Balada para D.Quixote

Um olhar de viajante na última carruagem do último combóio de uma Memória intemporal.

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A generalidade daquilo que você (e eu) julgamos saber, pode estar errado, porque, em regra, assenta em «informação» com falta de rigor e imparcialidade, vinda de quem interessa formatar a nossa mente. Pense você mesmo! Eu faço-o!

8.6.07

Música, Memória e Video-Clips (1)


De que forma a nossa memória interage com a música, particularmente com a música popular?

Porque motivo algumas músicas conseguem estabelecer connosco uma relação imediata de empatia, ou, como se diz, nos “entram facilmente no ouvido” ao escutá-las logo pela primeira vez e outras, obedecendo também às mesmas actuações promocionais das editoras, mau grado os nossos ouvidos serem massivamente bombardeados com elas, não conseguem ultrapassar a barreira da nossa indiferença, quando não da nossa rejeição?

O factor qualidade? Não creio. O factor repetição, forçando uma habituação, saturação, e finalmente a aceitação pelos nossos sentidos? Também não. Tem que haver outras respostas ...

O ministro da Propaganda do III Reich alemão Joseph Goebbels, demonstrou que uma estratégia de comunicação massivamente repetitiva, funciona muito bem na veiculação de ideias políticas. A publicidade, o marketing e os partidos políticos, usam essa técnica exaustivamente. Até admito que ela possa impor, a um “consumidor” audiófilo pouco exigente, um determinado estilo, um artista. Duvido porém, que a melhor das campanhas de marketing consiga realmente produzir um verdadeiro êxito “musical” – com impacto, para além daquela faixa de consumidores chamados "early-adopters", ou seja dos fanáticos do novo. do modismo, e dos “tops”; um grupo paricularmente volátil, porque logo-logo estará a caminho do próximo modismo.

Claro que se eu soubesse a resposta para produzir um sucesso musical, tornava-me compositor de canções e editor musical. Porém, muitos anos a “consumir” todo o género de música, levam-me a questionar algumas questões.

O maestro António Vitorino de Almeida, com a sua habitual ironia, dizia: -« algumas músicas entram-nos tão facilmente no ouvido, que é como se, remotamente, já lá estivessem!» E é muito possível que tenha razão. Nada sei de música, mas, é óbvio que o número de variações que se podem obter com sete notas musicais, não é infinito.

Por outro lado, é um facto evidente, que ninguém que componha música, tem o seu "ouvido-memória" totalmente virgem. Lá dentro, residem já milhares de acordes, melodias, cadências etc., num registo histórico de toda a música que ele foi ouvindo no decorrer do tempo.

Logo a "autêntica originalidade", em obras musicais, deve ser um fenómeno muito raro; portanto, na grande parte das obras musicais que ouvimos, e que até em certos casos fazem os êxitos do momento, há enormes probabilidades de estas não serem mais do que colagens, misturas, arranjos e versões pseudo-originais, de outras obras musicais que já existiam.

Eu delicio-me a imaginar, um cenário em que alguém tivesse a iniciativa de fazer um programa de computador, contendo uma base de dados digitalizada das obras musicais de que há registo e memória e, a partir dela, fizesse um cruzamento analítico com as músicas supostamente originais, editadas durante os últimos 30 ou 50 anos, utilizando, por exemplo, como critério de selecção, aquele número de “compassos” sucessivos, que as leis de protecção
da propriedade intelectual, consideram suficientes, para se determinar como um mínimo de segurança, estar perante uma situação de plágio.

Seria interessantíssimo. Imaginem um computador a analisar e comparar, musica a música, apenas as partituras ou as partes de piano das "novidades musicais" que fossem surgindo no mercado da música espectáculo - entretanto digitalizadas -, olimpicamente insensível ao "chantilly" composto a partir dos efeitos cénicos e visuais que geralmente as decoram e tentam originalizar?!...
Hmmm... Estão a antever os mesmos resultados que eu?...

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