Balada para D.Quixote

Um olhar de viajante na última carruagem do último combóio de uma Memória intemporal.

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Localização: Covilhã, Portugal

A generalidade daquilo que você (e eu) julgamos saber, pode estar errado, porque, em regra, assenta em «informação» com falta de rigor e imparcialidade, vinda de quem interessa formatar a nossa mente. Pense você mesmo! Eu faço-o!

12.1.07

Os suspeitos do costume (2)


...continuado

Que se passa com os acidentes rodoviários? Nada mais que consequências que, obviamente derivam de causas. Que causas? Várias, mas a primeira delas é o aumento do parque automóvel. Entre 1970 e 2000, o parque automóvel da Comunidade Europeia triplicou, passando de 62,5 milhões de automóveis para quase 175 milhões.


A “buzzword”, “na cauda da Europa”, irrita-me sobremaneira. É própria do portuguesismo pequenino, miserabilista, auto-flagelante. Qual a realidade? Em Portugal (2005) devem ter morrido 0,086 pessoas por mil habitantes, o que poderá ser o segundo número mais baixo da Europa. No ano passado, morreram no Reino Unido 0,06 pessoas e na Alemanha 0,09. Todos os outros países estiveram muito acima.


Aumenta tragicamente a sinistralidade nas nossas estradas, dizem os demagógicos “pregadores”. Não é verdade. Em 1975, com menos de um quinto dos automóveis a circularem nas estradas portuguesas registaram-se 2.676 mortos; em 1976 a sinistralidade mortal já diminuía (2.594); em 2006, previsões apontam para 860 mortes.
Ao mesmo tempo o parque automóvel português passou de 1.100.000 unidades em 1975 para 5.700.000. A pirâmide invertida para que apontaria um elementar cálculo de probabilidades, não se verificou efectivamente.


Causas? Duas principalmente: automóveis mais seguros – a que a elevação do nível de vida das populações permitiu acesso – e melhores estradas. Para além disso pouco mais há a espuma inconsistente das teorizações.


A esmagadora maioria das pessoas que ao longo dos tempos conduziram pelas estradas não são, contrariando os televangelistas oficiais, nem psicopatas, nem inconscientes, nem suicidas potenciais. Porém as leis da física são inalteráveis, e à medida em que se lançam mais milhares e milhares de viaturas para as estradas, as colisões entre viaturas e as suas consequências vão ter que acontecer.


As leis leoninas que se produzem para pretensamente limitarem a sinistralidade rodoviária, e penalizar as infracções, são cortinas de fumo e um verdadeiro paradigma do cinismo do poder. Haverá coisa mais socialmente injusta do que a aplicação (democrática?!!!) de uma “coima fixa” (igual para o desempregado e para o director dum banco)?


Legisla-se compulsivamente. Limita-se a velocidade nas estradas; nas ruas (“óoobrigadinho pela boleia, mas vou a pé, estou com pressa”); impõe-se aos condutores um cinto de segurança, mesmo em pequenos percursos urbanos onde, a média de velocidade com que se circula, anda entre os 12 e os 19 km por hora; vigia-se-lhe o hálito para pesquisar vestígios de álcool; obriga-se o condutor a exibir 2 (dois) documentos de identificação em simultâneo (B.I. e Carta de Condução)... Tudo em nome da vigilância policial, ao serviço de um hipotético securitarismo social. Paralelamente e "como quem não quer a coisa", o Estado arrecada enormes quantias, extorquidas através das tais coimas, um verdadeiro imposto discreto.


Mas, então, se a velocidade é a grande causa dos acidentes na estrada, porque não se legisla para que os automóveis topo de gama que, de fábrica, trazem motores com potências passíveis de triplicarem esses limites, não obtenham autorização de circulação no país, sem a introdução de um limitador de velocidade interno? Porquê o rigor securitário só se exerce sobre os automóveis mais antigos que tem que ser regularmente inspecionados para poderem continuar a circular? Ou, não se produz uma lei que obrigue as viaturas a terem um aparelho registador de velocidades, vulgo tacógrafo, já obrigatório em viaturas pesadas? Porquê? Todos sabemos porquê e também sabemos que essa legislação nunca acontecerá… Os cães grandes não se confrontam mutuamente.

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