Pequenas reflexões a "Grandes (?!) Portugueses"
Infante D. Henrique
Na minha vida, um dos momentos de perda de inocência está ligado à figura histórica do Infante D.Henrique, que agora vejo proposto para ser considerado como “O Grande Português” no programa da televisão pública portuguesa, onde se discute e vota esta questão.
Para mim, como para muita gente que estudou História pelos manuais escolares o Infante era uma figura ímpar, Nas nossas mentes ficou a imagem dum homem alto, vestido de preto com os trajes próprios de um príncipe do século XV olhando o mar desde a ponta de Sagres, sonhando a aventura marítima dos portugueses, os descobrimentos, o dilatar da fé e do império, o dar novos mundos ao mundo.
Hoje, essa imagem é mais idílica do que real, sem tirar os muitos méritos que o Infante e a sua escola naval tiveram nos Descobrimentos. É uma leitura da História de Portugal, escrita por esse estudioso esclarecido que foi A.H.Oliveira Marques, que me traz definitivamente para uma realidade bem menos etérea.
A mola impulsionadora das Caravelas e dos Descobrimentos, teve muito menos a ver com idealismos e muito mais com “vil metal”. Cedo a palavra ao historiador:
«A Europa tinha falta de ouro. Por todo o continente descera a produção aurífera, enquanto as compras ao Oriente aumentavam continuamente. Escassez de numerário, incitou mercadores e negociantes a uma tentativa de domínio das minas de ouro fora da Europa. A desvalorização da moeda em Portugal também alcançara níveis impensáveis. Ora sabia-se muito bem no Ocidente que existia ouro algures na África ao sul do Sahara (...) o que explica em parte também as viagens portuguesas de descobrimento. Na verdade, nenhuma nação da Europa Ocidental se encontrava mais perto das jazidas auríferas do que os portugueses»
O Infante D.Henrique, era também um grande senhor feudal. O Algarve era dele. Era ainda governador de Ceuta. Com um notável visão empresarial conseguiu da côrte o monopólio da pesca do atum em todo o reino da Algarve, a dízima de todo o peixe apanhado pelos pescadores de Monte Gordo, tinha nas mãos a maior parte do abastecimento de peixe a Ceuta, privilégios sobre a moagem, a indústria tintureira, a produção de sabão, etc. Um verdadeiro homem de negócios.
Não obstante, ainda lhe sobrava tempo para iniciativas, igualmente lucrativas, relacionadas com as viagens marítimas. Não a totalidade, mas um terço das viagens efectuadas entre 1415 e 1460, ano da sua morte, realizaram-se por iniciativa do Infante. Os restantes dois terços deveram-se a iniciativas de reis (D.João I, D.Duarte, D.Afonso V), de outros senhores feudais, de mercadores etc.
Foi o Infante, um Grande Português? Certamente. Mas se vivesse hoje, as suas empresas estariam também cotadas no PSI 20 da Bolsa de Valores De Lisboa, o que não vai em seu desabono.
Na minha vida, um dos momentos de perda de inocência está ligado à figura histórica do Infante D.Henrique, que agora vejo proposto para ser considerado como “O Grande Português” no programa da televisão pública portuguesa, onde se discute e vota esta questão.
Para mim, como para muita gente que estudou História pelos manuais escolares o Infante era uma figura ímpar, Nas nossas mentes ficou a imagem dum homem alto, vestido de preto com os trajes próprios de um príncipe do século XV olhando o mar desde a ponta de Sagres, sonhando a aventura marítima dos portugueses, os descobrimentos, o dilatar da fé e do império, o dar novos mundos ao mundo.
Hoje, essa imagem é mais idílica do que real, sem tirar os muitos méritos que o Infante e a sua escola naval tiveram nos Descobrimentos. É uma leitura da História de Portugal, escrita por esse estudioso esclarecido que foi A.H.Oliveira Marques, que me traz definitivamente para uma realidade bem menos etérea.
A mola impulsionadora das Caravelas e dos Descobrimentos, teve muito menos a ver com idealismos e muito mais com “vil metal”. Cedo a palavra ao historiador:
«A Europa tinha falta de ouro. Por todo o continente descera a produção aurífera, enquanto as compras ao Oriente aumentavam continuamente. Escassez de numerário, incitou mercadores e negociantes a uma tentativa de domínio das minas de ouro fora da Europa. A desvalorização da moeda em Portugal também alcançara níveis impensáveis. Ora sabia-se muito bem no Ocidente que existia ouro algures na África ao sul do Sahara (...) o que explica em parte também as viagens portuguesas de descobrimento. Na verdade, nenhuma nação da Europa Ocidental se encontrava mais perto das jazidas auríferas do que os portugueses»
O Infante D.Henrique, era também um grande senhor feudal. O Algarve era dele. Era ainda governador de Ceuta. Com um notável visão empresarial conseguiu da côrte o monopólio da pesca do atum em todo o reino da Algarve, a dízima de todo o peixe apanhado pelos pescadores de Monte Gordo, tinha nas mãos a maior parte do abastecimento de peixe a Ceuta, privilégios sobre a moagem, a indústria tintureira, a produção de sabão, etc. Um verdadeiro homem de negócios.
Não obstante, ainda lhe sobrava tempo para iniciativas, igualmente lucrativas, relacionadas com as viagens marítimas. Não a totalidade, mas um terço das viagens efectuadas entre 1415 e 1460, ano da sua morte, realizaram-se por iniciativa do Infante. Os restantes dois terços deveram-se a iniciativas de reis (D.João I, D.Duarte, D.Afonso V), de outros senhores feudais, de mercadores etc.
Foi o Infante, um Grande Português? Certamente. Mas se vivesse hoje, as suas empresas estariam também cotadas no PSI 20 da Bolsa de Valores De Lisboa, o que não vai em seu desabono.
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