Terror, Cravos e Loucura em Abril
Noite de Cristal … no Porto, em pleno PREC * (1)
Ao desencadear a caminhada para o poder a partir da crise de 28/9/74 o Partido Comunista (PC) português seguia à risca a estratégia colhida na tomada do poder pelos PC’s nas democracias populares. Nestes foi utilizada a «táctica do salame» que consiste na destruição sistemática dos restantes partidos, através da sua eliminação progressiva, a partir da direita. A mesma táctica foi usada em Portugal.
O PC conseguiu destruir todos os partidos à direita do Centro Democrático Social (CDS): o Partido do Progresso, o Movimento da Acção Portuguesa, o Movimento Popular Português, o Partido Liberal e o Partido Nacionalista Português viram as suas sedes saqueadas e incendiadas pelas milícias comunistas e esquerdistas e, dos seus «leaders», só não foram presos os que não conseguiram fugir para o estrangeiro. A partir daí ficaram na sua linha de mira os restantes partidos democráticos, isto é o CDS, o Partido Popular Democrático (PPD) e o Partido Socialista (PS).
Quanto aos dois primeiros a táctica para a sua destruição consistiu em os desacreditar perante a opinião pública e o Movimento das Forças Armadas (MFA) acusando-os na media controlada pelo PC de serem reaccionários; em paralelo e aliados à extrema esquerda, passam a boicotar todos os comícios daqueles partidos, numa escalada de violência cuja intensidade aumentava à medida que a data fixada para as eleições se aproximava.
O CDS, partido mais pequeno que o PPD e, por outro lado mais vulnerável – por fazerem parte dos seus quadros algumas personalidades com ligações ao antigo regime – tornou-se um alvo fácil para os ataques totalitários.
A sua sede foi destruída e saqueada na rescaldo da crise do 28 de Setembro. Mal refeitos do ataque, os centristas tentam reagir e organizam um comício no Teatro S. Luís em 4 de Novembro de 1974. Apenas começado, eis que uma horda de maoístas do MRPP, com comunistas à mistura, irrompe no meio da função, munidos de barras de ferro, correntes de bicicletas e armas de fogo disfarçadas.
Foi tal a violência do ataque que a sessão foi pouco depois interrompida, com vários feridos, que tiveram que ser hospitalizados. Só a intervenção da PSP comandada então pelo coronel Casanova Ferreira e dos Comandos da Amadora, comandados por Jaime Neves, evitou que tudo terminasse num massacre. Impedidos , pela PSP e pelos Comandos de prosseguirem no seu ataque, os esquerdistas dirigiram-se para a sede do CDS no Largo do Caldas, que de novo destruíram e saquearam.
A partir daí o CDS pediu ao COPCON (nota – Comando Operacional do Continente um organização militar-policial dirigida por Otelo Saraiva de Carvalho) segurança para as suas instalações, que lhe foi fornecida sob a forma de alguns militares os quais, em admirável afirmação de proselitismo anti-fascista, acabaram por subtrair dos locais confiados à sua guarda o que tinha escapado dos assaltos precedentes.
O Partido tinha programado a realização do seu primeiro Congresso em 25 de Janeiro e, como medida de prudência, depois do que tinha acontecido em Lisboa, resolve efectuá-lo no Porto, no Palácio de Cristal. Continua …
Fonte: Texto de António Maria Pereira no Semanário Tempo
0 Comentários:
Enviar um comentário
Subscrever Enviar feedback [Atom]
<< Página inicial