Balada para D.Quixote

Um olhar de viajante na última carruagem do último combóio de uma Memória intemporal.

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Localização: Covilhã, Portugal

A generalidade daquilo que você (e eu) julgamos saber, pode estar errado, porque, em regra, assenta em «informação» com falta de rigor e imparcialidade, vinda de quem interessa formatar a nossa mente. Pense você mesmo! Eu faço-o!

5.6.07

Memória - O Flashback da TSF


Tentando dar alguma organização aos meus suportes magnéticos onde guardo muitas gravações áudio, dou comigo a ouvir algumas cassetes, com registos do programa “Flashback” que até 2003 passava regularmente na TSF, com os comentadores residentes da actual “Quadratura do Círculo”, exceptuando Jorge Coelho, que veio substituir José Magalhães, quando este entrou para o governo. Deus meu! Aquele José Magalhães era, (ainda é?!) mesmo um “cromo”. Anda actualmente um pouco apagado dentro do governo, mas este homem é um verdadeiro político-espectáculo.

Dizia-se que Marcelo Rebelo de Sousa, era capaz de escrever com ambas as mãos, ao mesmo tempo, textos independentes e diferentes. O José Magalhães realiza um feito semelhante: raciocinar sobre algo, que nada tem a ver com o discurso que entretanto vai saindo sai da sua boca, como se deixasse desenrolar uma fita magnética previamente gravada (resquícios da fase PC) , sobrepondo esse som, em forma de ruído de fundo ininterrupto, às tentativas de comentários contraditórios dos seus parceiros de programa. Pacheco Pereira, definiu um dia esta característica do José Magalhães com a frase –«José Magalhães consegue falar mais depressa do que pensa».

Saído em 1990 de um Partido Comunista enfraquecido e sem perspectivar carreiras políticas atraentes, José Magalhães, que escolhera abraçar a política como profissão, adere ao socialismo de gaveta da versão Partido Socialista.

Entre os dois emblemas, Magalhães cuida da sua imagem, cultivando um aparente periodo de nojo político, integrando as listas eleitorais dos socialistas com o rótulo de independente, o que convenha-se, era uma estratégia com ganhos para ambos os lados.

Mas Magalhães, quiçá justamente, tinha ambições mais altas do que uma bancada de deputado, e o estatuto de independente podia ser um entrave à gestão da sua carreira política e a vôos mais elevados dentro do partido. Então, como um jogador de xadrês, move a peça certa: em 1999 preenche a sua ficha de miliante do PS. A recompensa para essa estratégia não tardaria a surgir. O Partido Socialista ganharia eleicões e formaria o XIV Gogerno Constitucional e o "militante" José Magalhães obteria a pasta de Secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares.

Goste-se ou não do estilo político de José Magalhães tem que reconhecer-se-lhe o mérito de ter subido na carreira através de uma gestão inteligente. Não se lhe conhecem grandes ideias para a gestão da "polis" mas, nesse pormenor não é muito diferente da generalidade dos políticos de carreira portugueses. Aonde Magalhães faz a diferença, é no seu interesse pelas novas tecnologias da informação e no seu esforço de as democratizar. Escreveu alguns livros interessantes abordando esse assunto, nomeadamente um Roteiro para a Internet.

Em regra, por onde passa deixa marcas, nem sempre as melhores, mas tenta não passar despercebido. Recordo os seus “apartes” parlamentares – “Que o senhor deputado grunha como um porco na altura da matança, não nos afecta”. Ou ainda quando convocou os telejornais para lhes comunicar a descoberta sensacional, de que os computadores da Assembleia da República tinha “drives” feitos na Indonésia, que na altura era a “bete noir” da política externa portuguesa por causa de Timor.

No programa que sucedeu ao Flashback, a “Quadratura do Círculo” (SIC) o substituto de José Magalhães, Jorge Coelho tem, embora defendendo a mesma bandeira e as suas ambiguidades políticas, tem uma postura diferente. Hoje, Coelho está diferente. Tem hoje uma certa pose de estado. A experiência política e humana – julgo que teve graves problemas de saúde – tornaram-no num político mais moderado. Para trás ficou, felizmente, a sua fase caceteira quando gritava: - “quem se mede com o PS leva!”, e também, o seu deplorável português de ministro: - “hadem ver, hadem ver!...”

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