Desculpem lá o Cabral ...
Não consigo acreditar é que haja um só ser inteligente no Brasil que reduza o significado do acto científico, histórico e cultural da descoberta do Brasil à matança de índios ou ao saque do ouro de Minas. Falando claro: morreram mais índios na Amazónia, por acção dos brasileiros, nos últimos 30 anos do que morreram nos 300 anos de colonização portuguesa; e sai mais ouro da Amazónia, numa semana, do que tudo o que Portugal de lá tirou durante três séculos.
Já vi este tipo de argumentação, sobre o extermínio dos índios pelos colonizadores portugueses e espanhóis, usado várias vezes e sobretudo por historiadores anglo-saxónicos. Mas, curiosamente, onde Portugal e Castela estiveram, sobravam e sobram nativos e por onde passaram os outros, não sobra nada. A verdade é que há sempre dois lados para ver a mesma história: o Portugal que matou índios brasileiros também foi o Portugal que lá teve um padre Vieira ou o Portugal que aqui tinha um primeiro-ministro, chamado Pombal, que publicou decretos concedendo terras, dinheiro e alfaias aos colonos portugueses que se casassem com índias (com os sacramentos da Santa Madre Igreja e tudo) e se fixassem no território - com isso fixando as fronteiras que o Brasil independente herdaria e de que goza até hoje.
Decerto que cometemos muitos e vastos crimes de colonização, dos quais o pior de todos foi a escravatura de negros levados de África para o Brasil. Mas não há nada de mais falacioso do que julgar a História pelos padrões éticos contemporâneos. Se o critério fosse aplicável universalmente, nada mais restaria da História da Humanidade do que um imenso e incompreensível relato de barbaridades.
Os negros que levámos como escravos para o Brasil são hoje uma parte substancial dos brasileiros. Podemos ficar eternamente a lembrar e a pedir perdão por esse crime, também ele fundador do Brasil. Mas talvez que para os actuais brasileiros descendentes dos escravos da costa ocidental de África fosse mais útil a interrogação sobre os motivos por que, fora do futebol e do samba, quase não existem hoje negros em posição de destaque na vida brasileira.
Sinopse sobre texto de Miguel Sousa Tavares
Já vi este tipo de argumentação, sobre o extermínio dos índios pelos colonizadores portugueses e espanhóis, usado várias vezes e sobretudo por historiadores anglo-saxónicos. Mas, curiosamente, onde Portugal e Castela estiveram, sobravam e sobram nativos e por onde passaram os outros, não sobra nada. A verdade é que há sempre dois lados para ver a mesma história: o Portugal que matou índios brasileiros também foi o Portugal que lá teve um padre Vieira ou o Portugal que aqui tinha um primeiro-ministro, chamado Pombal, que publicou decretos concedendo terras, dinheiro e alfaias aos colonos portugueses que se casassem com índias (com os sacramentos da Santa Madre Igreja e tudo) e se fixassem no território - com isso fixando as fronteiras que o Brasil independente herdaria e de que goza até hoje.
Decerto que cometemos muitos e vastos crimes de colonização, dos quais o pior de todos foi a escravatura de negros levados de África para o Brasil. Mas não há nada de mais falacioso do que julgar a História pelos padrões éticos contemporâneos. Se o critério fosse aplicável universalmente, nada mais restaria da História da Humanidade do que um imenso e incompreensível relato de barbaridades.
Os negros que levámos como escravos para o Brasil são hoje uma parte substancial dos brasileiros. Podemos ficar eternamente a lembrar e a pedir perdão por esse crime, também ele fundador do Brasil. Mas talvez que para os actuais brasileiros descendentes dos escravos da costa ocidental de África fosse mais útil a interrogação sobre os motivos por que, fora do futebol e do samba, quase não existem hoje negros em posição de destaque na vida brasileira.
Sinopse sobre texto de Miguel Sousa Tavares
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