Balada para D.Quixote

Um olhar de viajante na última carruagem do último combóio de uma Memória intemporal.

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A generalidade daquilo que você (e eu) julgamos saber, pode estar errado, porque, em regra, assenta em «informação» com falta de rigor e imparcialidade, vinda de quem interessa formatar a nossa mente. Pense você mesmo! Eu faço-o!

11.10.06

Desconstruindo Anjos - As Aparições (2)

Fátima – Um milagre necessário

  • Numa perspectiva de rigor histórico, o fenómeno Fátima, já entrou na categoria dos mitos criados para cumprirem, na sua época, uma determinada função politica e religiosa. Obviamente em 1917, o sobrenatural não andou por ali. Porem, não obstante as luzes (?) e o racionalismo empírico dominantes no século XX, terem tentado relegar Fátima para o reino da crendice pura – o mito ali está, arreigado na espírito e na tradição de muitos portugueses -, relegando, ele sim, para plano secundário, as teorizações dos cépticos que continuam a achar incompreensível, a tolerância perante a notória falta de verdade histórica do acontecimento. Estará, nesta postura popular, a essência do verdadeiro Milagre de Fátima ?


Para tentar compreender as «Aparições de Fátima» convém situá-las no seu contexto histórico. Decorria então o ano de 1917. A Republica de 1910, atavicamente anti-clericalista, não cessara, até então, de retirar poderes e importância social à igreja e ao clero. Tudo vem a culminar na promulgação de uma lei da separação entre a Igreja e o Estado em 1911. Através dela, não só, na prática, o Estado deixava de reconhecer a religião católica como religião oficial do país como, implicitamente, de conceder quaisquer direitos especiais a sua hierarquia.


Uma aplicação elucidativa do espírito da nova lei, pode observar-se na sua determinação de que todas as manifestações religiosas no exterior das igrejas passassem a depender de prévia autorização legislativa das autoridades, as quais só a podiam conceder, nas localidades onde procissões etc., fossem um «costume inveterado» dos cidadãos (repare-se na utilização do termo inveterado, geralmente utilizado para qualificar alcoólicos).


Enfim, o Estado não gostava do clero e este retribuía-lhe o afecto. Esta animosidade mútua viria a culminar com o corte de relações diplomáticas entre Portugal e a Santa Sé em 1913.

continua...

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