Balada para D.Quixote

Um olhar de viajante na última carruagem do último combóio de uma Memória intemporal.

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A generalidade daquilo que você (e eu) julgamos saber, pode estar errado, porque, em regra, assenta em «informação» com falta de rigor e imparcialidade, vinda de quem interessa formatar a nossa mente. Pense você mesmo! Eu faço-o!

14.10.06

Desconstruindo Demónios: Talidomida (1)

Passaram 49 anos desde o momento em que a indústria farmacêutica alemã Chemie Grünenthal, colocou no mercado um medicamento que designou por Talidomida. Então foi comercializada como um sedativo e agente anti-naúseas, suficientemente seguro e sem efeitos colaterais relevantes, para inclusivamente, poder ser indicado quer para insónias, quer no alívio do mal-estar matinal comum em gestantes. Foi rapidamente prescrito a milhares de mulheres e espalhado para todos os cantos do mundo (146 países).

Na alemanha Ocidental, em Abril de 1961, os médicos andavam espantados com uma epidemia de «facomelia» – um fenómeno raro em que os bébés nascem tragicamente deformados, sem braços ou sem pernas, que são substituidos por rudimentos de membros que lembram caudas de focas. No ano anterior tinham sido relatados dois casos – mesmo assim um número sem precedentes. Agora, subitamente, existiam duzias de bébés facómelos.


Algumas mães, quando lhes mostraram as crianças que tinham dado à luz, gritavam de repugnância e desespero. Várias foram as que cometeram suicídio; muitas precisaram de ajuda psiquiátrica. A palavra, explicava-se, provinha do grego fhoke que significa foca e melos que significa membros. Um estudo da altura sugeriu que a causa podia estar nas poeiras radioactivas devidas às bombas atómicas.
Muitos bébes tinham outros defeitos além da falta de membros. Os ouvidos estavam ausentes ou deformados; corações, intestinos e outros órgãos estavam incompletos ou não funcionavam como devia ser. Alguns bebés morreram – «os com sorte», como escrevera um observador.


Os procedimentos de testes de drogas naquela época eram muito menos rígidos e, por isso, os testes feitos na talidomida não revelaram seus efeitos teratogênicos (produção de monstruosidades ou anomalias). Os testes em roedores, que metabolizavam a droga de forma diferente de humanos, não acusaram problemas. Mais tarde, foram feitos os mesmos testes em coelhos e primatas, que produziram os mesmos efeitos horríveis que a droga causa em fetos humanos.


Em Novembro de 1961, dois médicos, trabalhando independentemente e sem saberem um do outro – um pediatra na Alemanha e um obstetra na Austrália – ligaram a facomelia a uma droga: a Talidomida..


As autoridades australianas, mandaram retirar a Talidomida do mercado no mesmo mês em que a ligação foi estabelecida. A Alemanha Ocidental e a Inglaterra, um mês depois em Dezembro. Mas nos E.U. passaram mais dois meses até que, em Fevereiro de 1962 até que, em Fevereiro de 1962, o pedido de aprovação da Talidomida fosse retirado da FDA. O Canadá, inexplicavelmente, deixou a droga ser vendida até Março – quatro meses depois da Austrália a retirar e dando tempo a que mais indivíduos, incluindo mulheres grávidas, a tomassem.


A postura do mundo perante o aparecimento de novos medicamentos, para o bem e para o mal, não voltaria mais a ser o mesma. Agora conhecia-se mais um medicamento-demónio. Faltava aparecerem os (supostamente) heróis.

Continua…

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