Balada para D.Quixote

Um olhar de viajante na última carruagem do último combóio de uma Memória intemporal.

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A generalidade daquilo que você (e eu) julgamos saber, pode estar errado, porque, em regra, assenta em «informação» com falta de rigor e imparcialidade, vinda de quem interessa formatar a nossa mente. Pense você mesmo! Eu faço-o!

11.1.07

Os suspeitos do costume (1)


Pimba! Sempre que há previsão de elevado tráfego de automóveis particulares nas estradas portuguesas – feriados, férias, etc. – lá temos que, entre outras coisas, aturar o sermão recorrente dos televangelistas do trânsito.

A arenga é sempre a mesma: morre-se cada vez mais nas estradas nacionais (o que não é verdade), e estamos na cauda da Europa das estatísticas (o que é igualmente falso). As causas, há muito preestabelecidas como sendo as politicamente mais correctas para o poder, e que os seus televangelistas repetem até à exaustão, já todos as sabemos de cor: condução automóvel sob efeito do álcool, excesso de velocidade, falta de civismo, incumprimento do Código da Estrada.

A entidade policial que tem este sector a seu cargo, a Guarda Nacional Republicana (GNR), aproveita estes períodos, para fazer o seu show-off de auto-promoção e monta mega operações nas estradas, com as TVs atrás como é conveniente.

Nos “mettings” com os media, a GNR, para além de realçar a sua acção meritória, manipula, em termos estatísticos o número de mortos e feridos, fazendo comparações com dados anteriores etc. Em tom displicente, os acidentes, mortos e feridos graves, das últimas horas, são alvo de uma estatística fria e com o seu quê de macabro. Porém a ocasião é aproveitada pelos “televangelistas” policiais para, uma vez mais, difundirem “a palavra” e exorcizarem os demónios causadores dos acidentes. Os suspeitos do costume: a trindade velocidade-álcool-civismo, estabelecida como dogma, por um estudo feito, não se sabe por quem, numa remota universidade qualquer.

Se eu pudesse solicitar um estudo a essa tal universidade que produz os dogmas com que os televangelistas do trânsito nos massacram, pediria que, partindo dos dados que é suposto possuírem, fizessem, complementarmente uma simulação, que permitisse perspectivar os resultados da sinistralidade rodoviária, face a um cenário em que as mega operações da GNR não acontecessem e uma onerosa entidade, produtora de resultados nenhuns, chamada Prevenção Rodoviária Portuguesa, não existisse. Alguém duvida de que não seriam muito diferentes dos que ocorrem com toda este show-off de prevenção que na prática não previne coisa alguma?

Se eu contabilizasse todos os km em que, ao longo da vida, conduzi automóveis por essas estradas, encontraria, um número algures entre 1 e 2 milhões de kilómetros. Vi e vivi diversas situações. Sei do que falo. E também sei, que anda por aí muita gente armada em técnicos rodoviários, que apenas tem a visão de um parte do problema; normalmente a parte errada.
...continua

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