Balada para D.Quixote

Um olhar de viajante na última carruagem do último combóio de uma Memória intemporal.

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A generalidade daquilo que você (e eu) julgamos saber, pode estar errado, porque, em regra, assenta em «informação» com falta de rigor e imparcialidade, vinda de quem interessa formatar a nossa mente. Pense você mesmo! Eu faço-o!

26.4.07

Abril:antes do "Antes" e após o "Depois"


Em questões que envolvam comparação histórica, a quase totalidade dos portugueses contemporâneos são simplesmente patéticos. Nem um só dia passa sem que repitam várias vezes – “antes (ou depois) do 25 de Abril” …- para se referirem a qualquer acontecimento que ultrapassasse o mês anterior.
Formataram-lhes a cabeça de tal modo, que dão um desmesurado e ridículo valor de baliza àquela data fetiche.

Ali teria acontecido o grande “clique”. Acenderam-se as luzes na escuridão em que o país vivia, escancararam-se as portas do progresso e da modernidade e, sobretudo, foi criada a liberdade.

Esta palavra “liberdade” (de Abril), descodificada para português corrente, ali então e agora, quer dizer simplesmente que passou a haver liberdade política e de expressão para os comunistas. E, tal como num jogo de soma zero, para se dar a uns teve que tirar-se a outros. E tirou-se. A quem? Obviamente aos anti-comunistas, diabolizados a partir daí pela sua heresia política e rotulados de fascistas, nazis, reaccionários, salazaristas, etc.

Desde então, as buzzwords “Liberdade”, “Abril” e “Democracia” juntaram-se aos restantes ícones revolucionários (alguns importados apressadamente do Chile, como o “cravo encarnado na espingarda”, e o slogan “o povo unido…”). em torno da tal data fetiche que foi pomposamente promovida a “dia da liberdade”. Não há volta a dar-lhe. Pelo menos, tiveram a modéstia (ou a falta de lembrança), de não acharam que o “sua” insurreição militar de Abril, era tão fracturante com os tempos, que justificasse uma alteração ao calendário gregoriano como na Revolução Francesa. Estaríamos então no mês “Florial”.

Em todos os países, cada geração, tem a memória histórica que merece. A nós coube-nos esta. É claro que, a quem pense um pouco, não pode deixar de ocorrer uma “dúvida socrática”: na Ibéria coexistem dois países que tiveram um percurso político semelhante ou praticamente igual.

Em que ocasião é que teria ocorrido em Espanha o tal “25 de Abril”, que em Portugal abriu as portas ao progresso à modernidade, à democracia e à liberdade política? Quem sabe? Eu não sei.

Sei apenas que a Espanha alterou profundamente o seu regime político e hoje é um país de progresso e de modernidade muito à frente do Portugal saído do Abril revolucionário. E fez tudo isso, e bem, sem os “heróicos capitães de Abril”, cravos, o cantor Afonso, manifestações, saneamentos políticos, ocupações selvagens, a Catarina Eufêmea e coisas assim. Como teriam feito os espanhoes esta mudança?

Humm !!! Vamos ter que nos informar melhor, não acham?
Ou será que os “abrileiros” impantes que descem pomposamente neste dia a Avenida da Liberdade em Lisboa, também já têm essa dúvida existencial, definida nas palavras do Premio Nobel, José Saramago: «Se não tivéssemos feito uma revolução parece-me que a situação em que estaríamos seria exactamente a mesma»

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