Como se Fabrica um Presidente
Em política não há coincidências. Quando vi a série de TV “24 horas” percebi que as forças económico-políticas que determinam a produção de Hollywood, estavam a preparar a opinião pública norte-americana para aceitar uma candidatura às eleições presidenciais, em rotura com a tradição e passado histórico da nação, ou, dito de forma mais directa, o candidato não seria um homem branco.
Portanto aí está o afro-americano Obama, a ser alavancados na senda que o pode conduzir à presidência dos EUA. Ele pode ser um político desinteressante, não muito diferentes de tantos outros, mas, que ninguém se iluda: se ganhar, o seu principal trunfo vai estar na cor da pele, muito mais do que nas suas propostas políticas. O “24 Horas” tudo fez para desbravar esse caminho.
Muitos Republicanos e conservadores em geral não são racistas – embora haja alguns que o sejam e alguns Democratas e Liberais também – mas não vêem a menor necessidade de colocar um negro como presidente num futuro próximo. Ou simplesmente não pensam que isso seja possível proximamente. Os Conservadores em geral são figuras práticas, não muito dados a sonhos e fantasias que eles não vejam como viáveis.
Nesta série “24 Horas” como noutras semelhantes, não só o presidente americano é negro, - papel, aliás interpretado por um excelente actor -, como os personagens principais cheios de virtude (os “bons”), provém de minorias raciais. Já os “maus”, os que atentam contra a vida das pessoas, contra a nação e colaboram com o terror, são sempre brancos, a começar pelo vice-presidente.
Esta é a visão de uma certa América que se julga progressista. A virtude segundo eles, vem com a raça e o género. Logo, um neo-racismo anti-branco, que se manifesta em aberrações sociais e atentados à dignidade e inteligência humana como são as “políticas de quotas”.
O mundo que 24 Horas mostra, é um prato cheio para os críticos das instituições: funcionários do governo traidores, facilidade de acção dos terroristas, agentes que não hesitam em matar. É o retrato que o filme procura dar de governabilidade e dos EUA.
Nada mais fácil ou melhor do que ter recursos, como tem Hollywood, para retratar quem eles não gostam. E pobre de quem assiste aquilo achando que é a tradução da verdade! A TV tem essa magnífica possibilidade de mostrar os outros como eles os vêem, e mostrar seu ponto de vista ao mundo.
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