Balada para D.Quixote

Um olhar de viajante na última carruagem do último combóio de uma Memória intemporal.

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A generalidade daquilo que você (e eu) julgamos saber, pode estar errado, porque, em regra, assenta em «informação» com falta de rigor e imparcialidade, vinda de quem interessa formatar a nossa mente. Pense você mesmo! Eu faço-o!

25.11.07

Verdades, Heresias e Transístores


Uma vida complexa: o Prémio Nobel da Física em 1956 pela sua participação na invenção do transistor fê-lo subir às estrelas. A disgenia, uma teoria sobre a inteligência humana, a que o conduziram estudos posteriores - porque politicamente incorrecta na época e ainda mais hoje - atraíu sobre si ódios e incompreensões. Teve mais sorte que Galileu porque, em vida, não teve que retratar-se de uma teoria que é socialmente incoveniente. Pode mantê-la até ao fim.

William Shockley (1910-1989) teve uma vida complicada. Foi admirado, exaltado no mundo da ciência. Atribuído o Prémio Nobel da física em 1956 pela sua participação na invenção de uma pequena coisa, chamada “transístor” que, como poucos outras revolucionaria, não apenas toda a tecnologia da electrónica, como o historial do próprio Prémio, que pela primeira vez era atribuído a um invento realmente útil.

Quando hoje referimos tecnologia digital, computadores, satélites de comunicações, telefones celulares, robótica ou até a razão da existência de empresas como a Intel, falamos de equipamentos que comportam milhares e milhares de transístores, justamente o pequeno componente de electrónica que em 1948, resultou do trabalho de uma equipa da Texas Instruments chefiada por Shockley.

Mas, passada a fase do sucesso, Shockley começou a cair em desgraça. Resolveu fazer, a partir de 1963, na Universidade de Stanford, investigações na área da inteligência humana. Publicou o resultado dos seus estudos e pesquisas, ignorando o velho aforismo popular que recomenda preparamo-nos para fugir, antes de dizer certas verdades que, não obstante o serem, são socialmente inconvenientes ou, como mais tarde se diria, “politicamente incorrectas”.
E uma parte do mundo – justamente aquela que se sentiu afectada pelas suas descobertas e os seus fieis “compagnons de route” - caiu-lhe em cima.

Shockley criou uma teoria a que chamou "disgenia". Usando dados não tratados do Quociente de Inteligência (QI) do exército americano, concluiu que os afro-americanos eram intrinsecamente menos inteligentes do que os caucasianos – estudo divulgado na revista Time.

A disgenia seria um mecanismo de degeneração da espécie, porquanto as pessoas geneticamente inferiores costumam ter mais capacidade de se reproduzir. Dessa forma, a população de seres de baixa qualidade tenderia a aumentar. Publicou trabalhos onde afirmava que os negros tinham QI 15 pontos abaixo dos brancos, em média.

Sugeriu que o governo pagasse a cada pessoa com QI abaixo de 100 que acedesse em ser esterilizada.
Shockley foi o primeiro doador de um banco de esperma fundado em 1980 por R. Graham e Hermann Müller, que também ganhou o prémio Nobel de medicina em 1946. A ideia desse banco seria recolher o esperma de pessoas com QI maior que 140 e usá-lo para melhorar a raça humana. Morreu ainda crente que estava com a razão. As suas ideias foram usadas no famoso livro "The Bell Curve", alguns anos mais tarde.

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