e terem um efeito devastador nos leitores: “Há jornalistas com medo e jornalistas que metem medo”, “A Vitória de Salazar deve-se à forma como este país entregou a divulgação da História ao dr. José Hermano Saraiva”, “Quem votou em Salazar para os grandes Portugueses deveria ser obrigado a viver oito dias sob o salazarismo”. Gosta tanto destes “enlatados”, que os estreia no “Contraditório”, repete no “Alma Nostra” e eventualmente noutras oportunidade. Umas vezes sai-se bem, outras, não tanto.

Está na cara. As pessoas que elegeram Salazar como Grande Português, na sua maioria, ou viveram durante esse regime, muito mais do que os tais oito dias, e/ou tem sobre ele – mas principalmente sobre a honestidade das pessoas que o constituíam – informação suficiente, para agora passarem por cima dos esquerdismos serôdios de Magno e de toda a lavagem ao cérebro feita pelo “politicamente correcto português”. Magno, jornalista bem pago, , usufruindo de um desejável “job” académico, tem dificuldade em entender para além dos limites do “pensamento único”. Mas, esteja atento. Não estratifique. Andam mudanças por aí.

1 Comentários:

Blogger .g disse...

não posso deixar de comentar esta posta. não só porque concordo em parte sobre o que nela é referido como foi por ela que encontrei o seu blog. "carlos magno insuportável contraditório" foram as palavras que usei para a busca no google. acho-o de uma arrogância e de um pretenciosismo aflitivos apesar de algumas vezes ter razão no que diz. mas longe, muito longe, de ser um mourinho do jornalismo. um fernando santos vá lá... mais fraquinho.

9/5/07 13:19  

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