Quando a Esquerda se Engana (2)
Uma escola neutra ou empenhada?
…continuadoÉ verdade que alguns destes princípios foram adoptados (e adaptados) pelas esquerdas. Os republicanos, muitos socialistas e os comunistas também pretenderam, se é que ainda não pretendem, cultivar uma escola "empenhada", mas orientada, evidentemente, para a República, a democracia e o socialismo.
Historicamente, tanto a direita como a esquerda condenam e lutam contra a "neutralidade da escola", só que com valores opostos. Todavia, apesar de algumas semelhanças, os valores da esquerda são, tradicionalmente, muito diferentes dos da direita.
Convém enumerar, simplificando, algumas dessas crenças. A educação permitiria lutar contra as desigualdades sociais, tornando mais fácil a mobilidade e a ascensão, mas sobretudo a igualdade. A educação seria uma exigência que precede o desenvolvimento. Noutras palavras, não haveria desenvolvimento sem educação prévia; ou então, mais simplesmente, a educação seria um factor de desenvolvimento. Com a educação, com uma "nova escola", seria possível eliminar os factores de "reprodução social" da ordem vigente e de domínio cultural e político das classes burguesas.
As "novas" políticas de educação, populares e socialmente igualitárias, seriam condição necessária para promover e desenvolver a "inteligência social", para elevar o nível cultural das massas e para contribuir para a libertação das classes trabalhadoras, além de que seriam factor indispensável para desenvolver as forças produtivas.
Para que tudo isto seja possível, necessário se torna que a educação seja a prioridade política absoluta, indiscutível, o que se traduz nas leis, nos orçamentos, nos vencimentos dos professores, nos investimentos públicos e nos recursos em pessoal. Em função desse objectivo, dever-se-ia gerar um "consenso nacional", interpartidário, duradouro, tão vasto quanto possível, a fim de evitar "guinadas" bruscas e mudanças de rumo políticas, tão prejudiciais para a harmonia escolar e educativa. Continua …
Sinopse. Fonte: Texto de António Barreto
Sinopse. Fonte: Texto de António Barreto
2 Comentários:
Pois é ... eu também pensava que o saber e o conhecimento que a escola transmite, bastava ser rigoroso, ojectivo e obviamente equidistante de correntes de pensamento, para ser de qualidade.
Nem todos o entendem assim e pelos vistos acham que as aulas deviam terminar com uns "vivas" a qualquer ideologia em moda. Maneiras de ver..
Suzana M.
Concordo com você, Suzana e tenho a acrescentar que os métodos fossem mantidos e aprimorados. O grande problema para quem transmite conhecimentose a mudança brusca dos objetivos. Há necessidade imperiosa de que " sejam equidistantes de correntes " o que na verdade em muitas e muitas décadas não se chegou a um denominador comum.
Sonynha
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