Balada para D.Quixote

Um olhar de viajante na última carruagem do último combóio de uma Memória intemporal.

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A generalidade daquilo que você (e eu) julgamos saber, pode estar errado, porque, em regra, assenta em «informação» com falta de rigor e imparcialidade, vinda de quem interessa formatar a nossa mente. Pense você mesmo! Eu faço-o!

31.12.06

Novos Televangelistas (1)


Cresci a ouvir sermões. Nascido numa família católica, a missa de domingo era um ritual obrigatório. E não há, ou melhor, não havia então, missa sem sermão. Confesso que nesse pormenor era um privilegiado. Contrariamente à maior parte dos meus amigos, eu, quando o padre celebrante iniciava a eterna litania, que precedia o sermão, - “Naquele tempo …”, embora aparentemente atento, em regra o pensamento voava-me para sítios que nada tinham a ver com “aquele tempo”, e tudo com o tempo de então, que era bem mais estimulante.

Onde estava o meu privilégio? Em que a minha mãe, contrariamente ao que faziam as mães dos meus amigos, não tinha o hábito de conferir se eu tinha ido realmente à missa, perguntando – “o que disse o padre no Evangelho?”. Isto funcionava na época, como um verdadeiro detector de mentiras.

O tempo foi-me afastando da igreja, à medida que se começou a verificar o inevitável confronto entre a Doutrina teológica por um lado, e a História e a Razão por outro. Foi uma separação amigável. Quando se proporciona, não sinto qualquer reserva mental em entrar num templo (de qualquer religião). São geralmente espaços tranquilos que convidam à reflexão.

De todo esse tempo porém, ficou-me o sentimento de que já tinha “a minha conta” quanto a ouvir sermões. Puro engano. O pior estava para vir.

De crescendo em crescendo, os sermões, agora de origem laica, foram-me perseguindo pela vida fora. Atingiram o insuportável nos tempos actuais, com a presença dessa realidade, simultaneamente maravilhosa e diabólica que são os media. Autênticos televangelistas invadem a partir dali, as nossas mentes massacrando-as com as suas “verdades”, para que possamos optar entre o céu (na terra) e as penas dos infernos, (também na terra).

Aqui reside a única diferença entre estes novos sermões e os que fazia, do altar, o senhor padre, porque, quanto à essência destes novos evangelhos, permanece intacto o princípio judaico-cristão da perversidade natural do nosso corpo e, portanto, a necessidade de o castigarmos. Fazendo penitências várias obviamente.

Disso se encarrega antes de todos, o Estado, através dos impostos e da sua Fábrica Universal de Leis, que tempo por lema “uma lei para tudo, tudo conforme a lei”, e tem imensos “pregadores” (políticos e burocratas) para nos explicar, que isso é exactamente assim, porque essa é a nossa liberdade: a de podermos fazer tudo o que não é proibido – o que, digamos, é manifestamente ridículo.

Já não explicam estes pregadores tão bem, porque o Estado para fazer isto, necessita de gastar cerca de metade do que recebe em impostos, com os custos internos da sua “máquina administrativa”, onde por acaso até há gente competente mas sobretudo muitos “boys”, para quem teve que se arranjar uns “jobs”, porque não era dignificante para o Estado que houvesse pelas ruas, políticos “sem-abrigo”. Qualquer pessoa concordará com isto, mais que não seja, por defesa e solidariedade com os autênticos “sem-abrigo”, para quem seria ofensiva esta promiscuidade.

Mas há muitos outros televangelistas, e bem mais insuportáveis. Deles e das suas doutrinas, refiro-me a seguir...
António Soares

1 Comentários:

Anonymous Anónimo disse...

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