Desculpem lá o Cabral ...(III)
Nada disto faz do Brasil tributário de Portugal. O que o Brasil tem hoje de notável e pujante não tem nada que ver com a herança lusa e só um lusitano imbecil se lembraria de reclamar créditos fundados em títulos caducados há 200 anos. Por isso e por idêntica ordem de razões, a inversa também é verdadeira.
O que me custa a entender, nestas atitudes de voluntária bastardia, é a falta de sentido útil e de inteligência que lhes está subjacente. Quando Rafael Greca, nomeado responsável pelas comemorações dos 500 anos do lado do Brasil, se lembrou de dizer, logo à partida , que os países das Américas não tinham nada a aprender com a Europa ou com o seu passado fundador, dá vontade de lhe perguntar quem foi o pai e o avô e o bisavô dele, ou seja, quando é que ele nasceu brasileiro por geração espontânea.
A viagem de Cabral uniu dois continentes e duas civilizações que se desconheciam e fez dele o primeiro europeu a pisar o Brasil e o precursor de milhões de outros. Este facto, por si só, é tão importante para a História da Humanidade como a descoberta da América, da rota da Índia, a descoberta da Austrália ou a conquista do Pólo Norte ou a chegada à Lua. Pesa assim sobre o Brasil o absurdo de ver o mundo inteiro admirar o feito de Cabral, menos o Brasil - o destino e o destinatário da viagem.
Mas não vejo porque é que nós, por razões diplomaticamente correctas, haveremos de ficar envergonhadamente calados, a mendigar junto de quem acha que não fomos mais do que uns facínoras - como já sucedeu com a Índia, nas comemorações da viagem do Gama. Se o Brasil entende que Portugal é a mancha na sua História, paciência. É como se nós nos lembrássemos de repudiar a nossa herança romana ou árabe: o ridículo seria só nosso.
Desculpem lá o Cabral, pá. Até dizem que ele não o fez de propósito...
Sinopse sobre texto de Miguel Sousa Tavares
O que me custa a entender, nestas atitudes de voluntária bastardia, é a falta de sentido útil e de inteligência que lhes está subjacente. Quando Rafael Greca, nomeado responsável pelas comemorações dos 500 anos do lado do Brasil, se lembrou de dizer, logo à partida , que os países das Américas não tinham nada a aprender com a Europa ou com o seu passado fundador, dá vontade de lhe perguntar quem foi o pai e o avô e o bisavô dele, ou seja, quando é que ele nasceu brasileiro por geração espontânea.
A viagem de Cabral uniu dois continentes e duas civilizações que se desconheciam e fez dele o primeiro europeu a pisar o Brasil e o precursor de milhões de outros. Este facto, por si só, é tão importante para a História da Humanidade como a descoberta da América, da rota da Índia, a descoberta da Austrália ou a conquista do Pólo Norte ou a chegada à Lua. Pesa assim sobre o Brasil o absurdo de ver o mundo inteiro admirar o feito de Cabral, menos o Brasil - o destino e o destinatário da viagem.
Mas não vejo porque é que nós, por razões diplomaticamente correctas, haveremos de ficar envergonhadamente calados, a mendigar junto de quem acha que não fomos mais do que uns facínoras - como já sucedeu com a Índia, nas comemorações da viagem do Gama. Se o Brasil entende que Portugal é a mancha na sua História, paciência. É como se nós nos lembrássemos de repudiar a nossa herança romana ou árabe: o ridículo seria só nosso.
Desculpem lá o Cabral, pá. Até dizem que ele não o fez de propósito...
Sinopse sobre texto de Miguel Sousa Tavares
2 Comentários:
mal empregado o tempo que perdes a escrever... farias bem melhor se lêsses, mas o português médio é assim. paciência!...
AS PALAVRAS*
..............
As palavras
São como um cristal,
as palavras.
Algumas, um punhal,
um incêndio.
Outras,
orvalho apenas.
Secretas vêm, cheias de memória.
Inseguras navegam:
barcos ou beijos,
as águas estremecem.
Desamparadas, inocentes,
leves.
Tecidas são de luz
e são a noite.
E mesmo pálidas
verdes paraísos lembram ainda.
Quem as escuta? Quem
as recolhe, assim,
cruéis, desfeitas,
nas suas conchas puras?
(Eugénio Andrade)
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