Testemunhas do Século XX
Edmundo Pedro (1)
Um homem de acção, daqueles que andam aos tiros. Com 15 anos de idade (em 1934) viu-se dentro de uma prisão, acusado de actividades conspirativas. Passado um ano, já em liberdade, foi eleito para a direcção das juventudes comunistas e organizou movimentos de agitação e propaganda nas Escolas Industriais. Subversivo reincidente. Perigoso!
Em 1936, Edmundo Pedro foi preso pela segunda vez, mas agora para inaugurar o Tarrafal (colónia penal para presos políticos no aquipélago de Cabo Verde), juntamente com o pai e outros dirigentes do Partido Comunista. Tinha 17 anos quando desembarcou. Tentou fugir várias vezes. Numa delas, quase conseguia, foi por pouco. Ainda conseguiu roubar um barco de pescadores, mas apanharam-no. Por causa disso, esteve 70 dias seguidos na terrível "frigideira". Como se não bastasse, o Partido Comunista castigou-o com dois anos de suspensão: a fuga não tinha sido autorizada, ninguém podia fugir sem antes informar ao Partido. Bateu com a porta. Não estava para isso. Nunca mais quis voltar. "Fui educado lá dentro, sei como é".
Na família eram quase todos revolucionários, a mãe, o pai, os irmãos. Moviam-se nos meios altamente perigosos do anarco-sindicalismo, andavam de agitação em agitação. O melhor a fazer era deixar o pequeno Edmundo aos cuidados da tia paterna, a única que era conservadora na família.
A tia queria que ele fosse engenheiro naval, mas Edmundo escolheu ser como os pais, um revolucionário. Fugiu de casa da tia aos 13 anos, idade com que aderiu ao Partido Comunista e iniciou a sua actividade subversiva .
Edmundo Pedro só saiu do Tarrafal com o fim da II Grande Guerra, na amnistia de 1945. Regressou com 27 anos, alguns cabelos brancos e uma tuberculose.Tornou-se correspondente comercial, tinha estudado línguas na prisão, inglês, francês, alemão. Mas a luta estava-lhe no sangue. Em 1959 alinhou no 12 de Março e na noite de passagem de ano de 31 de Dezembro de 1961 andou aos tiros no quartel de Beja. O golpe não resultou e fugiu para o Algarve. Foi apanhado em Tavira e condenado a três anos e oito meses de prisão. Antes do golpe militar de 25 de Abril ainda voltou à prisão, acusado de contrabando. Nada ficou provado.
Continua...
Em 1936, Edmundo Pedro foi preso pela segunda vez, mas agora para inaugurar o Tarrafal (colónia penal para presos políticos no aquipélago de Cabo Verde), juntamente com o pai e outros dirigentes do Partido Comunista. Tinha 17 anos quando desembarcou. Tentou fugir várias vezes. Numa delas, quase conseguia, foi por pouco. Ainda conseguiu roubar um barco de pescadores, mas apanharam-no. Por causa disso, esteve 70 dias seguidos na terrível "frigideira". Como se não bastasse, o Partido Comunista castigou-o com dois anos de suspensão: a fuga não tinha sido autorizada, ninguém podia fugir sem antes informar ao Partido. Bateu com a porta. Não estava para isso. Nunca mais quis voltar. "Fui educado lá dentro, sei como é".
Na família eram quase todos revolucionários, a mãe, o pai, os irmãos. Moviam-se nos meios altamente perigosos do anarco-sindicalismo, andavam de agitação em agitação. O melhor a fazer era deixar o pequeno Edmundo aos cuidados da tia paterna, a única que era conservadora na família.
A tia queria que ele fosse engenheiro naval, mas Edmundo escolheu ser como os pais, um revolucionário. Fugiu de casa da tia aos 13 anos, idade com que aderiu ao Partido Comunista e iniciou a sua actividade subversiva .
Edmundo Pedro só saiu do Tarrafal com o fim da II Grande Guerra, na amnistia de 1945. Regressou com 27 anos, alguns cabelos brancos e uma tuberculose.Tornou-se correspondente comercial, tinha estudado línguas na prisão, inglês, francês, alemão. Mas a luta estava-lhe no sangue. Em 1959 alinhou no 12 de Março e na noite de passagem de ano de 31 de Dezembro de 1961 andou aos tiros no quartel de Beja. O golpe não resultou e fugiu para o Algarve. Foi apanhado em Tavira e condenado a três anos e oito meses de prisão. Antes do golpe militar de 25 de Abril ainda voltou à prisão, acusado de contrabando. Nada ficou provado.
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