Esquerda-Direita. Realidades actuais
Perante a globalização dos mercados, as pressões sobre o Estado-Providência, a nova revolução tecnológica, o que pode ainda distinguir a esquerda da direita? Se um lider trabalhista inglês trocasse o seu programa eleitoral com o de um conservador alguém daria por isso? Um pouco por toda a parte, nos países da União Europeia, interrogações como estas fazem os grandes títulos dos jornais e alimentam discussões intensas e apaixonadas. E, no entanto, há muito que a "família socialista" europeia "meteu o socialismo na gaveta", se rendeu às virtualidades do capitalismo, aprendeu a venerar o mercado e a iniciativa individual, fez da democracia a sua principal bandeira política e da justiça social apenas uma vaga cruzada moral.
A esquerda europeia está hoje encurralada entre a impossível defesa do Estado de Bem-Estar que ela própria construiu nos anos do pós-guerra, e a tremenda pressão sobre a segurança social criada pelo fim do crescimento económico sustentado e do pleno emprego, pelo envelhecimento acelerado da população, pela globalização dos mercados e a consequente pressão sobre os elevados custos da mão-de-obra, por uma revolução tecnológica apenas comparável à revolução industrial que a fez nascer há dois séculos e que alterou radicalmente os termos do trabalho. Ao aceitar, primeiro, o Mercado Único e, depois, a União Económica e Monetária, a esquerda europeia rendeu-se há muito à ortodoxia monetarista e ao liberalismo económico.
Poderia, então, a esquerda governar de outro modo?: Aparentemente, não pode. Mas se, daqui a 20 anos, as sociedades liberais do Ocidente não tiverem encontrado respostas alternativas para a sua própria desagregação, entre os que têm tudo e os que não têm nada, os que trabalham cada vez mais e os que não têm a oportunidade de encontrar um emprego, entre os que obtêm uma elevada formação profissional e os que são atirados para a margem pelo insucesso escolar, então será a própria democracia a estar em causa.
Sinopse. Fonte: Teresa de Sousa
1 Comentários:
Porque têm os automóveis uma silhueta externa tão idêntica que, quando os vemos desmaquilhados e enferrujados no parque de um sucateiro, mal distinguimos qual era a seu marca original? Resposta: porque as leis da física e da aerodinâmica assim o ditam.
Com os partidos políticos, passa-se algo semelhante que os torna cada vez mais indistinguíveis. Neste caso aquilo que o outro expressou tão liminarmente com o dito - "é a Economia, estúpido!"
Suzana M.
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