Balada para D.Quixote

Um olhar de viajante na última carruagem do último combóio de uma Memória intemporal.

A minha foto
Nome:
Localização: Covilhã, Portugal

A generalidade daquilo que você (e eu) julgamos saber, pode estar errado, porque, em regra, assenta em «informação» com falta de rigor e imparcialidade, vinda de quem interessa formatar a nossa mente. Pense você mesmo! Eu faço-o!

3.11.09

O Sexo e Esta Cidade


Por aqui, durante a década dos anos 50, verificaram-se alguns escassos vislumbres do que viria a ser a revolução sexual do pós-guerra nas décadas seguintes. Entre nós, essas coisas, sejam costumes, cultura ou ciência, vem normalmente tarde e de fora para dentro. Como dizia Eça de Queirós: importamos tudo a começar pelas ideias.

Havia e continuou a haver uma moral sexual pública, oficiosa e supostamente conforme com os bons costumes, muito formatada pelas doutrinas da Igreja Católica, que sempre entendeu que sexo e demónio eram sinónimos ou andavam por perto. Paralelamente coexistia uma outra moral privada, mais livre de dogmas, em que cada um fazia aquilo que em consciência achava melhor, e a própria sociedade enquanto tal, tolerava, desde que se mantivesse um mínimo de decência e recato.

Para o exterior, vinham somente os médios ou grandes desvios às normas morais instituídas, quando caíam no domínio público e se constituíam então em escândalos à escala local, quando protagonizados por figuras conhecidas, ou ainda pequenas histórias picarescas, apimentadas com algum sexo, que o “contaram-me” e o “ouvi dizer” ia propagando pela cidade.
Na altura ficou famosa e correu gerações, uma cantiga contendo uns versos brejeiros que envolviam sexualmente um comerciante, o Francisquinho da Padaria com uma outra pessoa. Os que ainda recordam a cantiga e os versos, sabem a quem me refiro ...

Outra história picaresca teria ocorrido aqui nesses anos 50; quem conheceu a senhora em questão diz que ela negava a veracidade da história. Seja como for, a que circulou era assim: a senhora, à época, trabalhava na fábrica do industrial José Vicentino – um ex-operário que conseguira ascender ao empresariado têxtil - de quem seria também amante, ... com a “tolerância” do marido, porque, enfim, a vida estava má e dali sempre entrava “algum” para a casa.


Num certo dia o nosso Zé Vicentino, parou o carro lá à porta a uma hora inusitada. Enquanto subia a escada, a senhora teria dito ao marido: - “Esconde-te que vem aí o senhor Zé!”; o referido não precisou que lhe repetissem a ordem e, como a casa era pequena e não havia outro sítio para se esconder (nas comédias de costumes costuma haver um roupeiro que salva a situação, mas neste caso não havia), meteu-se rapidamente debaixo da cama do casal.

O patrão Zé entra para o quarto e começa logo por dizer à operária, que estava com bastante pressa porque ia dali directamente para Lisboa. – “Passei só para perguntar se precisas que traga alguma coisa para ti?” - Ela responde que não. – “E o teu homem precisará de alguma coisa?" – Ela, hesita, pensa um pouco e diz: - “Só se fossem uns sapatos senhor Zé!...”. O outro pergunta: - “Que número é que ele calça?”. – “É.... (pensa um pouco), 39!”. O marido, debaixo da cama já se está a ver com uns sapatos apertados e não se contém: do seu esconderijo diz: - “Ó minha burra! Não é 39, é 40 !” ....

Etiquetas: , , ,