Balada para D.Quixote

Um olhar de viajante na última carruagem do último combóio de uma Memória intemporal.

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Localização: Covilhã, Portugal

A generalidade daquilo que você (e eu) julgamos saber, pode estar errado, porque, em regra, assenta em «informação» com falta de rigor e imparcialidade, vinda de quem interessa formatar a nossa mente. Pense você mesmo! Eu faço-o!

13.2.07

Terror, Cravos e Loucura em Abril


Noite de Cristal … no Porto, em pleno PREC * (2)

… continuado. Receosos do que lhes pudesse acontecer vir a acontecer, desconfiados da protecção das autoridades, os centristas, além de reforçarem a sua própria segurança, tem uma ideia de génio: convidam destacadas personalidades estrangeiras dos meios democrata-cristãos e conservadores, designadamente parlamentares europeus, para assistirem ao Congresso.
A Europa não fazia ainda, nessa altura, nenhuma ideia da conspiração comunista em desenvolvimento em Portugal. E quanto aos excessos já verificados – sobretudo as centenas de prisões do 28 de Setembro – a tendência tinha sido para acreditar que tinha havido, realmente, um golpe armado contra-revolucionário, contra o qual a jovem democracia tinha tido que se defender.

Por isso, os ilustres convidados estrangeiros aceitaram de bom grado o convite do CDS, julgando tratar-se de mais uma agradável viagem turística àquele pequeno e simpático país, com banquetes, fados e guitarradas à mistura…
Tudo começou da melhor maneira, cerca das 15 horas, com o Palácio de Cristal, cheio com cerca 500 centristas, tudo gente civilizada e de bom tom, envergando fatos de bom corte em contraste flagrante com o ambiente habitual dos comícios dos partidos da esquerda em que os «jeans», as gaforinas desgrenhadas e as barbas mal tratadas eram sempre a nota dominante.

Eis porém que aos ouvidos dos congressistas, suspensos do verbo eloquente de Adelino Amaro da Costa, começam chegando estranhos rumores do exterior, que em breve se transformariam num imenso e surdo reboar de multidões em fúria. Gritos de «abaixo a reacção», «o congresso fascista não passará», «morte ao CDS», eram vociferados através dos megafones por próceres vermelhos, excitando ao rubro as massas populares antifascistas, no meio da quais de distinguiam bandeiras dos partidos da extrema-esquerda: MES e FSP (próximos do PCP), LUAR, LCI, PRP(BR) etc.

O Palácio de Cristal foi totalmente cercado pelas turbas progressistas. Dentro, os congressistas confiavam na protecção policial, que lhes havia sido assegurada e na solidez de uma dupla barreira: a vedação exterior do Palácio e o portão de ferro do edifício.
Mas as hordas esquerdistas vão engrossando, compreendendo agora milhares de revolucionários em fúria antifascista, excitados pelos megafones com palavras de ordem revolucionárias. A massa humana, levando de roldão alguns guardas que tentam, em vão, barrar-lhes o caminho, avança ameaçadora para os jardins do Palácio. O portão é arrombado e os revolucionários correm em direcção ao edifício. Reforços da polícia precipitam-se em defesa do Palácio e as primeiras granadas de gás lacrimogéneo fazem ouvir os seus estampidos característicos.


Trava-se então uma autêntica batalha campal, com a multidão a ripostar à Polícia com pedras, paus e tudo o que fosse contundente ou de arremesso. Perante o ocupação dos jardins do palácio, a Polícia recua tacticamente para junto do portão, para o proteger, mas a fúria esquerdista não cede. Ao apelo dos manifestantes, os moradores das redondezas lançam-lhe para a rua limões para cortar o efeito dos gases lacrimogéneos nos olhos. Uma boca de incêndio é aberta e nela os atacantes lavam os olhos congestionados pelos gases e voltam freneticamente ao ataque. Há autenticas lutas corpo a corpo e, entrecortando os estampidos das granadas de gases lacrimogéneos, começam a ouvir-se os primeiros autênticos tiros de armas de fogo. Um chefe da PSP e quatro agentes, bem com vários manifestantes são atingidos e têm que recolher ao hospital. Continua...
Fonte: Texto de António Maria Pereira no Semanário Tempo

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