Balada para D.Quixote

Um olhar de viajante na última carruagem do último combóio de uma Memória intemporal.

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Localização: Covilhã, Portugal

A generalidade daquilo que você (e eu) julgamos saber, pode estar errado, porque, em regra, assenta em «informação» com falta de rigor e imparcialidade, vinda de quem interessa formatar a nossa mente. Pense você mesmo! Eu faço-o!

21.12.06

Apedrejados ...


Conheço pessoalmente o primeiro-ministro de Portugal. Durante anos, cruzámo-nos em algumas actividades. Não votei nele. Salvo numa ou noutra ocasião, nunca votei em ninguém. Votei sim, sempre contra alguém, de resto como quase toda a gente. Hoje, vejo que a vida o amadureceu. Refinou. Tornou-se talvez mais duro e determinado. Considero-o um bom político, uma espécie de simbiose de vários estilos: Tony Blair, Margareth Thatcher, Salazar (porque não?).

Todos os dirigentes que no passado e no presente quiseram colocar alguma ordem num país atavicamente indisciplinado como Portugal, que “nem se governa nem se deixa governar”, como alguém nos caracterizava, chovem-lhe os habituais labéus de arrogância, autoritarismo, prepotência, falta de diálogo, “direitismo” etc. Descodificado, isto quer dizer que está a pisar terrenos dos interesses instalados, que está a perturbar os “direitos adquiridos” dos vários corporativismos e o dos seus apparatchiks.

Os portugueses, que não são propriamente um povo sábio e sensato.
Sintomático, por exemplo, é vê-los a todo o momento privados de serviços sociais fundamentais e, de seguida, expressarem a sua “compreensão” para com os grevistas e sindicateiros que não só os privam desses serviços essenciais, como os transformam em reféns e moeda de troca, com vista a obterem vantagens salariais e mordomias. Acho que há alguma coisa de “síndrome de Estocolmo” nesta atitude, para não lhe chamar... bovinidade.
Porém, contrariamente ao que seria de esperar, os portugueses vêem dando ao primeiro ministro uma boa posição nas sondagens. Parece que por fim perceberam que a caravana do pragmatismo só pode mesmo prosseguir, mesmo deixando um rasto ululante de cães a ladrar.

O meu primeiro contacto com o José Sócrates ocorreu ainda ele militava na organização juvenil do Partido Popular Democrático (PPD), a qual, assim como nos restantes partidos, pouco mais era do que uma designação destinada a motivar politicamente a juventude, que, de passagem, e em nome da ideologia, ia fazendo também uns quantos trabalhos mais duros – colagem de cartazes até altas horas da noite, etc, - coisas que os notáveis do partido não queriam fazer.

Dessa época, recordo um episódio. Ele deve recordar-se também. Um comício político na Covilhã com Magalhães Mota (um dos três fundadores do PPD, juntamente com Sá Carneiro e Pinto Balsemão). A certa altura o comício foi “boicotado”, como então se dizia (era um acontecimento diário) por um grupo de “progressistas” (ou seja, “dos bons” (comunistas) porque todos os outros eram então…. fascistas e maus), que do exterior apedrejava o telhado em chapa zincada do pavilhão onde se realizava o comício e incendiava um automóvel. Com dificuldade, o comício lá terminou. Entretanto, José Sócrates e os companheiros JSD tentavam fazer o cordão de segurança possível, porque a PSP entretanto chamada, apartidariamente, só apareceria horas mais tarde.

Ao longo do tempo, - já ele no Partido Socialista - fui consolidando dele o perfil de uma pessoa bem humorada, um pouco ingénua e até distraída, mas um bom companheiro. Aquela cena do comício e muitas outras, devem ter ajudado a formar a personalidade política do actual primeiro-ministro.
Digo eu …

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