Balada para D.Quixote

Um olhar de viajante na última carruagem do último combóio de uma Memória intemporal.

A minha foto
Nome:
Localização: Covilhã, Portugal

A generalidade daquilo que você (e eu) julgamos saber, pode estar errado, porque, em regra, assenta em «informação» com falta de rigor e imparcialidade, vinda de quem interessa formatar a nossa mente. Pense você mesmo! Eu faço-o!

30.9.06

Rádio que houve - Rádio que se ouve (1)


Venho de longe, de muito longe, como na bonita canção do José Mário Branco. Venho dos tempos da Emissora Nacional de que era então “estimado ouvinte”. Nesses recuados tempos, a rádio trazia-me a voz de Pedro Moutinho, Maria Leonor, Artur Agostinho, etc. A sua categoria salarial era a de “locutores”. Aposto que nem deviam ganhar bem, embora, fossem enormes talentos para a “animação” de todo o ambiente que envolvia a rádio: reportagem, espectáculos, voz amiga de cabine, etc.

Na altura, - irra, que tempos mais atrasados… – ainda não se tinha inventado a designação de “animadores de rádio”. Pior, as pessoas que se propunham preencher vagas para locutores da rádio, imaginem … tinham que prestar provas de falar impecavelmente português, articular correctamente as palavras e (para cúmulo!), a intolerável e discriminatória exigência de o candidato ter uma voz bonita, radiofónica. Vivia-se em plena Idade Media da rádio.

Mas num dia de Abril isso acabou de vez. Casa limpa já! Tudo para a rua! Locutores, compositores, músicos, interpretes. Xô!

Desses tempos emotivos, não ficou crónica que permita saber concretamente, se também foram janela fora ou directas ao contentor do lixo, as partituras da música reaccionária que, apesar de o ser e nada acrescentar à luta dos povos oprimidos, acabara inexplicavelmente nas Brodway’s desse mundo, contaminando-o com melodias burguesas como “Abril em Portugal”, “Lisboa à Noite”, “Uma Casa Portuguesa” etc.

Aguardando à porta, que toda esta gente saísse da rádio mais as suas tralhas pessoais, alinhava-se para entrar gente nova, progressista, desalienada – baladeiros, cantores de intervenção, intelectuais, animadores culturais e infantis que mostravam às criancinhas a excelência dos desenhos animados feitos na Bulgária etc.. - Todos barbudos e com uma estrela algures no vestuário.

continua ...

1 Comentários:

Anonymous Anónimo disse...

Adorei esse seu texto. Ficou interessante com uma imagem correspondente. Gostei imenso ( jeitinho encantador de se expressar e que ouço dos amigos portugueses!

1/10/06 04:22  

Enviar um comentário

Subscrever Enviar feedback [Atom]

<< Página inicial