Balada para D.Quixote

Um olhar de viajante na última carruagem do último combóio de uma Memória intemporal.

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Localização: Covilhã, Portugal

A generalidade daquilo que você (e eu) julgamos saber, pode estar errado, porque, em regra, assenta em «informação» com falta de rigor e imparcialidade, vinda de quem interessa formatar a nossa mente. Pense você mesmo! Eu faço-o!

4.10.06

Desculpem lá o Cabral ...(III)

Nada disto faz do Brasil tributário de Portugal. O que o Brasil tem hoje de notável e pujante não tem nada que ver com a herança lusa e só um lusitano imbecil se lembraria de reclamar créditos fundados em títulos caducados há 200 anos. Por isso e por idêntica ordem de razões, a inversa também é verdadeira.

O que me custa a entender, nestas atitudes de voluntária bastardia, é a falta de sentido útil e de inteligência que lhes está subjacente. Quando Rafael Greca, nomeado responsável pelas comemorações dos 500 anos do lado do Brasil, se lembrou de dizer, logo à partida , que os países das Américas não tinham nada a aprender com a Europa ou com o seu passado fundador, dá vontade de lhe perguntar quem foi o pai e o avô e o bisavô dele, ou seja, quando é que ele nasceu brasileiro por geração espontânea.

A viagem de Cabral uniu dois continentes e duas civilizações que se desconheciam e fez dele o primeiro europeu a pisar o Brasil e o precursor de milhões de outros. Este facto, por si só, é tão importante para a História da Humanidade como a descoberta da América, da rota da Índia, a descoberta da Austrália ou a conquista do Pólo Norte ou a chegada à Lua. Pesa assim sobre o Brasil o absurdo de ver o mundo inteiro admirar o feito de Cabral, menos o Brasil - o destino e o destinatário da viagem.

Mas não vejo porque é que nós, por razões diplomaticamente correctas, haveremos de ficar envergonhadamente calados, a mendigar junto de quem acha que não fomos mais do que uns facínoras - como já sucedeu com a Índia, nas comemorações da viagem do Gama. Se o Brasil entende que Portugal é a mancha na sua História, paciência. É como se nós nos lembrássemos de repudiar a nossa herança romana ou árabe: o ridículo seria só nosso.

Desculpem lá o Cabral, pá. Até dizem que ele não o fez de propósito...


Sinopse sobre texto de Miguel Sousa Tavares

2 Comentários:

Anonymous Anónimo disse...

mal empregado o tempo que perdes a escrever... farias bem melhor se lêsses, mas o português médio é assim. paciência!...

2/10/06 14:17  
Anonymous Anónimo disse...

AS PALAVRAS*
..............

As palavras

São como um cristal,

as palavras.

Algumas, um punhal,

um incêndio.

Outras,

orvalho apenas.

Secretas vêm, cheias de memória.

Inseguras navegam:

barcos ou beijos,

as águas estremecem.

Desamparadas, inocentes,

leves.

Tecidas são de luz

e são a noite.

E mesmo pálidas

verdes paraísos lembram ainda.

Quem as escuta? Quem

as recolhe, assim,

cruéis, desfeitas,

nas suas conchas puras?

(Eugénio Andrade)

3/10/06 06:19  

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