Balada para D.Quixote

Um olhar de viajante na última carruagem do último combóio de uma Memória intemporal.

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Localização: Covilhã, Portugal

A generalidade daquilo que você (e eu) julgamos saber, pode estar errado, porque, em regra, assenta em «informação» com falta de rigor e imparcialidade, vinda de quem interessa formatar a nossa mente. Pense você mesmo! Eu faço-o!

23.12.06

Lá, onde o Diabo Perdeu as Botas...


O Turcomenistão, país muçulmano e desértico da Ásia Central, encravado entre Mar Cáspio, Irão, Afeganistão e Cazaquistão, está órfão. O autodenominado Pai do Povo e seu presidente vitalício, Saparmurat Niazov, autor de um regime de modelo estalinista, com elevado culto da personalidade morreu.

A notícia porém, não se perdeu na espuma dos dias nos noticiários internacionais. Fez até com que as potências mundiais reagissem com prudência ao anúncio das morte do ditador, porque Niazov governava um país com importância estratégica, não apenas pela posição geográfica, mas sobretudo porque é fornecedor de gás natural à Rússia e, através desta, à UE, que recebe um quinto do seu gás natural daquela origem. As reservas de gás natural do Turcomenistão estão entre as maiores do mundo, 1,2% do total mundial. Se pudesse ser todo extraído, daria teoricamente para abastecer a Europa durante 6 anos.

Saparmurat Niazov era um ditador cheio de originalidades. Entendeu que tinha direito a uma estátua. E naturalmente fê-la, e bem à altura da sua grandeza: de ouro maciço, e que rodava seguindo o movimento aparente do sol. Mas, para além disso escreveu uma obra, “Ruhnama” (Livro da Alma), que constituía a base de todo o currículo escolar. A sua imagem aparecia em todo o lado, inclusivamente no cantinho do ecrã da televisão pública.

Decretou verdadeiros absurdos: a exigência de um curso de 16 horas de estudo do “Ruhnama” para se obter uma carta de condução, proibição de usar capas de ouro nos dentes; Os médicos do Turcomenistão faziam o seu juramento profissional, não sobre o texto de Hipócrates, mas sobre a sua obra.
Por aqui sentiríamos a vontade de designar Niazov por “um verdadeiro cromo”. Mas com isso não concordariam provavelmente os seus opositores, perseguidos implacavelmente e encarcerados.
Quem vai suceder-lhe? Um novo Kim-Jong-Il ? Eles lá sabem, mas provavelmente será o nosso bolso a suportar qualquer instabilidade que ocorra no mercado mundial do gás natural.

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