Balada para D.Quixote

Um olhar de viajante na última carruagem do último combóio de uma Memória intemporal.

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A generalidade daquilo que você (e eu) julgamos saber, pode estar errado, porque, em regra, assenta em «informação» com falta de rigor e imparcialidade, vinda de quem interessa formatar a nossa mente. Pense você mesmo! Eu faço-o!

30.10.06

"Democratas" de braçadeira vermelha


A polémica a propósito de uma investigação de Adelino Gomes sobre a destruição de livros de autores considerados reaccionários é sintomática de um dos mais profundos paradoxos do nosso regime. Refiro-me à equivalência entre antisfascimo e democracia.

Ao contrário do que é habitual dizer-se, o facto de se ter combatido Salazar e Marcelo Caetano não transforma ninguém num democrata. Contudo, em Portugal, não só se fez esta equivalência como ainda se identificou anti-salazarismo com antifascismo. O resultado foi, no mínimo, peculiar.

Assim, não só os partidos totalitários que combateram Salazar passaram a ser considerados democráticos como, graças a tal identificação, se acabou até a apresentar como antifascistas aqueles que, nos anos 30 do século XX, orgulhosamente se reivindicavam fascistas e que, por isso mesmo, se recusaram, em 1934, a integrar na União Nacional o Movimento Nacional-Sindicalista.

Pode ter-se sido perseguido, maltratado, torturado pelo Estado Novo... e contudo defender-se um regime tão ou mais ditatorial do que o vigente nesse mesmo Estado Novo. Aliás aquilo que vulgarmente designamos por PREC é o desfazer das cumplicidades antifascistas. Se se quiser recorrer a imagens, digamos que entre PS e PCP - os dois partidos que mais integram o património do antifascismo - a ruptura acontece quando a evidência da ocupação do República se torna para o PS um perigo mais efectivo que a memória dos interrogatórios na António Maria Cardoso.

Outra das perversões da identificação entre antisalazarismo, antifascismo e democracia é a que leva a que se considere fascista ou cúmplice com o fascismo quem põe em causa as atitudes e as decisões tomadas por aqueles que se reivindicam antifascistas. Esta espécie de superioridade moral do antifascista está eloquentemente expressa na imprensa da época que tanto o Diário de Notícias como o PÚBLICO têm transcrito todo este ano.
Sinopse. Texto de Helena Matos (O Público)

1 Comentários:

Anonymous Anónimo disse...

São evidentes aqui as referências ao Partido Comunista "Cunhal & Camaradas ".
Mas fica-me uma dúvida: eu nunca vi nos boletins de voto esse tal partido, entre as opções que me são colocadas para escolha. Será que ele só tem uma existência virtual, ou que todos nós, sempre estivemos bloquedaos por uma qualquer teoria da conspiração? Et pour cause ...
J.Pedralva

30/10/06 10:30  

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