Balada para D.Quixote

Um olhar de viajante na última carruagem do último combóio de uma Memória intemporal.

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A generalidade daquilo que você (e eu) julgamos saber, pode estar errado, porque, em regra, assenta em «informação» com falta de rigor e imparcialidade, vinda de quem interessa formatar a nossa mente. Pense você mesmo! Eu faço-o!

24.11.06

Escravatura: Portugueses? Cadé os outros?

... continuado

Essa resistência em Portugal e no Brasil aos esforços abolicionistas contribuiu para criar uma lenda negra em torno do papel dos portugueses no tráfico de escravos, realçada no filme Amistad de Steven Spielberg, onde os negreiros sem escrúpulos são retratados como portugueses (apesar de, por erro de casting, falarem castelhano).


É certo que, desde o século XV, os navios portugueses (e mais tarde brasileiros) fizeram mais de 30 mil viagens de tráfico, transportando um total de 4,6 milhões de escravos (os dados são de Hugh Thomas, no seu livro The Slave Trade, de 1997), mas os britânicos que começaram quase dois séculos depois, terminaram algumas décadas antes, e mesmo assim, conseguiram arrancar a África cerca de três milhões de almas.


No tráfico negreiro atlântico envolveu-se, ao longo dos séculos, gente de quase todos os países europeus - incluindo a Suécia, a Dinamarca e a Prússia -, que, no total, arrancou a África mais de 11 milhões de almas, na maioria levadas para as plantações de cana-de-açúcar, tabaco, café e algodão do Novo Mundo ou trazidas para trabalhos domésticos na Europa.


Mas se a escravatura na Europa não começou com os Descobrimentos portugueses, pois vinha já dos tempos da democracia ateniense (e abrangendo gente de todas as raças), também a abolição nos países cristãos não pôs fim ao flagelo da captura de cativos africanos. O mundo árabe continuou a importar escravos até bem dentro do século XX, com a Arábia Saudita a abolir a instituição só em 1963 e a Mauritânia apenas no início da década de 80. E ainda hoje, no Sudão, há ONG que se dedicam a resgatar mulheres e crianças escravizadas.


Se em meados do século XVI um décimo da população de Lisboa era composta por escravos, a verdade é que nem todos eram negros. O avanço dos navegadores portugueses ao longo da costa ocidental africana fornecia cada vez mais novas remessas de negros, mas as famílias mais abastadas do reino possuíam também cativos guanches (das Canárias), árabes e até índios do Brasil.


Pouco a pouco começou, porém, por ser dada preferência aos negros, pois os guanches escasseavam, os árabes capturados em razias no Norte de África eram considerados demasiado rebeldes e os índios rendiam pouco.
Sinopse. Diário de Notícias

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