Balada para D.Quixote

Um olhar de viajante na última carruagem do último combóio de uma Memória intemporal.

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Localização: Covilhã, Portugal

A generalidade daquilo que você (e eu) julgamos saber, pode estar errado, porque, em regra, assenta em «informação» com falta de rigor e imparcialidade, vinda de quem interessa formatar a nossa mente. Pense você mesmo! Eu faço-o!

15.2.07

Terror, Cravos e Loucura em Abril


Noite de Cristal … no Porto, em pleno PREC * (3)
… continuado. Vários carros, de boa marca, dos congressistas, são incendiados e os fumo das labaredas misturam-se às nuvens dos gases lacrimogéneos.

Chegam os bombeiros. A sua acção é porém impedida pelos esquerdistas que lhes gritam: «Os carros dos fascistas têm que ser destruídos!»

A atmosfera é irrespirável, mas o ataque prossegue implacável.
Chegaram, entretanto, reforços militares, chamados pela Polícia, que estabeleceram um cordão de defesa, em torno do Palácio. Eram, nessa altura, 8 horas da noite e os congressistas estavam, como se compreende, profundamente inquietos e mais que ansiosos por abandonarem aquele inferno. Por isso, o anúncio da chegada das forças do Exército foi sentido com um profundo alívio. Estava para breve a libertação.

Sucede, porém o inacreditável: em vez de imporem a ordem, os soldados … confraternizam com os assaltantes! Pois não são eles também filhos do povo, explorados – e não estão lá dentro do Palácio os fascistas exploradores?... – dizem-lhes os revolucionários.
Perante a situação, inesperada – que depois se repetiria com frequência, ao longo da Revolução – da incapacidade de se fazerem obedecer pelas suas tropas, os oficiais que comandavam a força armada resolvem entabular diálogo com os atacantes. Apanham, porém, pela frente, com uma resposta bem revolucionária: - «os antifascistas não dialogam com oficiais, só com soldados!». E a conversa terminou logo aí.
Entretanto, a ameaça ao portão do Palácio acentua-se. Há tentativas de arrombamento, que obrigam alguns dos militares a disparar rajadas de G-3 para o ar.
A noite já ia avançada; dentro do edifício, os congressistas estavam a atingir os limites da inquietação, e nas faces de muitos deles o terror estava estampado.

A certa altura alguns oficiais do exército entram e pedem para falar com a direcção do CDS para lhe transmitir a única possibilidade que havia para resolver a situação: a suspensão do Congresso.
Claro que a proposta foi aceite, de acto contínuo, com alívio: o que toda a gente queria, naquele momento, era safar-se o mais depressa possível daquele terrível pandemónio.

A proposta é comunicada para o exterior através da amplificação sonora. Mas, como resposta, apenas se ouvem, através dos megafones dos revolucionários, os gritos de «o Congresso acabou, mas não acabou o CDS». «Faça-se justiça popular!...»
Aí o medo e o pânico generalizou-se nos congressistas. Já se viam arrastados pelas massas populares ululantes e fuzilados na praça pública, perante a complacência dos militares revolucionários.

Mas o clímax do terror atingiria o seu auge quando, às 3 da manhã, os comandantes militares aconselharam os lívidos congressistas a barricarem-se no interior do edifício. Imediatamente os mais expeditos sobem para as galerias, logo seguidos pelos restantes. Todos se precipitam para uns colchões que, por sorte, ali estavam empilhados e num ápice são levantadas barricadas. Os mais ousados procuram paus e ferros decididos a venderem cara a vida.

Pela primeira vez na Revolução Portuguesa as barricadas são erguidas, não pelas massa populares esquerdistas, mas por gente elegante da democracia cristã …continua

Fonte: Texto de António Maria Pereira no Semanário Tempo

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