Balada para D.Quixote

Um olhar de viajante na última carruagem do último combóio de uma Memória intemporal.

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Localização: Covilhã, Portugal

A generalidade daquilo que você (e eu) julgamos saber, pode estar errado, porque, em regra, assenta em «informação» com falta de rigor e imparcialidade, vinda de quem interessa formatar a nossa mente. Pense você mesmo! Eu faço-o!

29.8.06

Subsídios para O Livro Negro da Descolonização

Nas primeiras duas semanas de Agosto, mais de 3 mil imigrantes africanos chegaram às Ilhas Canárias, de barco. Este número é 10 vezes superior ao registado no mesmo período no ano passado.

Aqui, tal como noutros portos de acesso à União Europeia assistimos, à chegada de africanos - sub-saarianos em especial -, que, exaustos, famintos e desesperados, conseguem sobreviver às condições terríveis das viagens por mar em frágeis embarcações. Muitos, nem isso conseguem, porque entretanto o mar cobra o seu tributo em vidas humanas. Outros, em fronteiras terrestres, tentam ultrapassar de qualquer maneira as cercas electrificadas e altamente vigiadas, que ali estão colocadas para lhes barrar o acesso ao seu idílico destino.

Em regra, aquilo que aguarda o seu sonho de atingir terras onde impere a segurança e o bem estar, ainda que mínimo, é o internamento temporário em centros de acolhimento para imigrantes e, por fim, o regresso forçado aos seus países de origem. Designamo-los como imigrantes ilegais; mais propriamente os rotularíamos de refugiados económicos, que é o que na realidade são.

Dispensáveis para a União Europeia, onde já não há lugar para mais imigração, e encorajados, quando não ameaçados, nos seus países para o abandonarem, estas pessoas são verdadeiramente vítimas indefesas. De quê? De quem? De que políticas globais?

O sistema capitalista tem as costas largas e não pode “grosso modo” ser bode expiatório para todas as desgraças e migrações de esfomeados. Em termos de História e de pura geo-economia onde encontrar os culpados?

Faça-se um exercício mental extremamente simples: Quantos destes potenciais imigrantes, sentiria a urgente vital e imperativa necessidade de abandonar a sua terra, no momento em que os seus países ainda eram colónias?...

As descolonizações, tem sido consideradas acriticamente como um progresso indiscutível da humanidade. Terá sido assim? Que responsabilidade terão, mais de 50 anos após, os ventos ideológicos que sopraram a partir da Conferência de Bandung de 1955 (a génese das descolonizações em África), perante os desgraçados que actualmente aportam às Ilhas Canárias?

Urge que alguém escreva um Livro Negro sobre as descolonizações africanas.

1 Comentários:

Anonymous Anónimo disse...

Olá. Onde consigo eu encontrar o Livro Negro da Descolonização, de Luiz Aguiar?

26/2/13 00:03  

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