Recado (atrasado) a Joaquim Letria
Acompanho há muito a sua carreira profissional, gosto do seu estilo e até da forma como expressa as suas ideias. Infelizmente não o vejo com frequência na TV, onde acho que continua a ter lugar, não obstante as "barbies" terem por ali invadido tudo. Vai restando o Mário Crespo, sabe-se lá até quando.
Porém caro Letria, eu não lhe escrevo só para lhe enviar elogios - que sinceramente acho que merece. Venho ajustar umas "pequenas contas" que tenho consigo, que, se não lhas referisse, iriam ficar-me atravessadas na garganta até ao fim da minha vida.
Ler a sua coluna "25ª hora" no "24 Horas", o artigo "Angola vista pela OCDE" fez-me viajar no tempo. Aí até ao ano 74 ou 75. Na RTP era anunciada uma "caixa sensacional" a transmitir no jornal da noite: «o nosso enviado especial Joaquim Letria, consegue a PRIMEIRA ENTREVISTA com o lider moçambicano Samora Machel»
Naquela altura as pessoas, eu pelo menos, nem sabíamos "de que terra eramos", tão desorientados e atónitos com os revolucionarismos e progressismos triunfantes. Havia ainda em nós, residual, um "portuguesismo" mais feito de raiva e resistência do que de opção política (eu, então, como hoje, só sabia que não era de esquerda), e pouco mais.
É nesse estado de espírito que aguardo o telejornal das oito, para ver a tal "caixa jornalistica". Ela surge. Algures na mata de Moçambique caminhava um personagem de opereta que dava pelo nome de Samora Moisés Machel - o tal, que ainda faria rir imenso muitos portugueses.
Enquanto caminhava, o tal lider, de forma displicente e algo sobranceira, ia falando para o nosso Joaquim Letria que, de microfone em punho, embevecido e subserviente esforçava-se por acompanhar o passo do "notável", que nem se dignava parar, para mostrar bem quem estava por cima e quem estava por baixo.
Então o microfone de Letria trouxe-nos palavras do ex-enfermeiro do exército português, permitindo-se dar conselhos a uma nação com oito séculos de história: «vocês portugueses devem cuidar de fazer escola, fazer hospital e não andar a discutir política ...» Era só isto a "entrevista".
Ouvi. Vexado. Um jornalista português a ser tratado daquela forma, quanto a mim, indigna, e com uma passividade total. Senti vergonha, raiva. Na altura fiquei furioso com vc. Letria.
Hoje, quando o vejo a referir-se à "corrupção endémica" e ao "crescente poder da elite presidencial", - eu sei que se refere a Angola mas, ...ali em Moçambique será muito diferente? - ao recordar a sua "caixa jornalística" desse tempo recuado e sobretudo a subserviência da sua atitude, ainda me ocorre uma só palavra. Letria: Porra! Ainda mantém essa nódoa no seu curricula profissional?...
Um abraço para si e votos de muita saúde.
Porém caro Letria, eu não lhe escrevo só para lhe enviar elogios - que sinceramente acho que merece. Venho ajustar umas "pequenas contas" que tenho consigo, que, se não lhas referisse, iriam ficar-me atravessadas na garganta até ao fim da minha vida.
Ler a sua coluna "25ª hora" no "24 Horas", o artigo "Angola vista pela OCDE" fez-me viajar no tempo. Aí até ao ano 74 ou 75. Na RTP era anunciada uma "caixa sensacional" a transmitir no jornal da noite: «o nosso enviado especial Joaquim Letria, consegue a PRIMEIRA ENTREVISTA com o lider moçambicano Samora Machel»
Naquela altura as pessoas, eu pelo menos, nem sabíamos "de que terra eramos", tão desorientados e atónitos com os revolucionarismos e progressismos triunfantes. Havia ainda em nós, residual, um "portuguesismo" mais feito de raiva e resistência do que de opção política (eu, então, como hoje, só sabia que não era de esquerda), e pouco mais.
É nesse estado de espírito que aguardo o telejornal das oito, para ver a tal "caixa jornalistica". Ela surge. Algures na mata de Moçambique caminhava um personagem de opereta que dava pelo nome de Samora Moisés Machel - o tal, que ainda faria rir imenso muitos portugueses.
Enquanto caminhava, o tal lider, de forma displicente e algo sobranceira, ia falando para o nosso Joaquim Letria que, de microfone em punho, embevecido e subserviente esforçava-se por acompanhar o passo do "notável", que nem se dignava parar, para mostrar bem quem estava por cima e quem estava por baixo.
Então o microfone de Letria trouxe-nos palavras do ex-enfermeiro do exército português, permitindo-se dar conselhos a uma nação com oito séculos de história: «vocês portugueses devem cuidar de fazer escola, fazer hospital e não andar a discutir política ...» Era só isto a "entrevista".
Ouvi. Vexado. Um jornalista português a ser tratado daquela forma, quanto a mim, indigna, e com uma passividade total. Senti vergonha, raiva. Na altura fiquei furioso com vc. Letria.
Hoje, quando o vejo a referir-se à "corrupção endémica" e ao "crescente poder da elite presidencial", - eu sei que se refere a Angola mas, ...ali em Moçambique será muito diferente? - ao recordar a sua "caixa jornalística" desse tempo recuado e sobretudo a subserviência da sua atitude, ainda me ocorre uma só palavra. Letria: Porra! Ainda mantém essa nódoa no seu curricula profissional?...
Um abraço para si e votos de muita saúde.
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