Balada para D.Quixote

Um olhar de viajante na última carruagem do último combóio de uma Memória intemporal.

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Localização: Covilhã, Portugal

A generalidade daquilo que você (e eu) julgamos saber, pode estar errado, porque, em regra, assenta em «informação» com falta de rigor e imparcialidade, vinda de quem interessa formatar a nossa mente. Pense você mesmo! Eu faço-o!

2.2.07

Para Além do Aborto


Aquilo que todas as pessoas estão discutindo calorosamente em Portugal (a liberalização do aborto), é apenas um episódio, talvez menor, de um longo período da história da evolução humana, que terá começado em África, há cerca de 200.000 anos, quando ali terá aparecido finalmente uma espécie que já podia ser considerada como um antepassado directo do homem moderno. Um período em que aconteceram progressos e retrocessos. Mais dos primeiros do que dos segundos.
Mais tarde, julga-se que há 100.000 anos alguns destes nossos antepassados já tinham atravessado uma fase evolutiva tão importante, que muitos deles deram início ao grande salto em frente – o abandono de África em direcção às terras do Norte e do Oriente – onde os esperavam novos territórios, novos climas, novos obstáculos e desafios, a que tiveram que se adaptar, e evoluir no sentido da preservação da vida.

Enquanto em África o tempo parece ter parado durante muitos milhares de anos após o êxodo dos últimos dos seus emigrantes ancestrais, na Euro-Ásia, onde as condições eram propícias ao desenvolvimento de culturas diversificadas e florescentes, estas desenvolveram-se durante séculos, até chegarmos aos tempos actuais. É então que, a terem razão os defensores da teoria do caos, ter-se-á atingido o tal “ponto de equilíbrio e começo de degradação”, que prosseguiria até um limite – o ponto de caos – só a partir do qual de dará a reorientação do movimento para a ordem e o equilíbrio.

A que vem aqui chamada a teoria do caos? Porque a sabedoria acumulada dos antigos, levou-os a imaginar o mundo em que eles viviam e nós continuamos a viver, dividido em duas metades: masculino e feminino. Os seus deuses e deusas esforçavam-se por manter o equilíbrio do poder «Yin e Yang», porque quando o masculino e o feminino estavam equilibrados, havia harmonia no mundo. Quando se desequilibravam, sucedia a desordem e o caos. E este equilíbrio está manifestamente rompido.

É a dimensão e as consequências da alteração deste paradigma fundamental da forma de viver das sociedades humanas, que torna ínfimo, quase insignificante, o pormenor sobre o número de semanas com que discricionariamente as mulheres podem “Deletar” (parece-me apropriado o termo usado no Brasil), o embrião que germina dentro delas.

Sobretudo nas últimas décadas do século XX, forças muito poderosas, - que não adiante nomear, porque são tão extremamente hábeis e discretas, que prevendo este género de denúncias, as desacreditaram previamente sob o rótulo sarcástico de “teorias da conspiração”) - induziram factores de perturbação no relacionamento entre mulheres e homens, tendentes a conseguir um ambiente de hostilidade e desconfiança entre o feminino e o masculino nas sociedades modernas.

Desfraldando bandeiras e slogans insidiosos de libertação sexual, igualdade, sexismo, descriminação, emancipação e opressão, conseguiram, inicialmente instalar a dúvida e a suspeita em muitos espíritos de ambos os sexos. Não tardou a evoluir-se para comportamentos agressivos, sobretudo da parte de movimentos radicais, ditos feministas.

Impuseram-se estereótipos para uma “nova mulher” e uma escala de valores para ela, onde predominavam a carreira profissional, uma sexualidade livre e descomprometida, independência económica e estatuto social. Valores de referência tradicionais das sociedades como a família, a maternidade e o casamento (uma instituição opressora das mulheres, segundo as feministas), apenas faziam parte do “kit” de opções que a “nova mulher” podia adoptar, na sua forma clássica ou segundo variantes definidas por ela própria.

Como consequência de tudo isto as coisas mudaram: nas mentalidades, nos comportamentos, na cultura, no relacionamento entre homens e mulheres e … sobretudo nos valores estatísticos da reprodução humana, em que os níveis de fecundidade feminina estão já alarmantemente abaixo do nível mínimo que possibilita a renovação das populações. Atingimos o “ponto de caos”? Que se seguirá?

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