A Importância de Morrer Fardado
Dezenas de emigrantes portugueses morrem anonimamente no estrangeiro em acidentes de trabalho. Fica-lhes o luto e a memória da família e dos amigos. O Estado Português não manda um "Falcon" da Força Aérea transportar para o país os seus restos mortais. Não os recebe com pompa, circunstância e discursos idiotas...
É a família e os amigos, que pagam a uma qualquer empresa funerária, o transporte dos seus corpos para a sua terra natal. Motivo: eram profissionais, mas trabalhavam sem, a “dignidade” de uma farda.
Um outro trabalhador no estrangeiro – desta vez um soldado pára-quedista em serviço profissional no Afeganistão – morre de acidente de trabalho. Morre fardado e isso faz toda a diferença. De morto por acidente de trabalho – inerente à sua profissão de soldado – passa automaticamente a herói nacional. Como heróis e funerárias não ligam bem, o Estado providencia tudo: transporte, cerimonial, etc.
E o equivalente aos capatazes dos trabalhadores anónimos, generais e chefes militares disto e daquilo, mais uns quantos ministros de circunstância empinocam-se com as seus trajes de cerimónia, para proverem discursos emocionantes, frente às câmaras de TV.
Quem sabe, se à mesma hora, numa aldeia de Trás-os-Montes, vai a enterrar um “trolha” que caiu de um andaime, algures num cantão Suíço. A terra vai receber os corpos de dois trabalhadores portugueses, ambos profissionais, mas com todo um fosso de desigualdades de tratamento quanto a honrarias póstumas: só porque um morreu fardado, o outro não.
Se, a morte de alguém não fosse sempre trágica, alguns pormenores do cerimonial fúnebre até teriam direito àquele sorriso amarelo que sempre guardamos para os disparates pomposos:
“O soldado morreu de pé” - proclama emocionado o major-general Carlos Alberto Jerónimo, comandante da Brigada de Reacção Rápida, morreu de pé, em serviço no Afeganistão, onde ajudou a difundir os valores da liberdade e da democracia” (Correio da Manhã)
É a família e os amigos, que pagam a uma qualquer empresa funerária, o transporte dos seus corpos para a sua terra natal. Motivo: eram profissionais, mas trabalhavam sem, a “dignidade” de uma farda.
Um outro trabalhador no estrangeiro – desta vez um soldado pára-quedista em serviço profissional no Afeganistão – morre de acidente de trabalho. Morre fardado e isso faz toda a diferença. De morto por acidente de trabalho – inerente à sua profissão de soldado – passa automaticamente a herói nacional. Como heróis e funerárias não ligam bem, o Estado providencia tudo: transporte, cerimonial, etc.
E o equivalente aos capatazes dos trabalhadores anónimos, generais e chefes militares disto e daquilo, mais uns quantos ministros de circunstância empinocam-se com as seus trajes de cerimónia, para proverem discursos emocionantes, frente às câmaras de TV.
Quem sabe, se à mesma hora, numa aldeia de Trás-os-Montes, vai a enterrar um “trolha” que caiu de um andaime, algures num cantão Suíço. A terra vai receber os corpos de dois trabalhadores portugueses, ambos profissionais, mas com todo um fosso de desigualdades de tratamento quanto a honrarias póstumas: só porque um morreu fardado, o outro não.
Se, a morte de alguém não fosse sempre trágica, alguns pormenores do cerimonial fúnebre até teriam direito àquele sorriso amarelo que sempre guardamos para os disparates pomposos:
“O soldado morreu de pé” - proclama emocionado o major-general Carlos Alberto Jerónimo, comandante da Brigada de Reacção Rápida, morreu de pé, em serviço no Afeganistão, onde ajudou a difundir os valores da liberdade e da democracia” (Correio da Manhã)
O militar ia sentado na "torre" da viatura Humvee (Diário de Notícias)
Paz às suas almas. Mas no Além, é improvável que haja um lugar especial só para militares.
Paz às suas almas. Mas no Além, é improvável que haja um lugar especial só para militares.
Etiquetas: acidentes de trabalho, emigrantes, fardas, soldados
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