Balada para D.Quixote

Um olhar de viajante na última carruagem do último combóio de uma Memória intemporal.

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Localização: Covilhã, Portugal

A generalidade daquilo que você (e eu) julgamos saber, pode estar errado, porque, em regra, assenta em «informação» com falta de rigor e imparcialidade, vinda de quem interessa formatar a nossa mente. Pense você mesmo! Eu faço-o!

2.11.06

Opus Dei - Em nome de Deus e do Dinheiro (2)

…continuado
Após a falência fraudulenta do Banco Ambrosiano, um dos seus directores apareceu em Londres, enforcado sob uma ponte do Tamisa; o outro, um mafioso siciliano condenado a uma pesada pena de prisão por ter mandado assassinar um comissário governamental, morreu dois dias depois de entrar na prisão, envenenado com cianeto. O presidente do IOR, o cardeal Marcinkus, também ele implicado no escândalo financeiro, refugiou-se da justiça italiana no Vaticano (acompanhado dos seus colaboradores), onde Karol Wojtyla se comprometeu a não permitir a sua extradição.

É em meio a esta difícil situação financeira, e sob a pressão de uma opinião pública chocada com as ramificações do caso (cosa nostra, loja maçónica P2...), que a Opus Dei foi chamada. Com a ajuda do OD, o Vaticano conseguiu pagar aos credores do Ambrosiano.
Porém, o OD não demorou a recolher os seus ganhos. Efectivamente, poucos meses depois João Paulo II elevou a Opus Dei a “prelatura” pessoal (a primeira, e, até ao momento, a única), e não se passaram muitos anos sem que o próprio José Maria Escrivá Balaguer tenha sido beatificado, naquele que foi o processo de beatificação mais rápido do século.

A Opus Dei começa a actuar em Portugal em 1946 e 1957 no Brasil. São reconhecidos diversos membros desta organização no topo da hierarquia política e financeira portuguesa: ex-Presidentes da República (Ramalho Eanes), Presidentes do Parlamento (Mota Amaral e Narana Coissoró), de Regiões Autónomas (Rocha Vieira), políticos de vários quadrantes (António Guterres, Maria Barroso, Maria José Nogueira Pinto, Rui Machete, Arlindo Cunha), bispos (de Braga e do Funchal), dirigentes financeiros (Paulo Teixeira Pinto e o antecessor na direcção do Banco Comercial Português, Jardim Gonçalves) etc.

Em Espanha, e apesar de o Rei Juan Carlos ter tido um preceptor da Opus Dei, esta tem conhecido alguns fracassos. Na memória recente está ainda o caso Rumasa, a maior «holding» espanhola, controlando 700 empresas, 20 bancos e correspondendo a cerca de 1.8% do PIB espanhol. Em 1983, Felipe Gonzalez decidiu que o Estado espanhol deveria expropriá-la. Descobriu-se então que a Rumasa estava falida e que o seu proprietário, Ruiz Mateos, desviara cerca de 4 mil milhões de contos. Porém, nunca foi referida na comunicação social da época a filiação de Mateos na OD, e o facto de o dinheiro transferido o ter sido a favor da Igreja espanhola e da Opus Dei. Esta decidira apenas sacrificar um dos seus peões para que o prestígio não ficasse afectado.

A Opus Dei sofreu mais recentemente (1997) uma humilhação pública ao ser considerada pelo Parlamento belga uma organização sectária, a par da Igreja de Cientologia, das Testemunhas de Jeová, e da Igreja Universal do Reino de Deus.

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