Balada para D.Quixote

Um olhar de viajante na última carruagem do último combóio de uma Memória intemporal.

A minha foto
Nome:
Localização: Covilhã, Portugal

A generalidade daquilo que você (e eu) julgamos saber, pode estar errado, porque, em regra, assenta em «informação» com falta de rigor e imparcialidade, vinda de quem interessa formatar a nossa mente. Pense você mesmo! Eu faço-o!

26.10.06

Todos os antifascistas são bons !!!...


Em maio de 1975, os jornais relatavam o ocorrido num tribunal do Barreiro. O jornalista que fazia a crónica para um dos jornais de referência, por coincidência, a mesmíssima pessoa que também testemunhara durante o julgamento – um tal Carlos Coutinho, impante no seu revolucionarismo, transcrevia orgulhosamente o seu próprio testemunho no Tribunal do Barreiro, onde estava a ser julgado um militante da organização armada do Partido Comunista Português, a ARA (Associação Revolucionária Armada).

Carlos Coutinho depôs a favor de Fernando dos Santos Gonçalves acusado de, em 1965, ter desviado 13 mil contos (65 mil euros) da delegação bancária onde desempenhara as funções de subgerente: "Essse dinheiro saiu de mãos onde não devia estar e foi para mãos onde devia estar. (...) Choca-me ver sentado no banco dos réus um revolucionário; um revolucionário, depois do 25 de Abril, deve julgar e não ser julgado", concluía Carlos Coutinho.

Citações de Lenine, Brecht e Cunhal fundamentaram a tese da defesa de que "um revolucionário, depois do 25 de Abril, deve julgar e não ser julgado".

O juiz deu como provados os factos, mas considerou-os amnistiados. Em seguida, pediu desculpa ao réu que estivera um mês na prisão a aguardar julgamento. "Em nome do tribunal, quero dizer-lhe que lamento profundamente este mês de prisão que passou." E por fim abraçou-o. Em perfeita sintonia com as teses da superioridade moral do antifascismo.

O Século de 16 de Maio de 1975 compôs o seguinte título: "Militante antifascista finalmente amnistiado" e desenvolveu uma prosa exaltante, quase épica: "Julgador e julgado abraçaram-se, logo esse abraço se multiplicando pela assistência, que não prescindiu de saudar o seu companheiro, militante antifascista, ontem restituído à liberdade, e que o aguarda, novamente, nos bancos agora do povo, onde poderá utilizar o curso de economia política que tirou no exílio (...) para a construção de um Portugal democrático e socialista."

1 Comentários:

Anonymous Anónimo disse...

Muitos nos lembramos desses e doutros acontecimentos, no ano em que Portugal quase enlouqueceu. Era o PREC (Processo Revolucionário em Curso) Pessoalmente eu gostaria de saber quais as consequências do acto daquele juiz na magistratura portuguesa. Será que alguém lhe pediu contas posteriormente? Aposto que não!
J.Pedralva

26/10/06 18:01  

Enviar um comentário

Subscrever Enviar feedback [Atom]

<< Página inicial