Balada para D.Quixote

Um olhar de viajante na última carruagem do último combóio de uma Memória intemporal.

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A generalidade daquilo que você (e eu) julgamos saber, pode estar errado, porque, em regra, assenta em «informação» com falta de rigor e imparcialidade, vinda de quem interessa formatar a nossa mente. Pense você mesmo! Eu faço-o!

26.11.07

África: A Segunda Descolonização



As descolonizações, tem sido consideradas como um progresso indiscutível da África, rumo ao progresso e ao bem estar dos autóctones. Terá sido assim?

Aos portos da União Europeia continuam a chegar, em ritmo sempre crescente, e nas mais deploráveis condições de segurança, imigrantes africanos que conseguem sobreviver às terríveis condições da viagem por mar em frágeis e sobrelotadas embarcações. Chegam exaustos, famintos, desesperados.

Espera-os o internamento temporário em centros de acolhimento para imigrantes e, por fim, o regresso forçado aos seus países de origem. A União Europeia, a braços com crises internas profundas a nível do emprego, não tem lugar para eles. Muitos sabem previamente que essa é uma possibilidade fortíssima de acontecer, mas mesmo assim tentam, arriscam as vidas na esperança de conseguir um lugar nessa Terra Prometida que, para eles seria a Europa, se comparada com os lugares de fome e horror de onde fogem, tentando sobreviver. Designamo-los por imigrantes ilegais, mas realmente são refugiados. Refugiados de quê? De quem? De que políticas?.

O sistema capitalista tem as costas largas e não pode “grosso modo” ser bode expiatório para todas as desgraças e migrações de esfomeados. Em termos de História e de pura geo-economia onde encontrar os culpados?
Faça-se um exercício mental extremamente simples: Quantos destes potenciais imigrantes, sentiria a urgente vital e imperativa necessidade de abandonar a sua terra, quando os seus países ainda eram colónias?...

As descolonizações, tem sido consideradas acriticamente como um progresso indiscutível da África, rumo ao progresso e ao bem estar dos autóctones. Terá sido assim?
Que responsabilidade terão - após, os ventos ideológicos que sopraram a partir da Conferência de Bandung de 1955 (a génese das descolonizações em África), - as supostas “elites africanas” a quem competia trazer paz e progresso aos povos?

Essas "elites" na generalidade, continuam hoje a viajar para a Europa e o Mundo, só que nenhum deles o faz, nas condições miseráveis dos “descolonizados” desses países. Fazem-no, viajando no luxo e conforto dos seus aviões privativos, rumo a hotéis de luxo.

Resultaram as descolonizações (algumas sangrentas) dos anos 60?

A África Negra viveu séculos sob colonialismos. Muitos deles – não é o caso do português – autênticos colonialismos rapinantes, que sacaram do Continente tudo o que foram podendo. Pouco ou nada deixaram ali, porque jamais pensaram em permanecer, ao contrário dos portugueses que, recorde-se, chegaram a admitir seriamente transferir a capital do império colonial para uma cidade de África.

Mas, mesmo nesses colonialismos de raiz exclusivamente económica, a vida das populações africanas era incomparavelmente melhor do que a dos tempos que vieram a seguir, quando os sistemas coloniais foram substituídos por cleptocracias negras, que exploram em proveito próprio, as riquezas dessa África que um dia, ingenuamente, festejou nas ruas a “independência” dos seus países, e que agora morre de inanição ou naufrágio durante as suas viagens desesperadas rumo à Europa.

Para a África Negra é necessária uma nova descolonização. A primeira expulsou o colonialismo; é necessária uma outra para expulsar os ladrões, a corrupção endémica e os senhores da guerra, que se aproveitaram do vazio criado com a saída do sistema colonial. Enquanto tal não acontecer, África continuará a ser uma terra colonizável pelos interesses internacionais, ainda que de forma camuflada ou, pseudo democrática, o que conduz exactamente ao mesmo.

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